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Análise da queda do Noroeste

As linhas a seguir não são um veredito. Aliás, tenho acompanhado as opiniões dos colegas cronistas, manifestações de torcedores, posicionamento de diretores. Cada um tem a sua verdade, mas há pelo menos uma certeza: poderia ter sido diferente, mesmo com todas as dificuldades.

Para começar, é necessário separar o resultado esportivo dos problemas extracampo. É claro que o rebaixamento foi consequência dos erros de gestão, não fiquei louco. Mas é preciso deixar claro que, não tivesse caído, os problemas seriam os mesmos. Então, não é preciso ir para uma divisão inferior para arrumar a casa. Afinal, faltou um pontinho! Pior: três golzinhos de saldo!

Fala-se muito em tragédia anunciada, mas tudo caminhou bem até a nona rodada. Dentro de campo, pelo menos. Repito: era possível se salvar, até mesmo sonhar com o G-8 e lembro de afirmar — e não fui o único — que esse time não caía. A equipe era raçuda, se desdobrava. Alguns torcedores, mais lúcidos (ou proféticos), só acreditavam na permanência depois dos mágicos 21, 22 pontos. Que não vieram.

Montagem sobre foto de João Carlos Amâncio/Blog do Norusca

Ainda parece inacreditável. Nas nove primeiras rodadas, 63% de aproveitamento. Cinco vitórias em nove jogos. Saldo positivo de sete gols. Nas dez últimas, dois míseros empates, aproveitamento de 6%. Seis-por-cen-to! É muita discrepância. O mesmo elenco, de uma hora para outra, não teve forças para jogar o mínimo. Por mais desqualificado tecnicamente, dois pontos em 30 é muito pouco, sobretudo pelo que mostraram antes.

Não era para cair. Não pelo que o time vinha apresentando. Há uma virada, um desconforto, algum episódio que desencadeou tudo isso. O que passa pela turbulência da gestão. Quando o bolso vazio dos atletas fez eco. Quando os desencontros entre o presidente e o vice se tornaram públicos. Foi logo depois de sofrer duas derrotas seguidas, para Audax (essa não merecida) e Velo Clube. Expirando o prazo para inscrição de jogadores, veio a inexplicável baciada de reforços, no susto, no desespero, a ponto de nota oficial do clube evidenciar a falta de sintonia entre Anis Buzalaf e Filipe Rino.

De repente, o elenco, que já vivenciava as dificuldades da diretoria para pagamento de salários, ficou inchado. Isso mexe com um grupo. Ainda mais quando tem que se despedir de amigos dispensados. E confunde todo mundo quando alguns deles (Manu e João Paulo) voltam logo depois.

A instabilidade chegou também no comando técnico. Carlos Alberto Seixas, treinador calejado, acostumado a gerir elencos cascudos e com pouca grana, perdeu a mão. Após a derrota para o Guaratinguetá, esquivou-se (“Eu não jogo, não posso fazer nada. Disse o que tinha que fazer, não fizeram…”). Desprotegeu o grupo, já fragilizado àquela altura — o mesmo grupo que ele tinhas nas mãos, nas primeiras rodadas.

No meio da sequência de jogos sem vitória e com os salários em atraso, bateu o desespero. O vice-presidente Filipe Rino foi a público questionar valores da presidência interina de Toninho Gimenez. Principalmente, sobre o destino do dinheiro da venda do goleiro Walter. Na ocasião, já era sabido que serviu para pagar tributos e outras dívidas. O dirigente voltou atrás, afirmou ter recebido de Gimenez as devidas documentações e o assunto foi encerrado. Mais uma polêmica em paralelo com o sofrimento em campo.

Vale um parêntese importante: nessa mesma época, o clube começou a divulgar os balancetes, a partir de dezembro de 2012. Uma transparência inédita nos últimos anos.

Na partida contra o São José, mais polêmica. No intervalo, a diretoria foi cobrar empenho dos jogadores, que na semana anterior ameaçaram iniciar uma greve. O destempero envolveu Carlos Alberto Seixas, que tentou impedir o ato. Não à toa, o treinador foi afastado. Não foi demitido, tanto que continuou a assistir treinamentos. Na prática, portanto, o impacto sobre o elenco, caso houvesse descontentamento com o técnico, foi pequeno.

Chegada a hora de tentar salvar o Norusca, surgiu a ideia de convocar Marco Antônio Machado, então comentarista da Auri-Verde, grande ex-jogador alvirrubro e tantas vezes treinador. Ele poderia ficar quietinho atrás do microfone, mas encarou o desafio. Poucos se aventuram numa barca furada. Arrisco dizer que futebol é uma cachaça para quem esteve lá dentro e ele viu uma oportunidade de retomar a carreira — mas só ele pode dizer e, oportunamente, falará. Marco pouco pôde fazer. E penso que melhor seria assumir à beira do campo, não como diretor técnico. Outra interrogação.

Contra o Santo André, o empate escapou no detalhe (o tal pontinho que faltou!). E o zagueiro Cazão desabafou ao repórter Jota Martins: “A vaidade acabou com o time!” Àquela altura, todos só queriam que o pesadelo acabasse logo, mas que desse tempo de acordar antes do precipício.

Às vésperas da decisão, entretanto, mais uma polêmica. E das bravas. Presidente e vice tornaram públicas suas desavenças, trocando farpas via imprensa. O estopim foi a parceria malsucedida com a empresária Edda Silvestro, articulada por Anis, barrada por Rino (que apresentou a “ficha corrida” das empresas da italiana). Ensaiaram uma trégua, tanto que postei a respeito, mas tive que corrigir no fim do texto, quando a coisa desandou de vez.

Foto: Cristiano Zanardi/Agência Bom Dia

Em paralelo, contas e contas. Era primordial secar os adversários, pois todos sabiam que o Capivariano seria difícil de bater. Não deu outra: os visitantes passearam no Alfredão, a Ferroviária fez sua parte e o Noroeste caiu. E não foram poucas as lágrimas nas arquibancadas. Cada vez é menos gente, mas enquanto houver um torcedor a chorar pelo manto alvirrubro, esse time centenário vai valer a pena.

O Conselho Deliberativo vai se reunir para repercutir a queda e  apreciar o pedido de renúncia do vice-presidente Filipe Rino (argumentou em carta sua divergência com Anis). Que todos, naquela sala, norteiem suas palavras e decisões pelas lágrimas do último domingo. Elas valem muito. Elas são o motivo do Norusca existir. Que discutam todos os erros da atual gestão, que não foram poucos. Mas com maturidade. Partir para bate-boca e acusações não vai resolver. Todos têm sua parcela de responsabilidade. E todos querem o bem do Noroeste, certo?

Repito: o clube não precisava da queda para se reerguer. Bastava se comprometer em rever erros e tentar um caminho diferente. Mas, está feito. Se já é tão difícil tocar o Alvirrubro sem apoio de boa parte da cidade, que dá de ombros, imagine sem a casa em ordem. Agora, o recomeço é obrigatório e com mais um degrau pela frente. Vem aí uma dolorosa caminhada para recolocar o Noroeste em seu devido lugar. Que Bauru acorde e acolha seu ícone.

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Foto 10: imagens da queda noroestina

Romão cobra pênalti no cantinho, deslocando Yuri: o início do desespero…
O professor Marco Antônio Machado, ao lado de Rodrigues: exemplo de doação ao seu querido Noroeste, pois pouco tinha a fazer
A Sangue Rubro apoiou o quanto pôde, mas foi difícil empurrar um time sem forças
A incredulidade no rosto do ex-presidente Claudio Amantini
Yuri na área: já não havia o que fazer…
O goleiro, amparado pelo colega Muralha, chorou muito ao final do jogo
Dói demais ver uma cena dessas. O noroestino Marcão, desolado, após a confirmação do rebaixamento
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Aos trancos e barrancos, diretoria tenta recolocar Noroeste nos trilhos

Filipe Rino e Anis Buzalaf: diferenças resolvidas? Foto: João Carlos Amâncio/Blog do Norusca

 

Não é a semana ideal para polêmicas. Mas pior seria fugir delas. Às vésperas de definir sua sobrevivência na Série A-2, o Noroeste vive momento turbulento nos bastidores. O que era desconfiança, a falta de sintonia entre o presidente Anis Buzalaf e o vice, Filipe Rino, ficou evidente. Os dois, entretanto, chegaram aparentemente a uma trégua ontem.

É que cada um corre para um lado. Filipe na linha de frente, no dia a dia do clube. Anis tentando viabilizar novas rendas e sendo sondado aqui e ali por potenciais investidores. Filipe apaga os incêndios na imprensa, Anis às vezes toma decisões sem consultar seus pares (como os empréstimos de jogadores são-paulinos).

A gota d’água desse desencontro se deu nesta semana. Surgiu a duvidosa proposta da empresária Edda Silvestro, em conversa reservada com Anis. O presidente, entretanto, prontamente rechaçou o acordo ao tomar conhecimento de informações levantados por seu vice, em companhia do irmão (e diretor jurídico), Thiago Rino. A diretoria aproveitou para esclarecer que não está rachada e que as divergências terão efeito construtivo para o clube.

Nos últimos dias, o clube também divulgou os fluxos de caixa de dezembro/2012, janeiro e fevereiro. Tem feito ginástica financeira para honrar os compromissos. Empréstimo, doações, antecipação de patrocínio… A realidade do Norusca, nua e crua, em cada centavo. Conclui-se que, mesmo aos trancos e barrancos, com vacilos, certa ingenuidade e com muita vontade de acertar, o Noroeste vai sobrevivendo.

Os rumos do próximo semestre — e de 2014, principalmente — independem de ser rebaixado ou não no próximo domingo. Se o time se salvar, nada de oba-oba. Da mesma forma haverá cacos para juntar, coisas para repensar. Com vontade e transparência, dá para voltar aos trilhos. Desde que, definitivamente, os mandatários falem a mesma língua.

Atualizado: pelo jeito, a trégua durou pouco… Presidente e vice estão trocando farpas via imprensa. Anis Buzalaf fez duras declarações em reportagem dessa quinta, no Jornal da Cidade. Ainda sobre a polêmica tentativa de parceria com a empresária Edda Silvestro, o Bom Dia destacou a discussão via cartas abertas entre ela e Filipe Rino. Está tenso o clima e o Noroeste só tem a perder com isso.

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Noroeste perde para o Santo André e o pesadelo continua

Ramalhão e Norusca se enfrentam no Bruno José Daniel. Foto: Brunara Ascêncio/ECN

 
Carlos Alberto Seixas deixou o comando, o faz-tudo Luciano Sato assumiu. E o professor Marco Antônio Machado foi convocado em cima da hora para tornar-se diretor técnico, para contribuir com sua bagagem nesse momento difícil. Mas não teve jeito. Mais uma derrota na conta do combalido Noroeste. Dessa vez, para o Santo André, lá no ABC (1 a 0).

Depois de equilibrar um primeiro tempo sem grandes emoções, o Norusca descuidou logo no início do segundo, quando Juninho aproveitou sobra na área e completou, aos 15. O Alvirrubro construiu poucas chances de tentar o empate e ainda viu dois de seus jovens jogadores discutirem em campo (Romarinho e Ruan ganharam amarelo por causa disso).

Por sorte de outros resultados, o Noroeste chegará à última rodada da primeira fase fora da zona de rebaixamento, isto é, dependerá apenas de suas forças para sobreviver na Série A-2. Mas terá um difícil adversário no Alfredão, o Capivariano, time que está no G-8. Tem que orar, sim, inclusive para abençoar os pés calejados dos atletas da Maquininha, pois o clima do vestiário não está nada bom.

“A vaidade acabou com o time!”, desabafou o zagueiro Cazão ao microfone de Jota Martins (87FM/Jornada Esportiva). Luciano Sato comentou a declaração do jogador e minimizou a discussão entre Ruan e Romarinho. “O companheiro tem que aceitar a cobrança do outro. Vamos conversar para resolver esse assunto, trabalhar durante a semana, tirar lição daqui e ganhar do Capivariano para sair dessa situação”, avisou o faz-tudo.

O Norusca perdeu sua nona partida com Yuri; Neto, Cazão e Bonfim; Júnior Maranhão (Romarinho), Pedro, Ruan (Adriano), Emerson e Samuel Balbino (Adílson); Diego e Bruno.

Domingo será dia de empurrar o Noroeste, colocar o coração na frente da decepção.

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Noroeste perde mais uma e Z-4 assombra

Direto do Alfredão

Haja gordura para manter o Noroeste vivo! Ao perder para o São José (1 a 0) e chegar à oitava partida sem vitória (22 pontos perdidos em 24 disputados), o Norusca está dois pontos acima da zona de rebaixamento graças ao aproveitamento de 63% nas nove primeiras rodadas (contra 8% nas oito jornadas seguintes!!!).

Foi piada pronta. Debaixo de um dilúvio, o Alvirrubro afundou — a foto acima ilustra bem o aguaceiro que inundou, principalmente, o segundo tempo do jogo.

Mais uma vez na competição, o Noroeste desperdiçou cobrança de pênalti. Dessa vez, o meia Emerson. Quando ele cobrou, no fim da primeira etapa, o São José já vencia por 1 a 0, graças a penalidade máxima duvidosa.

Na volta do intervalo, além dos joseenses, as poças d’água também foram adversárias. O Noroeste pressionou como pôde, mas os visitantes foram mais perigosos, em contra-ataques mano a mano. Chance real de gol para o Norusca, mesmo, só no finalzinho, quando a chuva era mais branda e Diego, após rebote de escanteio, chutou da entrada da área e a zaga tirou em cima da linha. Àquela altura, Bonfim havia virado atacante, o goleiro Yuri ia para a área tentar de cabeça…

O zagueiro e capitão, aliás, arriscou até uma cobrança de falta, mas, ali, fez média… Não é a dele, acertou a barreira, mas saiu sob aplausos da galera.

Agora, além de um mínimo de competência, o Noroeste precisa de sorte e de reza.

Debaixo d’água, perdeu jogando com Yuri; Bonfim, Cazão e Neto; Júnior Maranhão (Manu), Pedro, Ruan (Romarinho), Emerson (Bruno) e Adílson; Diego e João Paulo.

Bronca
Tanto Jota Martins (87FM) quando Jota Augusto (Auri-Verde) relataram no intervalo que a diretoria noroestina foi ao vestiário cobrar atitude dos jogadores. Disseram que o teor da conversa foi cobrar a mesma coragem que os atletas tiveram em articular uma greve (pelo atraso de salários), que acabou frustrada.

Balancete
O Noroeste divulgou o fluxo de caixa do mês de dezembro de 2012 e promete logo mostrar o de janeiro de 2013. Em dezembro, relata um saldo “positivo” de R$ 12,8 mil. Entre aspas porque, dentro do ativo, há um empréstimo de R$ 56 mil.

Polêmica amenizada
Fez-se muito barulho sobre a venda do goleiro Walter, sobre contas nebulosas na gestão interina de Toninho Gimenez, mas logo a poeira baixou. Segundo o próprio vice-presidente Filipe Rino relatou, todos os recibos e contratos foram entregues. Aliás, já era sabido desde a ocasião da venda de Walter que o dinheiro seria usado para quitar tributos, conforme a imprensa noticiou na época (como exemplo, esta matéria do JC).

Entretanto, a acusação de que ex-dirigentes melaram um patrocínio de uma rede de supermercados segue sem explicação.