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Bauru Basket

Ex-Bauru, Wesley Sena começa a trilhar sua história no Barcelona

Considerado a grande joia do Bauru Basket nas últimas temporadas, o pivô Wesley Sena acabou batendo asas cedo. Sua estratégia de ascensão funcionou: inscreveu-se para o draft da NBA e assim ganhou cartaz, rumando para a Europa para vestir uma camisa poderosa, a do Barcelona. Para o time B, las canteras, como chamam a base. Mas, com menos de três meses na Espanha, o atleta de 20 anos já fez sua primeira partida na poderosa Liga ACB.

Postagem do twitter oficial do Barça Lassa, no exato momento em que eles estreava na ACB
Postagem do twitter oficial do Barça Lassa, no exato momento em que eles estreava na ACB

No dia 23 de outubro, Wesley entrou em quadra contra o Bétis, na vitória por 80 a 58. Teve a oportunidade de atuar por 2min54, anotar um ponto em lance livre e pegar dois rebotes. Antes, no dia 21, Sena já havia experimentado outro momento especial. Fora relacionado pelo grego Georgios Bartzokas, técnico do Barça Lassa, para um jogo da Euroliga! O camisa 28 (no time B, veste a 19, como mostra a foto acima) compôs o banco na partida contra o Fenerbahçe. E já compôs o elenco por mais duas vezes na competição europeia, inclusive ontem (2/nov), contra o tradicional Maccaabi, em Tel Aviv. Isto é: o garoto está viajando com as feras, aprendendo muita coisa, experimentando o mais alto nível do basquete europeu do lado de dentro.

No detalhe, o meninão espiando atentamente a prancheta do treinador
No detalhe, o meninão espiando atentamente a prancheta do treinador

Antes, o pivô já havia atuado no time principal na pré-temporada. Chamou a atenção logo no segundo amistoso, anotando 14 pontos e pegando quatro rebotes contra o Andorra, quando chamou a atenção do diário catalão Sport. Outro momento comandado por Bartzokas foi no título da liga catalã. E até chegar a esse momento na ACB, Sena havia feito quatro partidas pelo time B na segunda liga espanhola, a LEB Oro, com médias de 14min, 6,3 pontos e 3,5 rebotes. É só o começo de um contrato de duas temporadas.

FALA, WESLEY

Às vésperas de embarcar para Barcelona, o jovem de 2,09m de altura falou com o Canhota 10. Confira os principais pontos da conversa:

A oportunidade
“O Barcelona entrou em contato com o meu agente assim que terminou a temporada. Meu contrato aqui havia acabado, passei a situação para o Bauru e eles apoiaram, me ajudaram.”

O sonho de jogar na NBA
“Colocar o nome no draft me ajudou bastante [a chamar a atenção dos europeus]. Estar no basquete europeu é uma grande oportunidade para ser mais visto pelos treinadores para ser avaliado numa próxima oportunidade.”

Treinos com a Seleção antes da Olimpíada
“Eu não esperava a convocação do Magnano, foi em cima da hora e não pensei duas vezes. Já havia treinado com o time do Pan. É uma experiência gigante, aprendi muito. Foi um curso acelerado de basquete! Treinamento pesado, muita disciplina, o Nenê dando dicas…”

A importância do Dragão
“Bauru foi crucial para a minha carreira, me pegou numa transição de juvenil para adulto, acrescentou muito, pois disputei Liga das Américas, Sul-Americana, NBB e amistosos na NBA tendo a oportunidade de participar dos jogos.”

 

Fotos: Reprodução/FC Barcelona

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Esportes

O que esperar de Neymar no Barcelona?

Tenho uma birra muito grande dessa obsessão criada sobre o título de melhor jogador do mundo. Tudo culpa do Robinho — o ídolo de Neymar. Quando saiu do Santos para jogar no Real Madrid, citava esse objetivo em todas as entrevistas. Não falava em ganhar títulos ou estabelecer-se na Seleção Brasileira. Queria estar no topo da boleirada.

Pois é, Robinho não conseguiu. Resultado? Há quem pense que sua passagem pela Europa é um fracasso. Tudo por conta da imensa expectativa que ele mesmo criou. E o Rei das Pedaladas não foi um fiasco por lá. Teve seus momentos de auge no Real Madrid, no Manchester City e, sim, também no Milan, contribuindo com uma conquista do Italiano. E, vale lembrar, nos quatro anos de Dunga na Seleção, ele foi quem mais atuou e também um dos artilheiros do time. Mas vai ficar essa mancha.

Agora é a vez de Neymar. Mais calejado, preparado para o estrelato, o menino mandou bem logo em sua apresentação. Disse querer ajudar Messi a continuar sendo o melhor do mundo. Esperto, o garoto. Afinal, quem pode conquistar o mundo é seu desempenho jogando, e não falando. E se não levar esse troféu individual para casa, tanto faz. Vale muito mais uma Copa do Mundo. E ele já provou ser capaz de protagonizar jogos de alto nível com a amarelinha, na conquista da Copa das Confederações.

Então, hora de deixar o menino à sombra de Messi. Quando menos esperarem, seus golaços estarão pipocando nas redes sociais — até porque, as defesas dos times espanhóis são muitíssimo generosas… Penso que Neymar fará o mesmo estrago por lá que fizeram Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho. É só ter um pouco de paciência.

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Esportes

O Teorema do Barcelona

Por Deivide Sartori

Nos últimos três anos, o Barcelona não terminou um jogo sequer com menos posse de bola que seus adversários. Tal fato já demonstra a superioridade do futebol praticado pelo time da Catalunha. Posse de bola, porém, não implica vitória certa. O que se faz durante essa posse, sim. E aí está um aspecto que revela a unicidade do Barça atual. Com o domínio da bola, Messi e companhia jogam em triângulos e deixam as parábolas como as opções únicas para o jogo dos adversários. Mas o que esse papo geométrico tem a ver com futebol?

Resposta: amigos(as), os triângulos são inabaláveis. No caso do Barcelona, são onze vértices em movimento e revezamento contínuo na criação de jogadas triangulares. Para os comandados de Pep Guardiola, a distância mais curta entre as duas áreas não é o chutão parabólico e a esmo da zaga em direção ao ataque. Evita-se isso a todo custo. Basta ver como a equipe cobra suas faltas e tiros de meta – nada de parábolas. Sua aula de futebol é sobre triângulos: equiláteros, isósceles, escalenos, com ângulos agudos, retos, obtusos, enfim, versatilidade absoluta sob a regência dos mestres Xavi, Iniesta e Messi. Este, aliás, é aquele que possui autonomia e, sobretudo, qualidade para traçar linhas que fogem de qualquer lógica.

Na final do Mundial de Clubes, o Santos teve sua aula particular. Com todo o rigor euclidiano, a demonstração azul-grená fez com que os jogadores santistas parecessem pontos dispersos no retângulo verde da sala de aula. Mais uma vez, o teorema que afirma que, para se chegar aos gols, os pequenos triângulos são mais eficientes do que as grandes parábolas foi demonstrado. Mas nada de lamentação, torcedor(a) santista. O Santos, logicamente, tem bom futebol e não vive somente de parábolas. O fato é que, nos últimos três anos letivos, a lição do Barça acontece invariavelmente e seja qual for o oponente. E foi bonito o reconhecimento da derrota pelo melhor aluno alvinegro: Neymar disse “tomamos uma aula de futebol”.

Finalmente, eis o óbvio: é necessário algo de outro mundo para vencer a melhor equipe do mundo. Nesse caso, Pelé e Coutinho, os pais da matéria triangulação, seriam ideais.

Deivide Sartori é estudante de Jornalismo da Unesp/Bauru

Se você estuda Jornalismo é quer publicar textos nesta seção ‘Fala, universitário!’, entre em contato: fernandobh@canhota10.com

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Coluna

Coluna da semana: o passeio do Barcelona sobre o Santos

Texto publicado na edição de 19 de dezembro de 2011 no jornal BOM DIA fala sobre como o Santos assistiu à final de dentro do campo

Geração videogame

De tudo o que vi e ouvi durante a transmissão da final do Mundial de Clubes, a informação que não saiu da minha cabeça foi a de que Neymar é fã do zagueiro Puyol. Não por sua qualidade como zagueiro no gramado, mas no videogame! E a partida entre Santos e Barcelona pareceu mesmo uma disputa virtual, no modo “hard” (difícil), quando você joga contra a máquina e não consegue tocar na bola… Pareceu também que os jogadores do Peixe estavam admirando, dentro de campo, aqueles que protagonizam sua diversão no quarto do hotel, os heróis do joystick. A verdade é que todos nós admiramos – e o menino Neymar mostrou maturidade ao reconhecer a aula de futebol que recebeu.

Assim que o Brasil perde uma partida de Copa do Mundo, começa o esforço coletivo para explicar a derrota. Para entender o vice santista, não é preciso tanto. O Barcelona é de outro planeta, de uma perfeição no trato com a bola jamais vista nas últimas décadas. Não vi a seleção holandesa de 1974, mas imagino que era algo próximo disso: uma dinâmica troca de posições e entrega em campo até o apito final. O Barça vence por 4 a 0 e continua marcando pressão, incomodando a saída do adversário. Messi é tão operário quanto o cascudo Mascherano, não para nunca.

Se faltou mais atitude ao Santos, foi nas poucas vezes em que esteve com a posse de bola. Porque roubá-la do Barcelona é mesmo missão quase impossível. A impressão é de que se fica zonzo com tamanha movimentação. Nada é previsível, não se sabe para onde correr, quem marcar. Os próprios jogadores alvinegros reconheceram em entrevistas pós-jogo o quanto se desdobraram em vão.

Há o que criticar? Claro que há. E não é na base da corneta, como muitos cronistas fizeram nas redes sociais. O Santos Futebol Clube, tricampeão da América, merece todo o respeito.

O equívoco do Muricy
O Santos entrou em campo com um esquema tático equivocado, com três zagueiros em linha. O segredo estava em pressionar lá na frente e não aguardar que o Barcelona chegasse, com toda sua qualidade, na cara do gol santista. Com isso, ficou com um meia a menos para tentar criar com a migalha de tempo de posse de bola que teve (29%). Quando Elano entro no lugar de Danilo, o esquema ficou torto e os zagueiros continuaram lá…

Vacilão
Durval foi de uma apatia irritante. Eu sempre defendi o zagueiro santista em conversas, pelo ótimo histórico no Sport Recife e pela temporada 2010 irretocável ao lado de Edu Dracena. Este ano, mesmo com alguns vacilos, fez uma honesta Libertadores. Ontem, entretanto, o camisa 6 santista parecia um poste. No primeiro gol, a bola desviou nele antes de chegar a Messi. Não houve reação, ele parou para admirar a conclusão do argentino. No segundo, o cruzamento de Daniel Alves passou por ele, que ficou caminhando enquanto Xavi concluía. Preferiu pedir impedimento (duas vezes!) no terceiro gol a tentar roubar a bola. O último golpe catalão também contou com a caminhada durvalina enquanto Messi arrancava sobre Rafael. Não que seja o vilão da derrota – há sim heróis grenás –, mas certamente foi o maior destaque negativo.

3-7-0
Sempre me irritaram as definições táticas fatiando o gramado em quatro setores, como o famoso 4-2-3-1 que a Espanha consagrou na última Copa do Mundo. Temos defesa, meio-campo e ataque, certo? Enquanto não inventarem um nomo para esse “quarto setor”, para mim a Fúria ganhou o Mundial no 4-5-1. Mas até na tática o Barcelona dá um nó nos analistas. Muricy falou em 3-7-0, mas como dizer que um time que faz quatro gols não tem atacantes? Na verdade, é uma espécie de 3-4-3, mas sem peças fixas. A cada ataque, são três jogadores diferentes na frente. E como botar no papel? Tem que escolher… Os que mais ficaram avançados foram Daniel Alves, Messi e Fàbregas.

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Coluna

Norusca, copie o Barcelona!!!

Coluna da semana mostra o caminho da independência de empresários de futebol

Texto publicado na edição de 13 de junho de 2011 no jornal Bom Dia Bauru

COPIAR O BARCELONA

O Noroeste vem colhendo bons resultados nas categorias de base do Campeonato Paulista. O sub-20 só venceu até agora e o sub-15 segue invicto após dez rodadas – apenas o sub-17 ainda patina. A parceria do clube com a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer nas categorias sub-13 e sub-11 ajuda a pavimentar uma longa estrada de revelação de talentos. De quebra, o Norusca vive fase de prospecção com 20 prefeituras da região para instalar escolinhas de futebol sob seu centenário escudo.

Tudo isso sinaliza uma grande esperança: a de que o clube se torne autossuficiente na formação de seu time principal e deixe de ser refém de empresários e seus refugos que vêm embalados em DVDs.

Formar o elenco profissional a partir da garotada não é utopia. Basta mirar-se no exemplo do melhor time do mundo, o Barcelona. Campeão europeu três vezes nas últimas seis temporadas, bateu o Manchester United recentemente com oito titulares vindos da base: Valdés, Piqué, Puyol, Busquets, Xavi, Iniesta, Pedro e Messi.

Apostar em jogadores com uma trajetória interna cria, a médio prazo, uma fórmula de sucesso: uniformização de padrão de jogo e identificação do atleta com a camisa que o formou.

De quebra, são jovens com vínculo e que podem render dinheiro no futuro, ao contrário dos atuais elencos de aluguel – o Oeste de Itápolis, campeão do interior, viu sua equipe se desmanchar e o bolso não ficou cheio. Apesar dessa possibilidade financeira, a intenção inicial deve ser conquistar títulos com esses talentos, como faz o Barcelona. O clube espanhol não pretende vender seus craques! Não há dinheiro que pague os benefícios que Messi e companhia trazem ao Barça dentro e fora de campo.

Portanto, a Copa Paulista deve ser o marco inicial dessa nova realidade. Tanto que o treinador Jorge Saran, com experiência em formação de jogadores, pediu apenas dois reforços – Anderson Cavalo, que já chegou, e outro atacante. Mizael, Jean, França, Marcelinho, Juninho, Nathan, Giovanni e Mariano são crias da Vila Pacífico que deverão figurar com frequência entre os relacionados para as partidas. Que sigam para 2012, recoloquem o Norusca na elite e inaugurem uma nova e vitoriosa era.

Desemprego
No início de maio, Luís Augusto Símon, o Menon, repórter da revista “ESPN”, entrou em contato comigo pedindo sugestão de algum atleta noroestino que teria dificuldades de encontrar emprego no segundo semestre. Falei do lateral-esquerdo Roque: voltando de empréstimo do São José (lá perdeu titularidade na reta final da Série A-2), não teria o contrato renovado.

Menon foi atrás de Roque, que protagonizou a reportagem sobre desemprego na edição deste mês da revista. O ex-camisa 6 alvirrubro contou que passou perrengue em 2006, quando ficou sem clube e foi vender pavê de chocolate feito pela esposa. No momento, seu agente procura uma colocação.

Outro ex-noroestino citado na reportagem da ESPN foi o volante Júlio César. Mas ele já encontrou quem assine sua carteira de trabalho: jogará a Série C pelo Marília.

Papo de basquete
Foram providenciais os posicionamentos do técnico Guerrinha e do vice-presidente Joaquim Figueiredo, do Itabom/Bauru, na última semana. O treinador deixou recado à torcida no Canhota10.com, explicando mudança de peça no elenco e reforçando que, diante das limitações financeiras, resta ao time seguir com seu espírito guerreiro. Já o dirigente, na comunidade da torcida no Orkut, lembrou que não tivesse sido cancelada a primeira venda da Luso, Bauru já não teria mais basquete, pois o assunto Panela de Pressão se arrasta sem solução. E lamenta que o empresariado não enxergue no esporte uma oportunidade, uma vitrine para sua marca. Segundo ele, muitos ainda confundem patrocínio com ajuda.

Papo de vôlei
O ex-jogador Max, que há alguns meses ressurgiu no cenário esportivo com a promessa de formar um time profissional de vôlei em Bauru, deve estar sentindo na pele a mesma dificuldade do basquete com patrocinadores. Seu projeto ainda não saiu do papel.