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Bauru Basket

O retorno vencedor de Lucas Vezaro, ex-Bauru, ao basquete

A foto acima tem muito significado. Nela, o armador Lucas Vezaro recebe a premiação de atleta destaque do Campeonato Catarinense de basquete de 2016. Nenhum estranhamento, considerando seu inegável talento, com passagem pela base da Seleção Brasileira, e tendo sido o cestinha (15,2 pontos por partida) de sua equipe, o Joinville, no estadual. Mas é uma conquista, sobretudo, porque uma ano antes dessa foto ele fora obrigado a abandonar as quadras.

Defendendo o Dragão, Lucas Vezaro disputou duas edições da LDB e atuou no time principal nos Paulistas de 2014 e 2015. Foto: Caio Casagrande/Bauru Basket
Defendendo o Dragão atuou no time principal nos Paulistas de 2014 e 2015. Foto: Caio Casagrande/Bauru Basket

Após disputar as finais do Paulista sub-19, em novembro de 2015, defendendo o Bauru Basket, o jovem jogador descobriu que tinha um tumor maligno no sistema linfático. Vezarinho (chamado assim por aqui por ser irmão caçula de Felipe Vezaro, também ex-Dragão) iniciou rapidamente o tratamento, encarou quimioterapia. Deixou muitos amigos em Bauru e toda a comunidade basqueteira apreensiva e uma forte corrente de oração se formou.

Era preciso dar privacidade e tranquilidade para a família superar esse momento, mas, devagarinho, as boas notícias foram chegando. No início do segundo semestre deste ano, ele já estava de volta às quadras! No Joinville, ao lado do experiente pivô Olívia e dos alas Jordan Burger e Jefferson Socas, mostrou que não desaprendeu a jogar! Aos 20 anos, é o destaque do time, campeão do Jogos Regionais e terceiro colocado no Catarinense.

“Estou superbem. Curado. Gostaria de mandar um abraço a todos aí de Bauru que torceram pela minha recuperação e que oraram por mim!”, disse Lucas Vezaro ao Canhota 10.

Em Bauru, o armador é dessa geração de Eltink, Wesley e Yuri Sena, Gui Santos, Henrique Cerimelli, Renan Previdello e Felipe Smith. Defendeu o Dragãozinho nos estaduais da base, na Liga de Desenvolvimento e, no adulto, nas fases iniciais do Paulista em 2014 e 2015.

Essa história de vida vitoriosa foi destaque na edição de ontem (19/nov) do programa Esporte Fantástico, da TV Record. Se você não viu, vale a pena conferir abaixo. Seja feliz, Vezarinho!

 

Foto topo: Reprodução

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Vôlei Bauru

Presente de ouro: Bernardinho levou amuleto de Bauru para a Olimpíada

Após a vitória de seu Rexona Sesc Rio sobre o Genter Vôlei Bauru, por 3 sets a 1, Bernardinho foi rapidinho para o vestiário. Sabia que não iria embora tão cedo, pelo volume de pessoas que iam pedir uma selfie com o técnico campeão olímpico, mundial, brasileiro, das galáxias. Eu e os colegas de imprensa ali, matutando. Abordei o supervisor do time que, gentilmente, levou-nos à porta do vestiário para sermos atendidos pelo treinador.

Simpático, solícito, mas agitado, naquela pilha já pensando no próximo compromisso profissional — uma viagem ao Paraná nesse sábado. E fiquei me perguntando: um cara que ganhou tudo, tem independência financeira, que fica dias fora de casa nessa incessante busca de vitórias, tem que ter uma grande motivação continuar na estrada. Perguntei a ele qual era e ele contou história:

“Vou dizer pra você uma coisa: ganhei esse trofeuzinho aqui dos pais de um menino que começou a jogar vôlei com a gente, nas nossas escolinhas. Os pais contaram que ele, antes de jogar vôlei, era muito agitado, tinha problemas, tomava medicamentos. Passou a jogar, a conviver com as pessoas e hoje ele é querido. No aniversário dele, ninguém ia; agora, todo mundo vai. E ele parou de tomar remédios. É um outro menino. Isso é o que conta, isso é o que a gente leva. O carinho das pessoas, o reconhecimento dos pais, poder fazer com que os jovens tenham oportunidade de praticar um esporte e viver os valores do esporte. Não tem preço. Se de alguma forma eu vou continuar por aí, tenho certeza que quero continuar ensinando. Não sei até quando vou continuar à beira da quadra, um dia vou ter que parar, mas poder de alguma forma transmitir isso para as pessoas é muito legal”, relatou Bernardinho.

AMULETO DE BAURU

Seguindo com seu relato, Bernardinho disse ter se emocionado com o abraço de uma senhora: “Acabou de vir uma senhora que tem problema de audição e que veio falar comigo do jeito dela, que torcia sempre por mim, chorou e me abraçou. Essa é a emoção que eu levo, o carinho das pessoas”.

O treinador ainda revelou que, na partida de novembro do ano passado entre Bauru e Rio, ele ganhou um objeto que se tornou um amuleto para a disputa da Olimpíada, quando conquistou o ouro com a Seleção masculina.“Ano passado, aqui, um senhor me deu um crucifixo e disse ‘Boa sorte na Olimpíada, leva com você’. Está aqui até hoje. Eu levei porque foi com tanto carinho, tanta sinceridade, tanta consideração, que levei comigo para a Olimpíada, estava na minha mochila. E fomos campeões olímpicos. Tenho certeza que lá no cantinho dele , ele pensou nisso. É esse carinho que nos faz seguir em frente”, contou, lamentando não ter reencontrado esse senhor nesse retorno.

Bernardinho nos cumprimentou e seguiu em frente, porque ainda tem muita gente pra abraçar por aí.

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Esportes

Elivélton: o último ponta

Campeoníssimo por vários clubes grandes, ele arrepiou do lado esquerdo antes de virar coringa

Houve um ou outro insistente treinador que escalou pontas no início dos anos 1990. Ainda pela beirada do campo de ataque, por exemplo, surgiu Sávio no Flamengo, pela esquerda, e o santista Almir arrepiava pela direita. Mas o último jogador a atuar na função de ponta na Seleção Brasileira foi Elivélton.

Xodó no início do trabalho de Carlos Alberto Parreira rumo ao tetra, em 1991, teve um período curto com a Amarelinha, que coincidiu com a época em que arrebentou no Tricolor (apenas 11 jogos pela Seleção, seis vitórias, três empates, duas derrotas e um gol marcado, no Serra Dourada, contra a Tchecoslováquia).

O extrovertido (e gago) atacante surgiu como um furacão no São Paulo, lançado por Telê Santana. Mas nunca se firmou como titular. Nos muitos títulos que ganhou pelo Tricolor, só aparece na foto da Libertadores de 1992. No banco, ganhou Mundial em Tóquio no mesmo ano e outra Liberta em 1993. Aí, foi para o Japão.

Tornou-se meia, fez golaço do título do Paulistão de 1995 pelo Corinthians e repetiu taça estadual no ano seguinte pelo rival Palmeiras. Em 1997, mais um gol de título: Libertadores, Cruzeiro, chute cruzado de direita no cantinho do Sporting Cristal. Aí, rodou o Brasil, cigano dos bons. Foi ala esquerda na Ponte Preta, sempre com muito fôlego. Jogou na Bahia, no Triângulo Mineiro, no Mato Grosso e em 2010 ainda estava em atividade, jogando pela Francana, onde é ídolo. Esteve em Bauru no último dia 18 de dezembro, participando de jogo festivo no BTC de campo, atuando pelos masters do São Paulo.

É inquestionável que esse cigano rodou o país mais por amor à bola do que ao dinheiro – prova disso é que sempre a tratou bem.

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Esportes

Massa: “Minha trajetória não foi construída pensando em Senna”

O crédito da foto é meu - e pedi para um colega segurar o gravador...

Uma sexta-feira à tarde de novembro (dezembro?) de 2006. Eu, no trabalho, quando liga o amigo Júlio Penariol, do Bom Dia. Alerta para entrevista coletiva de Felipe Massa em Botucatu no dia seguinte. Topei na hora: o material seria útil para o guia 2007 da Fórmula 1, que faria na Alto Astral, e também para a 94FM Revista, que eu editava na época.

À vontade, sem veículos das capitais por perto, Felipe falou bastante. Criticou a Stock Car, que não revela talentos, lamentou a pouca receptividade de Bauru para seu ‘Desafio das Estrelas’ – que mudou-se para Florianópolis – e cutucou as pessoas que não acreditavam nele (“Não quero chegar nelas e dizer ‘Tá vendo?’. Tenho carinho pelos que torceram”).

Terminada a coletiva, ainda cercado pelos repórteres, seguiu solícito. Foi nessa hora que perguntei a ele sobre a inevitável lembrança de Ayrton Senna após a vitória histórica em Interlagos.

Sem fazer média com a imagem do eterno ídolo de milhões de brasileiros, cravou: “Eu era muito pequeno quando o Senna morreu. Minha trajetória não foi construída pensando nele. Nunca corri com essa influência. Eu gostava de correr porque meu pai corria. Na minha trajetória, o Schumacher me ajudou muito mais, pelo fato de correr ao lado dele”.

Um ano depois, em uma coletiva após evento do Unicef, Felipe revelaria uma “mágoa” com Senna. “Na época, aquilo me chateou bastante. Eu acompanhava o Piquet e o Senna, mas era muito fã do Ayrton. Eu pedi o autógrafo e ele virou as costas para mim“, contou aos repórteres, na ocasião.

Não há contradição entre as falas de 2006 e 2007. Massa não nega Senna como ídolo – apenas como referência em sua formação de piloto.

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Esportes

O melhor parceiro de Romário

Na Copa de 1994: a prova de que Romário não a ganhou sozinhoBebeto tinha fama de chorão. Franzino, sofria com a violência dos zagueiros e desabava como um bebê faminto, com a mão na perna. Um pouco pela pancada, um pouco de cena que onerou muitos beques com cartões amarelos.

Quando surgiu no Flamengo, em 1983, o Galinho estava de saída para a Udinese e logo vieram com o papo de ‘Novo Zico’. Bebeto cumpriria bem a função de meia de ligação, por sua habilidade, mas estar mais perto do gol funcionou melhor para o ótimo finalizador que era. Vestiu a camisa 9 do Rubro-Negro até a final do Carioca de 1989, quando foi comprado pelo arquirrival Vasco. De cara, faturou o Brasileirão com os cruzmaltinos – o terceiro de sua carreira (1983 e 1987 pelo Fla). No mesmo ano, foi artilheiro da Copa América, dado ofuscado pelo gol de Romário, o do título, na final contra o Uruguai.

Aliás, estar à sombra do ‘Gênio da grande área’ foi a função que o consagrou – sem nenhum demérito. Enquanto um era marrento, bad boy, o bom moço da camisa 7 amarelinha era o par perfeito, Oscar de melhor coadjuvante. Recordo-me tanto de juras de amor quanto de alguns desentendimentos entre eles. Agora, ambos aposentados, o respeito é recíproco.

Descrever a vitoriosa carreira de Bebeto é desnecessário aqui. Vale a lembrança, a homenagem. Resumindo, a história do Deportivo La Coruña se define por antes e depois dele. No Flamengo, foram 151 gols. No Vasco, outros tantos. No Vitória, seu primeiro clube, um Estadual e um Nordestão. No Botafogo, um Rio-São Paulo. Pela Seleção, além da Copa América e do Tetra (1994), a Copa das Confederações (1997). Jogou a Copa de 1998 também (sua terceira seguida) e soma seis gols em Mundiais.

Começou de forma tímida sua carreira de treinador este ano (2010), no América-RJ, e agora se aventura na política, como candidato a deputado estadual. Melhor seria ficar quieto em casa, revendo vídeos de suas atuações primorosas e de seus voleios mágicos.

Fotos: reprodução Flapedia