(Direto do Alfredão) Respira, noroestino. Independentemente do que acontecer no domingo de Páscoa, o Noroeste termina a 17ª rodada da Série A4 fora da zona do rebaixamento. Ao vencer o Fernandópolis por 4 a 0, chegou aos 21 pontos e dormiu a noite de aleluia na 11ª posição, dois pontos acima da zona.
Eu cheguei a Alfredo de Castilho com dez minutos de jogo. Pasme, já estava 2 a 0, dois de Marcão. Não reclamei, apesar de odiar não ver bola na rede. Afinal, o Norusca estava precisando demais de sossego jogando em casa. Correr atrás de resultado nos minutos finais foi aquele sufoco até aqui. O primeiro ele completou após bate-rebate, o segundo foi outra fuzilada depois de tabelar com Rodrigo Menezes.
Rodrigo recuperou confiança na reta final da A3: outro bom jogo dele
O terceiro e quarto gols eu vi. Belos tentos! Tuxa recebeu e velocidade e, da meia-lua, matou bonito no ângulo esquerdo do goleiro. Depois, Marcão foi lançado na ponta-esquerda, invadiu a área, cortou para o pé direito e bate de curva, no cantinho. Fosse domingo, pediria música. Alô, TV Tem, dá uma força pro nosso camisa 9!
Aos 32min de partida, fatura liquidada. Outras chances foram criadas, a ordem era não relaxar, não sofrer gols, não tomar cartão besta e melhorar o saldo de gols. Mas o segundo tempo acabou desacelerado. Tudo bem. Cumpriu a obrigação de chutar cachorro morto, o penúltimo colocado, e vai com confiança para a partida da sobrevivência, na próxima quarta (30/mar, 20h), contra o encrencado Primavera, 16º colocado.
ABRE ASPAS
Falei com o artilheiro do jogo, o bauruense Marcão:
E com o treinador Vitor Hugo, que estava com semblante aliviado, mas ainda vigilante:
O Alvirrubro goleou o Fefecê jogando com Roni; Guilherme, Marcão Vieira, Herick Samora e Hipólito; Maicon Douglas, Rodrigo (Octávio), Alemão e Tuxa (Ueslei); Everton (Cassiano) e Marcão.
Roni foi pouco exigido, mas trabalhou bem quando ameaçado
PULINHO NA PANELA
No intervalo da partida, fui dar uma espiada em outro jogo decisivo. Paschoalotto Bauru e Paulistano decidiam quem ficaria com o segundo lugar da fase de classificação do NBB. Fui abordado por muita gente perguntando quanto estava o Norusca. Ao final da peleja da Série A3, peguei a reta final do basquete, com vitória dos bauruenses por 78 a 63.
Em 2014, ele não conseguiu. Não por sua culpa, pegou a batata quente, pelando, à beira do precipício. Agora, situação semelhante, sobretudo pelo elenco que tem em mãos. “Esse time não tem a minha cara”, disse o técnico Vitor Hugo, em entrevista ao Jota Augusto (Auri-Verde/Jornada Esportiva) logo após o empate contra o Guaratinguetá, por 2 a 2, na última quarta-feira.
Demitido durante a pré-temporada, por causa do jogo de interesses que se sobrepõe à bola em jogo — erro admitido pelo presidente Emilio Brumati —, Vitor Hugo foi enfático durante aquele período de testes de elenco sobre a qualidade duvidosa dos jogadores. Os que seguiram não devem ter se esquecido… Ele não tem o time nas mãos, mas precisa tirar o máximo desses atletas na reta final da Série A3, para salvar o Noroeste de outro tombo histórico para a Bezinha.
“Quando se pega o trabalho pela metade, não é fácil alertar. É complicado colocar seu estilo, sua cara no time, só na conversa. Com jogos quarta e sábado, é muito desgaste, tem que recuperar o físico dos jogadores e não dá pra treinar. Esse time não tem a minha cara, mas o jogador tem que render, independentemente disso. É com isso aí que temos que fugir”. Esse foi o relato sincero do treinador naquela entrevista. E a conversa aconteceu, de forma dura, nos últimos dois dias. Nem todos os jogadores assimilaram, essa boleirada de hoje em dia é muito melindrada… Precisam se dar conta que Série a A3 tem que ser uma passagem na carreira. Se estão se achando craques prontos e, portanto, que não devem dar ouvidos a cobranças, vão morrer na A3, não vão evoluir.
Aos que merecem carapuça, que repensem, sejam humildes, honrem o manto centenário do Noroeste e ajudem a conquistar as duas vitórias no Alfredão (neste sábado, contra o Fernandópolis, e na quarta, 30/mar, o Primavera), que são obrigação.
Parêntese: para deixar o registro, o Noroeste empatou com o Guaratinguetá jogando com Roni; Guilherme (Cassiano), Marcão Vieira, Herick Samora e Hipólito; Maicon Douglas, Rodrigo Menezes (Marcelo Santos), Alemão e Tuxa (Marcão); Ueslei e Everton.
Para o duelo contra o Fefecê, Marcão deverá entrar no lugar de Ueslei.
TORCEDOR, O NOROESTE PRECISA DE VOCÊ
Todo mundo no Alfredão, neste sábado, 16h, pra apoiar o time! Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente pelo preço promocional de R$ 10 na secretaria do clube, neste sábado, das 9h às 12h — rua Benedito Eleutério, quadra 3; sede da Torcida Sangue Rubro, rua Ângelo Cerigatto, 8-73. Telefone: (14) 9 9877-9445. As bilheterias abrem às 15h.
A prioridade zero é a permanência na Série A3, mas o segundo semestre é logo ali e o Noroeste não pode ficar parado. Há exatamente um mês no cargo de diretor de futebol, Emerson (ex-zagueiro de Portuguesa, São Paulo e Seleção Brasileira) tem esse ponto de vista. Nesta entrevista exclusiva ao Canhota 10, ele fez um balanço do início de seu trabalho, falou de seu grande desejo de o clube voltar a produzir seus craques — sobretudo genuinamente bauruenses — e foi categórico em dizer que a Copa Paulista está nos planos para o segundo semestre. Competição que, inclusive, passou a ter vaga para o Campeonato Brasileiro da Série D. Já pensou? Sonho à parte, o objetivo é montar uma equipe jovem, para criar casco na molecada. Emerson também falou sobre o convite que recebeu ano passado, do presidente Emilio Brumati, para jogar a Bezinha pelo Norusca, clube que ele não defendeu, apesar de bauruense. Confira:
PEGOU O BONDE ANDANDO “Toda vez que se pega um trabalho já começado é mais difícil. O planejamento depois do acesso na Série B foi um pouco conturbado, principalmente por causa de questões financeiras, e o Emilio e o Rafael ficaram numa relação delicada em relação a investidores e dívidas antigas, que o Noroeste está tentando honrar. Esse foi o maior problema para montar uma equipe mais qualificada.”
OBJETIVO: NÃO CAIR PARA RECOMEÇAR TRABALHO “O plantel que está aí é de A3, a gente sabia que tinha condição de classificar entre os oito, mas o panorama mudou, vai brigar pra não cair. Após a permanência na Série A3, aí sim vamos planejar com o meu trabalho, resgatando as categorias de base e criando uma perspectiva de futuro para o clube. Sem a base, fica-se trocando figurinha: monta um time, se tiver dinheiro permanece, se não tiver não tem força, cai… O trabalho é implantar a base para no futuro saírem jogadores para o elenco de cima.”
DISPUTAR A COPA PAULISTA “Não tem como ficar sete meses parado. Já faz parte do planejamento disputar a Copa Paulista. Cria uma perspectiva para os mais jovens, que tiveram oportunidade na Copa São Paulo, mas não estão tendo na A3. Mesmo que se monte um time mais jovem, já vai criando um corpo para o ano que vem. Fazer uma análise fria do elenco da A3, ver quem pode ser encaixado no perfil e ficar para o ano que vem.” Atualizado: pra ficar claro, é preciso ter índice técnico (ficar entre os dez primeiros) para disputar a Copa Paulista ou aguardar um convite — hipótese na qual acredito, mesmo se o Norusca não pegar top10. Mas se houver rebaixamento (toc, toc, toc), a princípio não disputa. Só se forem muuuitos desistentes, o que parece improvável depois que passou a ter vaga para a Série D nacional.
OTIMISMO “Começamos o Paulista sub-15 e o sub-17 no próximo dia 9 de abril. Só não mantivemos o sub-20 porque esses meninos, jogando a Copa Paulista entre os profissionais, podem montar uma espinha dorsal. Até mesmo o sub-17, fazendo um bom Paulista, pode ascender meninos para o sub-20. Então, o panorama é esse. Ter pés no chão, porque ainda vai aparecer coisa boa neste ano.”
Conversando com meninos e familiares: base é a prioridade. Fotos: Bruno Freitas/Ec Noroeste
DESAFIO: TALENTOS BAURUENSES NO NOROESTE “O negócio agora é fazer com que os meninos de Bauru tenham condições de defender o Noroeste. Esse vai ser o meu papel. Eu não tive essa oportunidade, fui direto para o XV de Jaú. Há outros tantos exemplos: Alecsandro [hoje no Palmeiras], Richarlyson [ex-São Paulo e Atlético Mineiro], Donizete [Oliveira, brilhou no Flu e no Cruzeiro], Giovanni [goleiro do Galo], Fernando Henrique [campeão brasileiro pelo Fluminense]… Tantos bauruenses que tiveram destaque nacional e não passaram pelo Noroeste. É um dilema e o nosso desafio.”
O zagueiro nos tempos de Tricolor. Foto: arquivo pessoal
CONVITE PARA JOGAR A BEZINHA “Foi num jogo festivo, de férias, acho que foi mais uma brincadeira do presidente do que propriamente um convite. Estávamos em Pederneiras e ele me convidou junto com o Claudecir. Mas foi só pra criar uma expectativa. Com 40 anos, é melhor deixar os meninos correrem. O problema não é nem jogar. É treinar, manter e não machucar. Minha carreira foi boa, o trabalho foi bem feito.”
Depois de reencontrar a vitória, na última quarta-feira (3 a 2 sobre a Inter de Limeira), o Noroeste tinha uma dupla missão nesse sábado de forte calor: além de escapar do Z-6, voltar a vencer no Alfredão (jejum de quatro partidas). Não me recordo de ver o Norusca com uma sequência de aproveitamento tão baixo atuando em Bauru como agora. São apenas sete pontos conquistados em sete partidas na Vila Pacífico (aproveitamento de 33%). Os pontos perdidos da vez foram contra o Comercial de Ribeirão Preto, igualmente fugindo do fantasma. O placar não se mexeu… O Noroeste dorme em 13º, com 17 pontos, mas corre o risco de acordar na segunda na zona.
BOLA ROLANDO
Pra variar, o Noroeste teve mais volume de jogo, mais posse de bola, criou tramas ofensivas, mas pouco finalizou. Sem exagero: o goleiro comercialino não sujou o uniforme. No primeiro tempo, a zaga rebateu um cruzamento perigoso e Marcelo Santos chutou duas vezes sobre o travessão. Na segunda etapa, um chute de Marcão desviado pela zaga, um cruzamento rasteiro que atravessou a pequena área e novamente Marcão, no finalzinho, driblou o goleiro, mas perdeu o ângulo. Defesa do guapo, nenhuma. Já nosso Roni… Teve que trabalhar! Cara a cara com o ataque do Leão do Norte, fez duas defesas importantes na primeira metade do jogou e outra na segunda.
Vitão e o ex-interino, Kami Mura: diálogo constante
AJUSTE E PROBLEMAS
O zagueiro Rafael Pontoli recebeu dois cartões amarelos ainda no primeiro tempo, deixando o Noroeste com um a menos. Não foi preciso repor imediatamente, pois o volante Maicon Douglas recuou para a quarta-zaga — já estava próximo dali mesmo, em marcação individual no atacante Negueba. Aos 19 do segundo tempo, foi a vez do outro camisa 3, Alemão, devolver equilíbrio numérico, também expulso com dois cartões.
Se ajustou a zaga facilmente, o técnico Vitor Hugo teve um desafio no ataque, leve demais. Toda hora é tranco em cima de Ueslei e Everton — além do baixinho Tuxa, a flecha que se aproxima deles. Difícil os moleques ganharem uma dividida em bola que vem quebrada da defesa. Os supergêmeos foram muito mal nesse jogo. Marcão entrou e deu mais presença ofensiva ao time, que pelo visto não pode jogar sem um legítimo camisa 9 para assumir umas trombadas lá na zona do agrião.
CATIMBA
Pô, um reencontro com Varlei de Carvalho, nome impregnado na história do clube e hoje no Comercial… Já estava bolando as perguntas, saber se há saudade, por que nunca mais voltou. Mas aí o treinador traz um time disposto tumultuar, fazer cera e ter até a capacidade de ignorar o fairplay, não devolvendo uma bola. E foi-se o encanto. Até expulso Varlei foi. Velhaco, demorou uma vida pra sair do campo. Andou devagar, parou na área técnica do pupilo Vitor Hugo e de lá passou umas instruções. Só com a insistência da polícia é que foi para o chuveiro mais cedo. Esse clima tenso da partida quase descambou para o arranca-rabo, mas a turma do deixa-disso apartou. Clima que começou fora do estádio, antes do jogo, em início de confronto entre noroestinos e comercialinos vindos de Ribeirão Preto. Sobrou gás de pimenta para os brigões.
Alemão foi um dos “menos piores” em campo
ABRE ASPAS “Faltou pontaria. O nosso ataque agrediu bastante a defesa do Comercial, tomamos alguns sustos, mas não podemos perder tantos gols dessa maneira. Agora é trabalhar novamente e buscar a vitória na quarta-feira”, disse o técnico Vitor Hugo, via assessoria, que avisou que neste domingo tem treino!
Falei com o lateral-esquerdo Hipólito…
… e com o zagueiro Rafael Pontoli:
O Noroeste empatou mais uma em casa jogando com Roni; Guilherme, Rafael Pontoli, Herick Samora e Hipólito; Maicon Douglas, Alemão, Marcelo Santos (Rafael Olinto) e Tuxa (Marcão); Ueslei (Marinho) e Everton.
Se você é supersticioso, comemore. Quando o técnico Vitor Hugo foi contratado para tentar salvar o Noroeste na Série A3 de 2014, ele estreou com vitória no Alfredão (1 a 0 sobre o Novorizontino). Mas foi fogo de palha: desceu a ladeira depois e caiu para a Bezinha. Desta vez, novamente Vitão chega com a missão de salvador. Começou perdendo (2 a 0 para o Rio Preto) e, tomara, escreva uma história de ascensão a partir de agora.
Como de costume, o Norusca criou chances, mas finalizou sem competência. E novamente assistiu ao ataque adversário balançar suas redes em vacilos de posicionamento da defesa. Vitor Hugo praticamente chegou e foi para o jogo, agora tem que intensificar os trabalhos para arrumar logo a casa, pois o Alvirrubro se encontra na zona do rebaixamento, com os empacados 13 pontos e agora bem longe do G-8 (oito pontos atrás), a apenas seis rodadas do fim.
O próximo desafio do Noroeste é um confronto direto de desesperados. Visita a Inter de Limeira, dia 16/qua, às 20h.
Marcelo voltou a atuar na lateral
TENTATIVA
Chegando em cima da hora, com desfalques e querendo dar um choque de atitude no elenco, Vitor Hugo escalou o time num 3-5-2. Mas a derrota parcial ainda no primeiro tempo (gol de Márcio, aos 36min), fez o treinador mudar de ideia no intervalo, recolocando a equipe no 4-4-2. Guilherme entrou na direita e Marcelo Santos voltou a sua antiga posição, a lateral-esquerda. Tuxa entrou para dar velocidade ao ataque, depois Vitor Visa foi chamado para atuar ao lado de Marcão. Os três, aliás, tiveram chances cara a cara com o goleiro Juliano, mas falharam. O comandante tem pouco tempo para preparar o time até o próximo jogo. Vai ter que ser na base da conversa. Principalmente para orientar os defensores. O segundo gol, de Jonatas Obina (aos 15 da etapa final) foi de dar raiva: o rapaz estava livre na pequena área quando recebeu o cruzamento.
ABRE ASPAS
Na entrevista pós-jogo, ao repórter Jota Augusto (Auri-Verde/Jornada Esportiva), Vitor Hugo usou uma palavra importantíssima para o momento: tranquilidade. “Criamos oportunidades, mas infelizmente falhamos, no desespero de querer fazer o gol de qualquer jeito. Os jogadores estavam cansados da última viagem e sentiram o desgaste nos vinte minutos finais. Agora é ter tranquilidade. Vamos trabalhar. Quarta-feira é outra guerra. Até o final vai ser isso, mas temos que acreditar nos meninos. Só com trabalho poderemos sair dessa situação”, disse o técnico, que agendou treinamento para este domingo e avisou que, na segunda, o grupo treinará em dois períodos.
Vitão conversa com o time na parada técnica: haja conversa. Fotos: Bruno Freitas/EC Noroeste
O Noroeste perdeu mais uma jogando com Roni; Marcão Vieira, Rafael Pontoli e Victor Matheus (Tuxa); Ueslei (Vitor Visa), Rafael Olinto, Alemão, Marcelo Santos e Octávio (Guilherme); Everton e Marcão.