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Vôlei Bauru

Presente de ouro: Bernardinho levou amuleto de Bauru para a Olimpíada

Após a vitória de seu Rexona Sesc Rio sobre o Genter Vôlei Bauru, por 3 sets a 1, Bernardinho foi rapidinho para o vestiário. Sabia que não iria embora tão cedo, pelo volume de pessoas que iam pedir uma selfie com o técnico campeão olímpico, mundial, brasileiro, das galáxias. Eu e os colegas de imprensa ali, matutando. Abordei o supervisor do time que, gentilmente, levou-nos à porta do vestiário para sermos atendidos pelo treinador.

Simpático, solícito, mas agitado, naquela pilha já pensando no próximo compromisso profissional — uma viagem ao Paraná nesse sábado. E fiquei me perguntando: um cara que ganhou tudo, tem independência financeira, que fica dias fora de casa nessa incessante busca de vitórias, tem que ter uma grande motivação continuar na estrada. Perguntei a ele qual era e ele contou história:

“Vou dizer pra você uma coisa: ganhei esse trofeuzinho aqui dos pais de um menino que começou a jogar vôlei com a gente, nas nossas escolinhas. Os pais contaram que ele, antes de jogar vôlei, era muito agitado, tinha problemas, tomava medicamentos. Passou a jogar, a conviver com as pessoas e hoje ele é querido. No aniversário dele, ninguém ia; agora, todo mundo vai. E ele parou de tomar remédios. É um outro menino. Isso é o que conta, isso é o que a gente leva. O carinho das pessoas, o reconhecimento dos pais, poder fazer com que os jovens tenham oportunidade de praticar um esporte e viver os valores do esporte. Não tem preço. Se de alguma forma eu vou continuar por aí, tenho certeza que quero continuar ensinando. Não sei até quando vou continuar à beira da quadra, um dia vou ter que parar, mas poder de alguma forma transmitir isso para as pessoas é muito legal”, relatou Bernardinho.

AMULETO DE BAURU

Seguindo com seu relato, Bernardinho disse ter se emocionado com o abraço de uma senhora: “Acabou de vir uma senhora que tem problema de audição e que veio falar comigo do jeito dela, que torcia sempre por mim, chorou e me abraçou. Essa é a emoção que eu levo, o carinho das pessoas”.

O treinador ainda revelou que, na partida de novembro do ano passado entre Bauru e Rio, ele ganhou um objeto que se tornou um amuleto para a disputa da Olimpíada, quando conquistou o ouro com a Seleção masculina.“Ano passado, aqui, um senhor me deu um crucifixo e disse ‘Boa sorte na Olimpíada, leva com você’. Está aqui até hoje. Eu levei porque foi com tanto carinho, tanta sinceridade, tanta consideração, que levei comigo para a Olimpíada, estava na minha mochila. E fomos campeões olímpicos. Tenho certeza que lá no cantinho dele , ele pensou nisso. É esse carinho que nos faz seguir em frente”, contou, lamentando não ter reencontrado esse senhor nesse retorno.

Bernardinho nos cumprimentou e seguiu em frente, porque ainda tem muita gente pra abraçar por aí.

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Copa do Mundo 2014 e Olimpíada 2016 não deveriam ser no Brasil

Exatamente no dia em que se faz oba-oba sobre a divulgação das sedes da Copa das Confederações 2013 e da abertura e jogos decisivos a Copa do Mundo de 2014 (além das tabelas), esse texto se torna bem apropriado.

Um país que tem seu ministro do Esporte envolvido em acusação de desvio de verbas públicas não deveria receber os dois maiores eventos esportivos do planeta.

Um país que tem o presidente do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo investigado pela Polícia Federal, por suposta lavagem e remessa ilegal de dinheiro, não deveria sediar nem um mundialito.

Um país que organizou um Pan-Americano extrapolando orçamento e deixando pífio legado para o Rio de Janeiro não deveria sediar uma Olimpíada.
Ok, a corrupção não é exclusividade brasileira, mas cada um com seus problemas. E, nessa terra onde sabiás cantam nas palmeiras, já há problemas demais com os quais os digníssimos homens públicos deveriam se ocupar. Saneamento básico, por exemplo. Mas tubulação fica submersa e não chama voto.

Confesso a frustração que senti quando o Brasil foi escolhido como sede dos Jogos de 2016, naquele anúncio apoteótico que parou a capital fluminense. Frustrado por antever o despreparo moral, a falta de pontualidade e a pouca transparência. Não é torcer contra, ser pessimista e, muito menos, não amar nosso país. É saber que vai ser daquele jeito, ou melhor, jeitinho. Para as câmeras, estou certo que tudo será lindo. Também sei dos empregos gerados, do dinheiro estrangeiro circulando por aqui. Mas haja tapete para esconder tanta sujeira.

Dois anos antes, na Copa, a saturação de nossos aeroportos será escancarada para o mundo, estádios caríssimos se tornarão, da noite para o dia, monumentos para acumular teias de aranha. Ou Cuiabá, Manaus e Brasília terão fôlego para encher seus elefantes brancos com seus campeonatos estaduais esvaziados? Mais absurdo é Recife ter três estádios e preferir construir um quarto a reformar o melhor deles.

Para piorar, num país em que muitas leis não “pegam”, parece ser natural que elas sejam rasgadas para a Fifa instalar aqui uma espécie de legislação própria durante o Mundial de futebol. Hoje, não é possível tomar cerveja num estádio brasileiro. Em 2014, será. Se a meia-entrada for mantida, o ingresso será majorado, simples assim. Feriados nas cidades que sediam partidas ajudarão a desafogar trânsitos caóticos. Essas e outras maquiagens que ofendem nossa soberania.

Enfim, não tem volta. Não bastasse tudo isso, a Seleção Brasileira receberá o insuportável peso da obrigação de vencer em casa. Aí, o povo tem que torcer dobrado, para não passar vergonha no campo e fora dele.

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Coluna da semana: futebol na academia

Abaixo, reproduzo a coluna publicada nesta segunda (16/5) no jornal Bom Dia Bauru