A prioridade zero é a permanência na Série A3, mas o segundo semestre é logo ali e o Noroeste não pode ficar parado. Há exatamente um mês no cargo de diretor de futebol, Emerson (ex-zagueiro de Portuguesa, São Paulo e Seleção Brasileira) tem esse ponto de vista. Nesta entrevista exclusiva ao Canhota 10, ele fez um balanço do início de seu trabalho, falou de seu grande desejo de o clube voltar a produzir seus craques — sobretudo genuinamente bauruenses — e foi categórico em dizer que a Copa Paulista está nos planos para o segundo semestre. Competição que, inclusive, passou a ter vaga para o Campeonato Brasileiro da Série D. Já pensou? Sonho à parte, o objetivo é montar uma equipe jovem, para criar casco na molecada. Emerson também falou sobre o convite que recebeu ano passado, do presidente Emilio Brumati, para jogar a Bezinha pelo Norusca, clube que ele não defendeu, apesar de bauruense. Confira:
PEGOU O BONDE ANDANDO
“Toda vez que se pega um trabalho já começado é mais difícil. O planejamento depois do acesso na Série B foi um pouco conturbado, principalmente por causa de questões financeiras, e o Emilio e o Rafael ficaram numa relação delicada em relação a investidores e dívidas antigas, que o Noroeste está tentando honrar. Esse foi o maior problema para montar uma equipe mais qualificada.”
OBJETIVO: NÃO CAIR PARA RECOMEÇAR TRABALHO
“O plantel que está aí é de A3, a gente sabia que tinha condição de classificar entre os oito, mas o panorama mudou, vai brigar pra não cair. Após a permanência na Série A3, aí sim vamos planejar com o meu trabalho, resgatando as categorias de base e criando uma perspectiva de futuro para o clube. Sem a base, fica-se trocando figurinha: monta um time, se tiver dinheiro permanece, se não tiver não tem força, cai… O trabalho é implantar a base para no futuro saírem jogadores para o elenco de cima.”
DISPUTAR A COPA PAULISTA
“Não tem como ficar sete meses parado. Já faz parte do planejamento disputar a Copa Paulista. Cria uma perspectiva para os mais jovens, que tiveram oportunidade na Copa São Paulo, mas não estão tendo na A3. Mesmo que se monte um time mais jovem, já vai criando um corpo para o ano que vem. Fazer uma análise fria do elenco da A3, ver quem pode ser encaixado no perfil e ficar para o ano que vem.”
Atualizado: pra ficar claro, é preciso ter índice técnico (ficar entre os dez primeiros) para disputar a Copa Paulista ou aguardar um convite — hipótese na qual acredito, mesmo se o Norusca não pegar top10. Mas se houver rebaixamento (toc, toc, toc), a princípio não disputa. Só se forem muuuitos desistentes, o que parece improvável depois que passou a ter vaga para a Série D nacional.
OTIMISMO
“Começamos o Paulista sub-15 e o sub-17 no próximo dia 9 de abril. Só não mantivemos o sub-20 porque esses meninos, jogando a Copa Paulista entre os profissionais, podem montar uma espinha dorsal. Até mesmo o sub-17, fazendo um bom Paulista, pode ascender meninos para o sub-20. Então, o panorama é esse. Ter pés no chão, porque ainda vai aparecer coisa boa neste ano.”
DESAFIO: TALENTOS BAURUENSES NO NOROESTE
“O negócio agora é fazer com que os meninos de Bauru tenham condições de defender o Noroeste. Esse vai ser o meu papel. Eu não tive essa oportunidade, fui direto para o XV de Jaú. Há outros tantos exemplos: Alecsandro [hoje no Palmeiras], Richarlyson [ex-São Paulo e Atlético Mineiro], Donizete [Oliveira, brilhou no Flu e no Cruzeiro], Giovanni [goleiro do Galo], Fernando Henrique [campeão brasileiro pelo Fluminense]… Tantos bauruenses que tiveram destaque nacional e não passaram pelo Noroeste. É um dilema e o nosso desafio.”
CONVITE PARA JOGAR A BEZINHA
“Foi num jogo festivo, de férias, acho que foi mais uma brincadeira do presidente do que propriamente um convite. Estávamos em Pederneiras e ele me convidou junto com o Claudecir. Mas foi só pra criar uma expectativa. Com 40 anos, é melhor deixar os meninos correrem. O problema não é nem jogar. É treinar, manter e não machucar. Minha carreira foi boa, o trabalho foi bem feito.”