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Vitória sobre o Flamengo é lição do Paschoalotto Bauru para o basquete brasileiro e o que pretende ser

Não que Bauru ainda precisasse de alguma prova de que é um time poderoso, candidatíssimo ao título do NBB7 e do que mais vier pela frente. Mas carimbo é carimbo e vencer o Flamengo no Rio, com propriedade — 84 a 77, liderando o placar de ponta a ponta –, vale como atestado de grandeza. E vale também como aprendizado para quem faz basquete no Brasil: Liga, imprensa em geral e principalmente para a Rede Globo (rede mesmo, TV aberta, fechada, internet e Globo Marcas). O basquete brasileiro vai crescer por ele mesmo, do tamanho que tiver que ter. Ter o poder da camisa do Flamengo é ótimo, mas não pode ser a âncora dessa embarcação — afinal, pode mantê-la segura, mas não a tira do lugar…

Explico. Matéria na home do GloboEsporte.com — parceiro de conteúdo do NBB, diga-se — só do Flamengo. Estou generalizando, claro, mas quem estiver disposto a contabilizar daqui pra frente, vai dar mais de 90%, pode apostar. No principal programa esportivo da Globo, o Globo Esporte, o NBB recebe no máximo menções. Não dá tabela de jogos, classificação… O jogador tem que ter alguma excentricidade fora da quadra pra merecer matéria, o jogo importa menos. Para esses dois exemplos, como comunicador que sou, não posso ser ingênuo: a resposta é audiência. Você oferece o que a maioria quer ver e o basquete não está com essa bola toda.

Portanto, repito: o basquete tem que ter o tamanho que tiver que ter. Sem megalomania. Tem que ser um produto bom para o seu nicho. Esqueçam massificação. Bauru ganha a Liga Sul-Americana e não ganha nem nota de rodapé nos jornalões. Os grandes portais priorizam a NBA. E não vai ser o Flamengo que vai mudar isso.

Foram míseros 996 torcedores para o principal jogo da competição até aqui, que teve como mandante o clube de maior torcida no Brasil, na segunda maior cidade do país. Em Bauru, no jogo da volta (30/jan, às 19h30), vai ter o dobro de gente na Panela. Numa cidade muitas vezes menor do que o Rio… A Barra pode ser de difícil acesso, a divulgação da partida pode ter deixado a desejar, o horáro (21h) ruim, mas mesmo assim é muito pouca gente… Ok: nem todo flamenguista gosta de basquete. Mas já lotaram a mesma arena em jogos filé. Portanto, há pelo menos dez, quinze mil flamenguistas que gostam de basquete. E se eles gostam, mas não consideraram filé o jogo contra Bauru, há aí uma questão para o divã rubro-negro. E principalmente para LNB e NBA refletirem.

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O ginásio é gigantesco, mesmo assim havia mais cadeiras vazias do que o maior dos pessimistas pudesse imaginar…

Pelo que ouvi aqui e ali, a NBA engrossou para a soberba rubro-negra. Deu de ombros para o tamanho do Flamengo, que foi o último clube a assinar o contrato de parceria. Porque a NBA sabe ganhar dinheiro com quem gosta. E vai saber ganhar dinheiro seja qual for o tamanho do universo basqueteiro do Brasil. Que não é muita gente percentualmente, em comparação com outros esportes, mas é muita gente em números absolutos. E que está, principalmente, em Bauru, em Mogi das Cruzes, em Limeira, em Franca, em São José dos Campos, em Fortaleza…

Eu já escrevi defendendo o jogo único na final, como “mal necessário” em certo momento da Liga, principalmente porque quatro pontos de Ibope na TV Globo é gente pra c… Mas refleti mais e hoje seria contra. Porque é gente que vê um time de azul contra um time de branco. Que não sabe o nome dos jogadores e que a Globo não se esforça para apresentá-los, ser didática sobre o campeonato. Quer mostrar enterrada e só. O Jogo das Estrelas, por exemplo, é aquele constrangimento, um show de auditório de Tiago Leifert. Informação beira a zero. Isto é: muita gente pode até ver, mas é só quantidade, não é qualidade. E é o público de qualidade que vai consumir os produtos derivados do NBB.

O sonho da TV aberta só vai funcionar de uma forma: fora da Globo, que só passa a final — estava previsto o jogo de abertura entre Flamengo e Paulistano e não foi cumprido. Tem que ser como a Band fazia nos anos 1990: um ou dois jogos por semana, o campeonato todo. Só a final vai agregar muito pouco. Será que a Band toparia? A RedeTV? Se não vier isso, tudo bem. O fato é que o lugar do basquete brasileiro é a TV fechada. E o Sportv até cumpre bem esse papel. Falta apenas dar mais espaço ao NBB em seus jornalísticos (Sportv News e nas mesas como o Redação e o Arena).

Pra finalizar, não sou daqueles que vilaniza a Globo. Ela é parceira fundamental da LNB, estendeu a mão a uma competição que saiu da lama há oito anos. Conferiu credibilidade a ela. Mas o filho cresceu, está mais maduro, naquele momento em que proteção demais atrapalha. Está na hora de tirar as rodinhas.

 

Fotos: Henrique Costa/Bauru Basket

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Esportes

Fala, universitário: Renato Diniz analisa 1º GP da F1

Melbourne: deu Vettel, mas…

Por Renato Lopes Diniz

Vettel na frente: rotina em 2011?

Fim da angústia dos fanáticos pela velocidade. A Fórmula 1 começou depois de uma escapada na grama causada pela política.

A temporada 2011 teve início com 15 dias de atraso, não exatamente por causa das revoltas no Bahrein, mas por causa do grande atraso ético da categoria, que tem longo histórico de convivência amistosa com ditaduras e opressão (cito como exemplos o general Franco na Espanha e o regime de apartheid na África do Sul). Sem condições para a realização do GP, o jeito foi cancelá-lo.

Concentrando-nos apenas nas pistas: as mudanças no regulamento implorando por ultrapassagens deixam claro que as corridas não estavam agradando. Na Austrália, as disputam foram razoáveis. Se formos considerar que Melbourne praticamente não permite ultrapassagens, digamos que a missão foi cumprida.

Não dá para afirmar com certeza que a Redl Bull está um degrau acima. Vettel ganhou com facilidade, mas seu companheiro Mark Webber, correndo em casa, fez uma corrida apagadíssima. Talvez possamos concluir o óbvio: Vettel é gênio, Webber não.

Já o russo Vilay Petrov foi a grata surpresa. O seu lugar no pódio – primeiro da Rússia na categoria – deixa claro que a Lotus Renault (a preta e dourada) será uma das grandes de 2011. Imagine se Kubica estivesse lá…

Já o caso dos brasileiros não abre espaço para o “se”. Massa resistiu 11 voltas aos ataques de Button. Perdeu a posição e, logo em seguida, foi ultrapassado por Alonso, sem qualquer resistência. Desse jeito, não passará de um escudeiro.

E enquanto Marussia Virgin, Hispania e Team Lotus (a verde e amarela) se consolidam como equipes pequenas, não há mais dúvida de que a Force India se estabelece como equipe mediana (no bom sentido). Seus dois carros pontuaram na Oceania.

Fica dica:
Para quem não tem mais paciência com Galvão Bueno, Reginaldo Leme e Luciano Burti, a dica fica para a ótima transmissão da Rádio Bandeirantes. Além de precisa, é agradável e divertida. De madrugada então, ajuda a não perder o sono.

Renato Lopes Diniz é estudante do quarto ano de Jornalismo da Unesp/Bauru, estagiou na 94FM e irá assumir novo desafio na rádio Auri-Verde.
twitter: @russologoexisto
blog: www.russologoexisto.blogspot.com


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Esportes

Clube dos 13 rachado. E agora?

Tentando entender (e lamentando) essa polêmica, Canhota 10 opina

Tudo parece um grande teatro. Mas que não tem graça nenhuma. Há alguns dias, a Caixa Econômica Federal resolve ligar para o São Paulo e, finalmente, entregar a Taça das Bolinhas ao então (oficialmente) único primeiro pentacampeão brasileiro desde 1971. Isso depois de muito tempo que a Confederação Brasileira de Futebol havia se pronunciado que o troféu pertenceria ao Tricolor. Eis que, uma semana depois, a CBF resolve, depois de 24 anos, reconhecer o Flamengo como campeão brasileiro de 1987 – apenas dois meses depois de afirmar o contrário, na ocasião da unificação dos títulos nacionais.

É ou não é um grande teatro? O afago aos rubro-negros – imagino que fruto de convencimento de um amigo em comum de CBF e Mengo, a Traffic – rendeu a Ricardo Teixeira um importante aliado, a partir do momento em que o clube carioca se juntou aos coirmãos, e ao Corinthians, na debandada do Clube dos 13. No caso do Fla, com o pretexto de estar magoado pela agremiação não tê-lo apoiado na empreitada de reconhecimento por 1987.

O mais lamentável dessa ruptura é que ela acontece no exato momento em que veríamos uma boa disputa pelos direitos de transmissão do Brasileirão no triênio 2012-2014. Estava curiosíssimo para ver o resultado da licitação e não concordo com o argumento do Botafogo, que imaginava perder dinheiro de patrocinadores caso a Globo não continuasse como detentora. Como bem lembrou o diário Lance! de hoje (24/2), três grandes recordes de audiência do futebol na TV (índice do Ibope em São Paulo) são em outras emissoras: a final da Libertadores-1992, na Rede OM (comandada por Galvão Bueno, à época), a final da Copa do Brasil-1995 (no SBT) e a final do Mundial de Clubes-2000 (na Band). O torcedor seguirá seu time, seja qual for o canal.

Outro receio – felizmente já rechaçado pelos dissidentes cariocas – era o de se ter ligas nacionais distintas, que renderiam mais astericos no bagunçado histórico do Campeonato Brasileiro. Mesmo assim, a confusão de direitos de transmissão negociados individualmente, ou por blocos, gerará situações inusitadas, como muitas partidas importantes não televisionadas por envolver times que negociaram com TVs diferentes…

Por fim, o mais lamentável é que tudo isso acontece a pouco mais de três anos para a Copa do Mundo no Brasil. Essa Copa que só nos poupará de uma vergonha mundial a partir do momento em que o sinal vermelho acender e o dinheiro público jorrar em cima da hora. Os últimos tempos – e os que estão por vir – no futebol brasileiro se resumem a muita politicagem e ganância e o torcedor, que deveria ser o protagonista, como consumidor que é, não é bem tratado. Nessa relação, o cliente não tem razão porque nem ouvido ele é.

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Bauru Basket

Opinião sobre o polêmico jogo em Assis

Time atende solicitação da Liga e deixa de jogar com Paulistano na Luso

Ao final da partida contra Limeira (derrota por 97 a 94 na Luso, dia 25/1), Guerrinha foi questionado pelo repórter Thiago Navarro, do Jornada Esportiva, sobre a alteração de datas e horários das partidas contra Pinheiros e Paulistano – este para 11/2, às 16h, em Assis – em acordo logístico entre clubes, Liga e TV. No dia anterior, Assis virá jogar em Bauru contra o mesmo Paulistano, fazendo a preliminar de Bauru x Pinheiros (19h).

O treinador aprovou a mudança pensando na visibilidade das duas partidas televisionadas pelo Sportv. Em seguida, o diretor financeiro Eder Poli comentou que, financeiramente, por causa da renda, o time sai perdendo, mas que entendia que um não, nesse momento, poderia significar menos jogos na TV adiante. Para compensar, afirmou que tentará patrocínio de ocasião na camisa de Guerrinha para trazer verba para o clube – que fique claro.

Entendo o posicionamento de torcedores, obviamente lesados por ter sido subtraído deles o direito de apoiar o time contra o Paulistano. Também é forte o argumento do Rafael Antonio, do Jornada, de que os clubes precisam se valorizar mais perante as exigências da TV. Mas há um outro lado: talvez o momento seja de ceder agora – dar um passo para trás que renda dois para frente no futuro.

Por mais que os clubes não recebam cotas de TV, não se pode esquecer de que a Globo é a gestora da marca NBB e, não fosse ela, talvez o campeonato – que está reerguendo o basquete nacional -, não existisse. Foi ela, Globo, quem fechou os patrocínios de Caixa e Eletrobras, fundamentais para a sobrevivência da Liga – e, não se iluda, não é muita grana para alguém questionar um rateio entre os clubes. Mal pagaria o salário do Ronaldinho Gaúcho no Flamengo…

Por mais que não haja significativa audiência às 16h de uma sexta-feira, certamente o patrocinador tem retorno de mídia (minutos em que a marca aparece correspondem a significativa economia em gastos com publicidade – o que a Itabom gasta por mês com o time de Bauru é irrisório perto do que gastaria com tempo semelhante em publicidade na TV, mesmo a paga). E, é claro, o patrocinador investe no time para ter retorno, que vem dessa visibilidade. Elementar…

Se os clubes avaliarem ser um mau negócio, que não repitam. Mas não vejo a experiência como danosa para o Bauru Basket. E é isso mesmo: experiência. Só fazendo para ver se dá certo.

Repito: os torcedores têm todo o direito de reclamar. Mas, de tão apaixonados que são pelo Bauru Basket, acabarão por compreender. Afinal, a Itabom sai ganhando com a rodada dupla. E sem a Itabom, nada feito, certo?