Murilo e Mathias: atenção à marcação. Foto: Fernando BH/Canhota 10
Ganhar é sempre bom. Até em treino. Mas a maior vitória do Bauru Basket sobre a Liga Sorocabana, nessa tarde de quinta-feira (83 a 74), foi ganhar ritmo de jogo para o início do Campeonato Paulista, dia 1 de agosto — contra a própria LSB, na Panela. O renovado e modesto time sorocabano vinha com mais ritmo, por ter disputado os Regionais.
Precisando entrosar seu novo elenco, com mais peças novas do que em temporadas anteriores, o técnico Guerrinha aproveitou a atividade para experimentar variações táticas, sobretudo para suprir a ausência de Larry Taylor (na Seleção Brasileira), o que deixa o armador Ricardo Fischer sem opção imediata de revezamento, já que Luquinha e Fernando Fischer seguem em recuperação de cirurgias. Por isso, Gui Deodato (22 pontos, continua impossível de três) foi experimentado conduzindo as jogadas.
Gui: testado na armação
Outra novidade, que vinha sendo aperfeiçoada nos treinamentos, foi a presença de Andrezão na posição 3. Com chute mais calibrado e boa presença física, o Mamute está cada vez mais versátil. O quinteto inicial, aliás, foi composto por Ricardo, Gui, Andrezão, Murilo e Tischer — está claro que Murilo atuará prioritariamente como 4 por aqui.
O ala Gustavo Scaglia (bom chute de fora, o do menino, fez 16 pontos) e o pivô Mathias (um pouco menos solto) também participaram bastante do amistoso. E o garrafão com Murilo (14 pontos) e Tischer (18 tentos e nove rebotes) mostrou seu valor, vai fazer estrago nos adversários. E ainda falta o argentino Ramírez, curtindo lua-de-mel na Argentina.
Claro que houve muitos erros, notou-se necessidade de maior entrosamento, tudo dentro da normalidade. “Taticamente ainda estamos muito atrás do que pretendemos, mas é normal pelo pouco tempo de treino que tivemos. O mais importante deste jogo treino foi colocar nos jogadores uma mentalidade de jogo para o início do Paulista”, avaliou Guerrinha, via assessoria.
Acompanhei os dois primeiros quartos. É cedo para projetar o nível que esse time pode alcançar, mas o mais importante eles já têm: união. Estão muito a fim de vencer, o que eu já havia percebido nos treinamentos, pegados, intensos. Os jogadores estão fininhos, levaram a sério as primeiras semanas de preparação física. Que voem na temporada.
Larangeira durante a coletiva: pedido de trégua à imprensa
A promessa de revelações bombásticas não foi cumprida. Após demorada conversa com o presidente Anis Buzalaf e os conselheiros Toninho Rodrigues e Abel Abreu, o gestor Fabiano Larangeira deu início à tão esperada coletiva em tom mais ameno do que aquele do último sábado, após derrota para Mirassol. Disse apenas que havia gente se aproveitando do Noroeste, sem citar nomes, e que chegou a ser “chantageado” para deixar o clube. E disse que só sai se a direção executiva e o Conselho quiserem.
Se não houve grandes novidades, pelo menos o gestor tirou algumas dúvidas e fez novas promessas, com datas e tudo. Disse que está contratando assessores de imprensa e jurídico HOJE (24/7) e que há um plano de marketing em andamento (além de Marcos Cafeo, a própria FL irá gerir esse assunto). E, ao fazer inusitado pedido de trégua à imprensa, disse que até sexta-feira (26/7) trará luz ao problema financeiro. A conferir.
No final, conversou reservadamente com o pessoal da Sangue, afinal, eles ficaram desapontados. Na sede, no sábado, Larangeira prometeu dar nome aos bois.
A seguir, os principais trechos da coletiva, com alguns comentários meus:
IRREGULARIDADES “Teve muita gente que levou vantagem financeira do Noroeste, mesmo com o clube nessa situação. Ou por colocar jogador aqui e cobrar ou por fazer negócio com treinador, para receber por fora. Alguns foram afastados por critérios nossos, outros por essas questões.” Nota do Canhota: como a FL desligou grande parte das comissões técnicas profissionais de base, subentende-se que Larangeira se refere a ALGUNS desses profissionais, sem generalizar nem nominar.
R$ 130 MIL “Há algumas empresas com quem temos contrato, que vamos anunciar nos próximos dias. Mas precisamos formalizar documentação para anunciar. Para assim eu colocar o dinheiro e dizer a procedência.”
CONVERSA COM ABEL, TONINHO E ABEL “Eu disse a eles que a parceria só não seguirá se o clube não quiser. Estou batalhando todos os dias, correndo atrás, pois ninguém investe num lugar desorganizado. Pedi que se apressassem os trâmites, pois tem muita gente batendo na porta do clube, cobrando. Não estou me negando a pagar essas pessoas, mas tem que ser de uma maneira viável, que não afete a vida do clube.”
O PAPEL DE DIRETORIA E PARCEIRA “Você, quando deposita um dinheiro, quer saber como está sendo gasto. Eu solicitei um trâmite para essa questão financeira e, quando isso andar, as coisas vão se resolver. Mas eu tenho que ter controle, saber onde está empregado o dinheiro. Não posso colocar R$ 130 mil e o clube usar para pagar pendências judiciais. Pode ser R$ 100 mil no futebol e R$ 30 mil para as pendências, cobranças, por exemplo, mas preciso saber para onde vai.” Nota do Canhota: essa resposta veio depois que perguntei da confusão de papéis. A princípio, a FL colocaria e dinheiro e o Noroeste cuidaria de folha de pagamento e novas receitas. Mas Larangeira vem dizendo em entrevistas que corre aqui e ali para efetuar pagamentos e trazer receita.
IMPRENSA “Há parte da imprensa que não quer ver o bem no Noroeste. Só se bate na mesma tecla. O que vai falar quando não estiver mais devendo? Vamos abraçar uma causa, não se pode martelar o clube dessa maneira. Peço que até sexta-feira, falem somente de futebol, não toquem em questão financeira. Aí o baurense vai ver o clube de outra maneira. Tem gente da cidade querendo ajudar. Me dê dois dias de trégua e as coisas vão se solucionar.” Nota do Canhota 10: foi muito feliz o colega Rafael Antônio durante a coletiva. Nós não somos assessoria de imprensa do Noroeste. Trazemos a verdade, nada mais do que isso. E expor os problemas ajuda a encontrar as soluções. Para provar que não existe perseguição gratuita e que estamos de lado da instituição Noroeste: já deixei de publicar coisas plantadas, exatamente porque não pareciam colaborar com o cenário, ou por serem irrelevantes (como o “dossiê FL”, que não provava nada) ou mentirosas (um suposto e-mail enviado pela presidência alvirrubra, prometendo balancetes de março e abril, que ontem certifiquei-me ser falso).
ANIS “Vocês podem pensar que o Anis não é participativo. Mas ele está comprando a briga, está tirando dinheiro do bolso, como as diárias da concentração em Monte Azul.” Nota do Canhota 10: consegui falar com o presidente após a coletiva. Apenas lamentou que, sem dinheiro, nada pode fazer. Que as portas têm se fechado para ele. Que o plano de sócio-torcedor está disponível na cidade, mas há poucas adesões. Está apostando suas fichas no novo plano de marketing — incluindo descontos de empresas parceiras para os sócios-torcedores.
ELENCO “Os jogadores confiam no meu trabalho, eles correm no campo enquanto eu trabalho para resolver os problemas. Que não estiver com esse espírito e não correr, estará fora do clube.”
Resumindo, todos querem o Noroeste novamente forte. E é por isso que a imprensa é vigilante, para que o clube não seja penalizado pelas pessoas. Quem merecer elogios, certamente irá recebê-los. O mesmo vale para as críticas. Por isso, não há necessidade de trégua. A imprensa sempre esteve do lado certo, o da verdade.
Rafael Muçamba durante a fatídica partida: detalhe para a novidade na manga, a marca PPA
Curioso dizer isso, mas o jogo foi o que menos importou nesta tarde de sábado em Alfredo de Castilho. A derrota por 3 a 1 para o Mirassol foi o menor dos episódios do dia. Os bastidores é que ferveram: a começar pelo vacilo burocrático que impediu as estreias de Marcos Aurélio e Jorginho Paulista; e após o apito final, quando o gestor Fabiano Larangeira compareceu à sede da Sangue Rubro para responder aos questionamentos de torcedores.
Antes desse ponto, falando rapidinho do jogo, que foi quase uma lástima. Vale apenas comemorar a personalidade do menino Douglas, que começou na ala-esquerda e terminou a partida como volante pela esquerda. Bom jogador, foi dele o cruzamento na cabeça de Magrão, no único gol noroestino. Fora isso, pouco a comemorar. Talvez o inegável talento do meia Marco Túlio, mas limitado por sua condição física. Certamente a entrega de sempre de Bonfim e Yuri (falhou no primeiro gol, mas tem crédito). Cléberson é um esforçado atacante, mas suas ciscadas foram em vão. Cássio causou certa fumaça no ataque, mas é cedo para avaliar o menino. E só.
O Noroeste, que foi aniquilado ainda no primeiro tempo, perdeu para o Mirassol com Yuri; Bonfim, Magrão e Wallace (Cássio); Júnior Maranhão, Rafael Muçamba, Ruan (Felipe), Marco Túlio e Douglas; Cléberson e Valdir (Zé Roni) . Foram 508 pagantes, uma renda bruta de R$ 3,5 mil (o líquido, pelas despesas do jogo, deverá gerar prejuízo, isso se não penhorarem o valor da bilheteria e aumentarem o rombo…).
Bastidores
O gerente Josimar e o gestor Larangeira, durante o jogo: caras de poucos amigos
No intervalo, conversei com noroestinos da gema. Todos resignados com a derrota, pois não há muito o que cobrar de jogador sem salário. A vaia seria uma facada no peito de quem correu de bolso vazio. A Sangue, reconheça-se, apoiou durante toda a partida, ouviu-se uma vaia apenas após o apito final.
Terminada a peleja, desci ao território da sala de imprensa, aguardando por alguma palavra que acalmasse os corações alvirrubros. Demorou, demorou, e veio o goleiro Yuri. Não há assessor de imprensa, então a coisa fica meio solta.
Larangeira não estava mais ali. Correu para a sede da Sangue Rubro, atendendo a convocação do Pavanello. Velha guarda e nova geração da organizada interpelaram o gestor alvirrubro e até dissidentes da torcida compareceram — um belo fair play, afinal, somos todos Noroeste.
O atual homem forte do futebol do Norusca reafirmou o que dissera ao repórter Jota Augusto, da Auri-Verde: que na terça (23) à tarde irá conceder entrevista coletiva para expor a situação do clube. Aos torcedores, adiantou que há pessoas lá dentro atrapalhando o trabalho dele, inclusive gente do Conselho Deliberativo, sem citar nomes. Também contou que, dos R$ 50 mil prometidos para julho, já desembolsou R$ 35 mil e garantiu que em 10 de agosto os famosos R$ 130 mil estarão na conta do clube, pois garantiu que tem onde recorrer financeiramente. E que sabe que o momento agora é só de investimento e só colherá lá na frente. A conferir na terça.
Final da Copinha 2012, contra o Audax: boas lembranças... Foto: Alan Schneider/GloboEsporte.com
Chega de férias para este blogueiro! Hora de retomar as canhotadas e nada melhor do que voltar a ver o Noroeste no Alfredão. Apesar dos pesares, a saudade é grande de ver a gloriosa camisa vermelha em seu templo. Amanhã, cobertura presencial do primeiro jogo alvirrubro em casa contra o Mirassol, pela Copa Paulista 2013, depois da estreia com derrota (1 a 0) para o Monte Azul.
Nos últimos dias, as incertezas de sempre: os dias correm e os salários não chegam. Funcionários com vencimentos menores têm recebido primeiro e o gestor Fabiano Larangeira prometeu acertar com os atletas até o início da próxima semana. Se a data coincide com esperança de boa arrecadação com bilheteria, seria uma grande ingenuidade — a final da Copinha passada, com excelente público de 4 mil pagantes, teve renda líquida de R$ 20 mil, dinheiro que nem de longe é suficiente para sanar o rombo.
Por falar em rombo, o Jornal da Cidadepublicou nesta sexta mais uma derrota noroestina nos tribunais trabalhistas: o volante Negretti, outro defendido pelo ex-vice-presidente Filipe Rino, ganhou o direito de ser indenizado em R$ 130. Cabe recurso à decisão, mas o que espanta é que o clube não enviou representante para defendê-lo! Questionado pelo JC, o presidente Anis Buzalaf soube da sentença pela reportagem e disse que a prioridade é pagar os salários, quase que dando de ombros para o caso. Haja ombro para a avalanche de ações que ainda vêm por aí!
No programa Giro Esportivo, da 87FM, também neste dia 18, a equipe Sem Limites foi muito feliz em seus comentários. O Noroeste é maior do que tudo isso e entristece ver tanta gente, intencionalmente ou não, depreciando o clube com suas ações e omissões. Pagar salários é obrigação e a credibilidade da instituição passa por isso. Desse jeito, não haverá mesmo novas marcas e novas receitas.
Aliás, novas receitas passam pelo marketing, que teve gestor anunciado (Marcos Cafeo), mas nenhuma ação relevante — houve a festa junina, que foi um fracasso de público (apesar de bem organizada), e o chamada do jogo contra o Mirassol na TV (cada segundo na telinha é uma fortuna, tomara que tenha sido a custo zero).
Em campo
Estou ansioso e curioso para ver o novo Noroeste em campo. Com muito jogador experiente, no papel é um time que tem que brigar lá em cima, contra elencos modestos e cheios de moleques. Curioso também pela presença do público, uma incógnita…
O técnico Edinho Machado levará a campo uma equipe com três zagueiros. Mas, como Marcos Aurélio já atuou com volante em sua carreira, resta saber como estará posicionado. Se ficar à frente de Bonfim e Magrão, irá se configurar um 4-4-2. Se ficar na sobra, 3-5-2 mesmo. A conferir. Avante!
O zagueirão: motor 3.6 ainda pode render. Foto: Danilo Sardinha/GloboEsporte.com
Com atraso, mas sempre em tempo, um breve post sobre o último reforço anunciado pelo Noroeste, o zagueiro Marcos Aurélio. Mais um trintão (completará 36 em setembro). Mas está fininho, como se vê na foto ao lado — recente, do semestre passado, quando esteve no São José (marcou dois gols na Série A-2).
Aliás, o irmão mais novo do ex-volante Bernardo (titular do São Paulo nos anos 1980 e que esteve em Bauru na apresentação do técnico Edinho Machado) sempre chamou a atenção exatamente pelo porte físico, para se impor nas disputas de bola e no jogo aéreo. Se não é um primor de talento, está longe de ser um brucutu. Pelo que me recordo, atua mais na quarta-zaga, o lado esquerdo da defesa — mas também atuou como volante por vários clubes.
No Noroeste, o beque irá reencontrar Jorginho Paulista, com quem atuou no Tianjin Teda, da China, em 2006. Entre os títulos de seu currículo, o Paulistão de 2004 (pelo São Caetano), a Série A-2 de 2007 (Portuguesa) e o Baiano de 2009 (Vitória). As passagens por clubes grandes valeram como experiência, mas não foram bem-sucedidas. No Palmeiras, em 2002, apesar de uma sequência como titular, ficou o gosto amargo do rebaixamento para a Série B. Em 2005, um semestre apagado no Cruzeiro, outro ainda mais no Fluminense, coberto de vaias.
Por outro lado, Marcos Aurélio virou ídolo em Ribeirão Preto, ao ter atuação decisiva na partida que evitou o rebaixamento do Botafogo na elite estadual, em 2012. Em seguida, outra atitude louvável: foi para o Marília, mas, depois de dois jogos, pediu dispensa por não estar rendendo. “Não estava me sentindo bem e não sou nenhum sanguessuga para querer ficar mamando no dinheiro do clube sem me sentir à vontade para jogar“, disse na ocasião.
Que seu brio e sua vitalidade estejam com vento a favor, nesse novo desafio que abraçou, no Norusca.