A vitória do Gocil Bauru Basket sobre Osasco, por 70 a 69, na Panela de Pressão, foi mais um passo importante para calejar a equipe até que os medalhões estejam aptos a estrear. Como a primeira fase do Campeonato Paulista (que classifica todo mundo!) permite experimentações, o técnico Demétrius tem aproveitado bastante para ambientar o armador Anthony, dar confiança física a Isaac e, principalmente, testar variações táticas.
Foi possível ver o norte-americano (19 pontos de média em dois jogos!) atuando ao mesmo tempo na quadra com Stefano e Gui Santos. O menino argentino, aliás, tem aproveitado a oportunidade e está ganhando confiança para merecer ser a sombra do gringo. Outra movimentação que vem acontecendo é o ala-pivô Gabriel Jaú explorar sua versatilidade, conduzindo a bola em algumas situações e flutuando para fora do garrafão como opção ofensiva. Dema, claro, explica melhor no áudio abaixo, em entrevista que fiz com ele na Panela após a peleja:
Fala, Anthony!
Conversei pela primeira ao vivo com o camisa 0 do Dragão — já havia o entrevistado remotamente. Para poupá-los da pronúncia macarrônica do meu inglês, segue em texto o que o armador respondeu sobre suas primeiras impressões do time, da Panela e do seu entusiasmo:
“A primeira impressão no ginásio foi boa. Gostei da torcida, gosto do meu time. Fiquei animado com a vitória e estamos crescendo. Eu treinei bastante nas férias e o treinador me colocou em boas situações de jogo. Tenho bons companheiros de time e estou orgulhoso de ser um deles. Tenho muito a aprender ainda, mas com o tempo vou melhorar”, disse Anthony. Com o tempo, ele vai deitar e rolar. Guardem o troféu de melhor armador do NBB pra ele.
Procura-se um novo Robert Day. Esse é o perfil de ala, pontuador, que o Gocil Bauru ainda busca no mercado. Foi a pista que o técnico Demétrius Ferracciú deu após a estreia do Dragão no Campeonato Paulista — derrota para o Pinheiros por 67 a 58. Ao que tudo indica, será um gringo. Ao contrário de outras negociações, o nome ainda não vazou no campo das especulações — a não ser que Trey Gilder volte à baila.
Peguei carona na entrevista pós-jogo da Auri-Verde, conduzida pelo colega Lucas Rocha, na qual Dema falou, além dessa procura, sobre e a dinâmica do mercado basqueteiro. Emendei duas perguntas sobre o perfil do novo elenco, que aparenta trilhar o caminho de um jogo de mais intensidade.
O alvo
“Visando a temporada toda, precisamos de um jogador com característica parecida com a do Robert Day, um cara que tenha a mão quente. Mas são suposições. Não que não estejamos atrás desse jogador, mas temos que trabalhar com o que temos hoje e focar nesse entrosamento. Isso leva um tempo e o objetivo é alcançar esse padrão próximo aos playoffs [do Paulista].”
Mercado
“Havia jogadores que saíram que gostaria de contar. Mas foram situações de agentes, do mercado que deu uma inflacionada grande… O que temos que entender é que, às vezes, você tem a oportunidade, mas não tem a condição de fechar o negócio. Aí, a oportunidade passa. O mercado é muito rápido. Para nós, não é fácil essa situação de patrocínio e só temos que agradecer aos patrocinadores que estão investindo e acreditando no Bauru Basket. Só que a gente está um pouco limitado em relação a ter mais jogadores para ajudar a equipe.”
Elenco mais físico
“O objetivo é esse: ganhar em saúde, no sentido de ser um time físico para ter opções táticas com bastante variações, principalmente no setor defensivo, com trocas, sem corte, rebotes… Estamos estudando, analisando. Eu vou levar um tempo até fazer a equipe jogar do jeito que quero. Pode haver circunstâncias no meio do caminho que vou ter que mudar para adaptar os jogadores que vão chegar. Porque são jogadores diferentes, que não estão adaptados ao nosso estilo de jogo, mas ao mesmo tempo são de qualidade e isso pode facilitar.”
Primeira fase morna do Paulista
“Esse pode ser o lado bom, de ter uma tranquilidade para trabalhar o time e chegar a uma boa posição no campeonato. O Anthony chegou e pode nos ajudar bastante, desequilibrar. Vamos encaixando essas peças, que vão entrando no esquema para continuarmos brigando e mantendo o basquete de Bauru sempre em alto nível.”
Desde que a bomba estourou no último domingo, a pergunta foi imediata: o que será do Gocil Bauru sem Rafael Hettsheimeir? Afinal, despedia-se o cestinha do time, com 19, 9 pontos de média, e também maior reboteiro (7,8 por jogo). E a reação da torcida também cravava o fim do sonho do título do NBB — como se ele estivesse tão realizável assim antes…
Pois bem. Começando pelo caneco, como esta nona edição do Novo Basquete Brasil está maluca (um perde-ganha sem precedentes), o Dragão pode sim continuar sonhando com o título. Seria difícil antes, continuará difícil agora. Pode sonhar, não delirar. Mas quando vemos que o bicho-papão Flamengo mostrou suas fraquezas, que Mogi ainda não se encontrou e até o arretado Vitória, quem diria, já figura no G-4… Portanto, a briga está aberta, mesmo sem Hettsheimeir.
A saída do Canela fora ensaiada outras vezes, agora o leite derramou, vamos em frente. Claro que seria muito melhor com ele aqui, mas é hora de olhar para a metade cheia do copo, como dizem os gurus da autoajuda. E este Canhota 10 colheu otimismo nos números. A defesa melhorou. E defesa é o pilar da vitória no basquete.
Ah, mas você está se baseando em apenas duas partidas? Estou, porque a amostragem ajudou. O então líder (Flamengo) e o penúltimo colocado (Macaé). Um de cada ponta, com o acréscimo de dificuldade de serem embates fora de casa. Aos números:
• Bauru chegou ao Rio de Janeiro com média de 79 pontos marcados e 77 sofridos. A média dos embates contra Flamengo (72 a 63) e Macaé (87 a 67), foi de 79 a 65. Isto é: o time se desdobrou para suprir a artilharia de Hett; a defesa sofreu 15% menos pontos.
• O Flamengo nunca havia feito tão poucos pontos numa partida deste NBB 9. O mínimo rubro-negro havia sido 83! Isso, 20 a mais.
• Mesmo lá no fundão, o cascudo Macaé vende caro suas derrotas. A diferença de 20 pontos foi a maior sofrida numa derrota deles. E a marca de 67 pontos no ataque foi a quarta menor da equipe.
• A média de roubos de bola do Dragão era de 6,2 por jogo. Contra Flamengo e Macaé, foi de 9,5. Talvez esse aumento justifique um número que não cresceu, o de rebotes defensivos. Caiu de 29,5 para 26. Qualquer hora eu me debruço nos escautes dos 16 jogos para achar mais pistas.
O fator Shilton
O camisa 6 bauruense vinha fazendo uma temporada bem discreta, até mesmo questionada pela torcida. Pois deu resposta rápida à responsabilidade que caiu sobre seus ombros, que foi saltar de 12min por jogo para 30min — sempre comparando as médias das 14 primeiras partidas com as das duas últimas.
Ninguém vai cobrar do Shiltão da massa um desempenho ofensivo do nível de Hett, que tinha o jogo externo como diferencial. Mas o fato de ele ter saído de 3,9 pontos por jogo para os dois dígitos (10, cravado) já é animador. Nos rebotes, aí sim sua grande virtude, ele tinha 3,2 e contribuiu com 7,5 por partida na excursão fluminense.
Alex Garcia, em entrevista à repórter Giovanna Terezzino na transmissão web da Liga, pós-jogo contra o Macaé: “Perdemos o cestinha do time, vai fazer muita falta, mas temos que nos adaptar sem ele. Conversamos bastante com o Shilton, pois com mais minutos, vamos precisar mais dele no ataque e está funcionando. Na defessa, ele está fazendo um grande trabalho, até um pouco melhor do que o Rafael”. Palavra do capitão.
Shilton vai render sempre assim? Não. Todo jogador oscila. Por isso Maicão e Jaú precisam ganhar confiança, assim como Jefferson já entendeu — e colocou em prática — que será o protagonista no garrafão, além de ser o homem da bola de três, definitivamente.
O time vai sempre ser impecável na defesa? Claro que não, sobretudo nessa temporada maluca, de altos e baixos. Por isso falamos de médias, de um comportamento de jogo desejável — que o técnico Demétrius certamente cobra no dia a dia. E se Bauru quiser continuar bem, mesmo sem Hettsheimeir, a receita está pronta, com tempero carioca.
Foi uma grande correria durante o dia, pois havia um prazo limite, mas o Gocil Bauru conseguiu inscrever o armador Gegê e o ala Gui Deodato a tempo de enfrentar o Flamengo na estreia da nona edição do Novo Basquete Brasil (NBB). Assim, o Dragão vai completo para a partida, com seu elenco mais encorpado para encarar o pentacampeão brasileiro (e adversário nas duas últimas decisões da competição).
O esforço em inscrever os dois atletas se justifica: Apesar do pouco tempo de treinamento, o técnico Demétrius Ferracciú conta com os ex-rio-clarenses no revezamento. “Minha ideia de usá-los nesse sábado é em cima de algumas situações específicas que conseguimos treinar durante a semana. Com isso, eles poderão estar entrosados nesse sentido”, disse ao Canhota 10. Ele está animado com as novas peças. “São dois jogadores campeões, o Gegê pelo Flamengo, o Gui por Bauru. Eles vão trazer uma rotação maior, uma consistência defensiva a mais e também qualidade ofensiva. Conto muito com eles nas duas competições que temos pela frente”.
EMPOLGADOS
Os dois novos reforços estão animados com a oportunidade, depois de verem Rio Claro desistir do NBB 9. “Estou muito feliz de voltar para Bauru. Me sinto muito mais preparado e aprendi muito nesse tempo fora. É uma grande alegria saber que o Gocil Bauru conta comigo e que vou poder ajudar meu time de coração”, celebrou Gui, radiante pelo retorno pra casa, via assessoria.
“Estou feliz por ter fechado com uma equipe gigantesca como o Gocil Bauru. É uma cidade que respira basquete, um time de tradição e fico na expectativa de ajudar ao máximo. Pode ter certeza que não faltará luta e muita dedicação com essa camisa”, prometeu Gegê, que em vídeo no Facebook lembrou de seu passado rubro-negro e disse agora querer sentir a energia da Panela do lado de cá.
No Media Day que aconteceu hoje em Bauru, Gegê vestia a camisa 16 (do ala-armador Gui Bento) e Deodato, a 22 (que era de Booker), ao contrário do que o C10 contou, que o carioca vai jogar com a 19 e o Batman, com a 1. Creio que improvisaram, porque os mantos já deviam estar prontos antes das contratações. Vejamos como estarão no sábado.
INGRESSOS
Se você ainda não comprou ingresso para a partida contra o Flamengo (sábado, 5/nov, 14h, na Panela), corra! Você pode comprar na loja Copical Tintas ( Getúlio Vargas, 17-70) nesta sexta, das 8h às 18h, ou online, no site da Total Player (aqui). A bilheteria do ginásio irá abrir ao meio-dia do sábado com os ingressos restantes. Preços: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) para arquibancada e R$ 100 para cadeira de quadra.
Cinco dias depois de começar seu trabalho à frente do Paschoalotto Bauru — e a exatamente uma semana da estreia no NBB 8 —, o técnico Demétrius comandou seu primeiro confronto, dos dois amistosos que solicitou à diretoria. Fora de casa, o Dragão derrotou Rio Claro por 79 a 75.
“O começo foi um pouco travado, estamos adaptando algumas situações novas que foram implantadas, mas no geral foi bom para ganharmos entrosamento e ver o que precisamos melhorar. Amistosos como esse são bons para dar situação de jogo e sabermos os pontos que precisamos corrigir”, comentou o novo treinador, via assessoria.
NOVIDADE NO GARRAFÃO
A partida amistosa também marcou a estreia do pivô Thiago Labbate (32 anos, 2,08m), que chega com contrato até o fim do NBB, sobretudo para ajudar no revezamento, já que Murilo, por conta do descolamento de retina, só volta em 2016.
Vice-campeão do NBB 6 com o Paulistano, Labbate atuou em 30 partidas da última edição do nacional, com médias de 8min em quadra, 2,5 pontos e 2,2 rebotes por jogo. Já no Campeonato Paulista 2015, atuando por Osasco, teve mais tempo de quadra (19min) e melhorou seu scout: 8,2 pontos e 4,5 rebotes.
“É a oportunidade da minha vida. Estou muito feliz, espero jogar 200%, me dedicar em todas as bolas e dar o sangue em busca de vitórias. Vou dar o melhor de mim e quero ajudar Bauru a conquistar títulos”, disse o pivô.
Labbate não é nem de longe o pivô dos sonhos, mas o garrafão bauruense está com mais minutos disponíveis do que gente. Sem contar que o orçamento está no limite e o mercado praticamente está sem peças disponíveis. Se utilizado para o serviço sujo, sem grandes expectativas pelo lado ofensivo, pode ser útil. Ainda mais empolgado que está, com a oportunidade que surgiu em sua carreira. Mas que não tire os minutos de Wesley Sena, a joia bauruense.
NUMERALHA
Rafael Hettsheimeir: 16 pontos, 4 rebotes
Ricardo Fischer: 14 pontos, 5 assistências
Jefferson William: 12 pontos, 9 rebotes
Robert Day: 12 pontos
Thiago Labbate: 8 pontos, 7 rebotes