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Coluna Memória da Bola estreia no Canhota 10. Bem-vindo, professor Tidei!

A partir desta semana, o Canhota 10 passa a publicar a coluna Memória da Bola, que há anos agrega conteúdo ao jornal Bom Dia e ao Blog do Norusca, do grande Reynaldo Grillo. O autor autorizou e passo também a amplificar esse belo trabalho de resgate da história do nosso futebol. Bem-vindo, professor!

 

VINTE ANOS DEPOIS
Novo presidente tomando posse, o Santos na ordem do dia. Estimula uma viagem até pouco mais da metade do século passado. Corinthians, São Paulo e Palmeiras reinavam, repartindo religiosamente entre si os títulos do Paulistão. Até que, naquele 1955, o Santos F.C. deu um chega-pra-lá… 20 anos depois da conquista do campeonato paulista de 1935.

Agora em 1955, e colado ao Corinthians, o Peixe não perdeu a chance, decidindo o Paulistão na última rodada, com a vitória (2 a 1) sobre o pequeno E.C. Taubaté, na Vila Belmiro. Marcaram, pela ordem, Alvaro, Berto e o ponta Pepe, já com o apelido de “canhão da Vila”. O Peixe somou 40 pontos, contra 39 do vice Corinthians.

O técnico Luís Alonso, o popular Lula, escalou o time da foto acima: em pé, a partir da esquerda, Ramiro, Urubatão, Hélvio, Formiga, Manga e Feijó; agachados, Tite, Negri, Alvaro, Del Vécchio e Pepe.

 

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Modesto Roma e Athiê Jorge Cury

QUEM BANCOU O CAMPEÃO
Agora quem dá bola é o Santos… o Santos é o novo campeão, são os primeiros versos da marchinha Leão do Mar, cantada a partir do título de 1955, autoria de Mangeri Neto e Mangeri Sobrinho. Em 1957, é composto o Hino Oficial, autoria de Carlos Henrique Roma, filho do dirigente Modesto Roma.

Modesto Roma (1907-1986), pai do atual presidente, dono de navios e empresas de navegação, fazia dupla com o então presidente do clube, deputado Athiê Jorge Cury (1904-1992). Responsáveis pela montagem do melhor Santos da história, daí a pouco tricampeão paulista, campeão brasileiro, bicampeão da América, bicampeão mundial, base da seleção brasileira, prolongadas excursões pela Europa, Ásia, Africa, e América do Norte, a magia e a genialidade em campo para encantar os corações e as mentes…

 

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.

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Coluna da semana: Noroeste sob protestos, descumprimento de leis e ainda Larry e Londres

Começo com uma errata: no texto publicado na edição de 27 de agosto de 2012 do Bom Dia, saiu “mal futebol” e todo mundo sabe que esse mau é com U. Após o ‘desculpe a nossa falha’, acompanhe a coluna que fala do momento noroestino, que tem clássico quarta, veja onde Noroeste e Bauru Basket têm falhado nas leis desportivas e acompanhe um balanço da participação de Larry Taylor em Londres.

 

DE CABEÇA PARA BAIXO

Ufa. O Noroeste venceu no Alfredão. Na quarta, recebe o combalido Marília com chances de se firmar ainda mais no G-4. É que, além da vitória do último sábado sobre o Barretos, a tabela ajudou: o MAC foi goleado pela Santacruzense (que fase!). Assim, quinto e sexto colocados estão a cinco pontos do Norusca, agora terceiro colocado. Apesar da momentânea tranquilidade, o time está sem moral com a galera. Ganhou, mas não empolgou.

Quando o Barretos abriu 1 a 0 logo aos sete minutos do primeiro tempo, a torcida colocou em prática o que vinha planejando há dias nas redes sociais: colocar as faixas de alambrado de cabeça para baixo. A reação em campo veio rápida, a virada ainda no primeiro tempo, mas agora não tem volta. A intenção é que as faixas permaneçam de ponta-cabeça até que o Alvirrubro retorne à Série A-1. E o motivo não se restringe ao mau futebol praticado. Refere-se também à insatisfação com a diretoria – em relação a perda de identidade do clube, contratações ruins e a preocupação com as dívidas.

Segunda tarefa
Falta vencer um adversário de expressão nessa Copinha. Não que o Marília esteja com essa bola toda em campo, pelo contrário, mas clássico e clássico, já disse o poeta. Por enquanto, três vitórias, duas contra o Barretos e uma sobre a lanterna Santacruzense. É pouco, muito pouco. O Noroeste, no papel, um dos melhores elencos. Remanescente de boa campanha na Série A-2, portanto, entrosado. Deveria render mais. Pode deslanchar? Claro, não falta torcida por isso. Até de cabeça para baixo.

Descumprimento
Está escrito na Lei Pelé que agremiações esportivas são obrigadas a “elaborar e publicar, até o último dia útil do mês de abril, suas demonstrações financeiras”. Artigo 46-A da Lei nº 10.672, também chamada de Lei de Responsabilidade do Desporto Brasileiro. Nem Noroeste nem Bauru Basket cumpriram essa letra em 2012. Nada consta sobre o balanço financeiro do ano anterior.

O Bauru Basket ainda descumpre o Artigo 7º do Capítulo II do Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671): “É direito do torcedor a divulgação, durante a realização da partida, da renda obtida pelo pagamento de ingressos e do número de espectadores pagantes e não pagantes, por intermédio dos serviços de som e imagem instalados no estádio em que se realiza a partida, pela entidade responsável pela organização da competição”. Esse estatuto não é exclusivo do futebol, apesar de ter sido formatado para resolver muitos problemas desse esporte. Está claro no Artigo 2º do Capítulo I: “Torcedor é toda pessoa que aprecie, apoie ou se associe a qualquer entidade de prática desportiva do País e acompanhe a prática de determinada modalidade esportiva”. Jogo do Novo Basquete Brasil tem borderô dos jogos publicado no site oficial, mas o mesmo não se pode dizer da Federação Paulista de Basquete…

Papo de basquete
A Olimpíada já se foi, mas faltou trazer impressões sobre a participação de Larry Taylor defendendo o Brasil. A coluna ouviu comentários positivos, como o do experiente treinador Antônio Carlos Barbosa (bronze treinando a seleção feminina, em 1996). “Claro que não poderíamos ter a expectativa do Larry de Bauru, considerando que foi sua primeira participação e cercada de muita expectativa, o que acaba agravando o nível de responsabilidade do atleta. O sistema de jogo da seleção é mais cadenciado e isso descaracteriza e tira o volume do seu jogo. Mas a meu ver foi uma participação muito boa”, avaliou Barbosa. “Ele fez um bom trabalho e soube honrar a condição de brasileiro que agora acumula em seu passaporte”, resumiu Raul Togni Filho, treinador do Minas e ex-armador de Bauru. Guerrinha, seu técnico, acha que ele poderia ser melhor aproveitado como pontuador (como naquele jogaço contra a Rússia) e exaltou o bom relacionamento que Larry teve com os colegas do elenco verde-amarelo.

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Coluna da semana: Noroeste ameaçado e a reinvenção de Mosso

O Norusca precisa vencer para seguir no G-4; o Bauru Basket começou bem, em grande atuação do pivô Mosso – o que pode ter surpreendido quem não sabia da determinação do jogador. Confira o texto publicado na edição de 20 de agosto de 2012 no jornal BOM DIA Bauru.

 

G-4 AMEAÇADO

Esta coluna alertou na última semana: o Noroeste tem duas tarefas para se manter vivo na Copa Paulista. A primeira delas (vencer um adversário qualificado) não foi concluída no último sábado: derrota para a líder Ferroviária, em Araraquara. Nada anormal, mas sinônimo que o time ainda não deu um salto de qualidade após dois meses de treinamento, sete jogos oficiais e outros tantos jogos-treinos. Agora, vem aí a segunda tarefa: vencer no Alfredão. Uma obrigação. Nem digo jogar bem, nesse momento da Copinha o que vale é anotar três pontos, seja como for. É que a posição no G-4 está ameaçada. E os dois próximos adversários são justamente os clubes que estão no encalço do Norusca (dez pontos) na classificação: Barretos e Marília (ambos com oito).

O momento nem é o de pensar em título. Sobreviver na competição significa mais tempo em atividade e consequentemente oportunidade maior para avaliar os atletas – e entrosá-los para o ano que vem, caso seja mesmo esse o time que brigará pelo acesso.

Serão dois confrontos cascudos, pois o Barretos virá sem responsabilidade, sem pressão. Já o Marília, além de se tratar de um clássico, está desclassificado da Série D e o término precoce da temporada está em jogo – para os dois lados.

Papo de basquete
Grande início de temporada do Paschoalotto/Bauru! Deu gosto de ver a vitória sobre a Liga Sorocabana, sábado. Se esse time vai ser campeão, não sei, mas vai orgulhar o torcedor, pelo empenho, pelo volume de jogo, pelo entrosamento. Guerrinha, permita-me o clichê, tem o grupo na mão. E nela se encaixaram luvas chamadas Ricardo Fischer e John Thomas. O irmão mais novo é craque, vai longe na seleção, pode anotar. O gringo é definidor, aumentou bastante o poder de fogo do Dragão. Essa fumaça cheira a título, mas é bom conter a euforia.

Mosso
Aí está um cara que se reinventou. No dia 4 de março, quando Bauru venceu Araraquara em jogo do NBB (na despedida da Luso), Mosso nem entrou em quadra, apesar de ser um duelo fácil. Na ocasião, Guerrinha disse que não fazia caridade, que só entrava em quadra quem estivesse bem. Tudo caminhava para uma despedida do camisa 25, mas ele correu atrás. Fez bom proveito dos poucos minutos que teve no fim da temporada, treinou sozinho nas férias para chegar forte e conseguiu renovar contrato. Um dia, ainda na incerteza da renovação, disse a mim: “Se eu ficar, eu vou jogar. Você vai ver!”. Dito e feito.

No sábado, depois de grande atuação (18 pontos, nove rebotes e todo o segundo tempo em quadra), Mosso comemorou. “Estou superfeliz. Os dois meses que fiquei treinando valeram a pena. Obrigado aos torcedores que me apoiaram e pediram para que eu ficasse”, disse à coluna.

Guerrinha, que nomeou Mosso para ser capitão ao lado de Fischer, comentou o momento do pivô. “Até brinquei com o Jeff: ‘Tome cuidado!’. No nosso time não tem lugar garantido. Quem jogar bem fica na quadra. O Mosso tem uma lição de vida muito grande, machucou os dois joelhos ao mesmo tempo e hoje está aí, forte. No começo, ele sentiu muito nosso esquema, principalmente na conduta, no entrosamento. Ele sempre achava que alguém queria sacaneá-lo. Mas ele mudou, percebeu a proposta do time, que não tinha grupinho. Aí se integrou e deu uma grande lição na Liga das Américas. Por isso que ele está aí e vai ter muito valor”, contou. Essa lição foi num momento em que Mosso pediu a palavra e cobrou comprometimento aos colegas, numa fase difícil do time (incluindo salários atrasados), relatando as dificuldades que passou na carreira.

Folga? Nem tanto
Larry vai passar uma semana nos Estados Unidos, rever os familiares, mas não exatamente descansar. “Vou fazer meu treino sozinho, todos os dias, para me manter em forma”, avisou o Alienígena. Ele estará de volta para o duelo contra Franca, dia 30, na Panela.

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Coluna da semana: Noroeste ainda está devendo

Apesar da invencibilidade, time precisa fazer mais gols e jogar bem em casa. É disso que fala o texto publicado na edição de 13 de agosto de 2012 no jornal BOM DIA Bauru, que também trata do basquete, da bola da Copa e das cornetas de Londres

AINDA DEVENDO

O Noroeste fechou sua participação no primeiro turno da Copa Paulista no G-4 de seu grupo. Invicto. Mas ainda é pouco. Afinal, é apenas o quarto colocado entre sete times, estando os três restantes bem distantes na pontuação – e dois deles são os únicos que o Alvirrubro conseguiu venceu. Portanto, ainda está devendo.

Para ser possível projetar o Norusca como real candidato ao título da Copinha, Amauri Knevitz e seus comandados precisam cumprir duas tarefas.

A primeira é vencer um adversário mais qualificado. A oportunidade já será no próximo sábado, em Araraquara, contra a líder Ferroviária, no duelo dos únicos invictos. Quer jogo melhor para ganhar moral?

A segunda é uma obrigação: jogar bem em Alfredo de Castilho, o que ainda não aconteceu – por enquanto, só vaias. Obrigação porque os visitantes serão exatamente Barretos e Santacruzense, figurantes na disputa. Além deles, o Marília, combalido por uma eterna crise política e desgastado pela campanha na Série D. Mas clássico é clássico e tudo o que a torcida noroestina quer é ganhar um presente desses, ver o Norusca sacramentar o fim de uma temporada melancólica do rival. Perder, nem pensar!

Para tanto, o Noroeste precisa fazer o que fez pouco até aqui: gols. Foram apenas cinco em seis jogos. Chamado de retranqueiro por boa parte da torcida, Knevitz ousou no último sábado, em Santa Cruz do Rio Pardo. Deixou de lado o meio-campo em losango (um cabeça-de-área, dois volantes que sabem sair para o jogo e um meia de ligação) por um quadrado (dois volantes e dois meias). E os dois da contenção, Johnnattan e Cesinha, têm certa qualidade para o apoio. Resta saber se, com a volta de suspensão do lateral-esquerdo Ralph, Giovanni volta para o meio. Sua permanência na ala concretizaria a titularidade de Romarinho. E afastaria o apelido incômodo que é atribuído ao treinador.

Diego de volta
O atacante Diego teve seu contrato de empréstimo rescindido pelo Bahia. Depois de apenas duas partidas disputadas no Brasileirão, o jogador (que tem contrato com o Noroeste até 2014) deve se reapresentar em Bauru nos próximos dias. É possível inscrevê-lo na Copinha até o dia 30. Ele está se tratando de contusão no púbis (problema que persegue sua carreira). Especula-se que o clube baiano não honrou o compromisso financeiro com o Norusca. Procurado pela coluna, o Alvirrubro não se pronunciou sobre o assunto.

Que bola é essa?
Foram divulgados os três nomes candidatos a bola da Copa do Mundo de 2014. Nem Caramuri nem Gorduchinha – duas ideias muito simpáticas. As opções são um nome composto (Bossa Nova), outro muito longo (Car-na-va-les-ca) e, pior, um com grafia errada (Brazuca). Brasuca é com S, segundo o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras. Que várzea.

Papo de basquete
No próximo sábado começa o Campeonato Paulista de basquete para o Paschoalotto/Bauru. Não se sabe se o ídolo Larry Taylor, depois da disputa olímpica, estará em quadra. Assim que chegar, ele combinará seu descanso com a comissão técnica. O Alienígena pode (e deve) descansar tranquilo, pois Ricardo Fischer encarou com personalidade a oportunidade de armar as jogadas dos guerreiros. Se os outros dois reforços, os norte-americanos John Thomas e DeAndre Coleman, repetirem oficialmente o que renderam nos jogos-treinos, o torcedor pode ficar bem animado. O grupo é forte, entrosado, e a meta é ser finalista. Nada menos do que isso.

Londres 2012
Acabou. Ufa. Meus ouvidos já não aguentavam tanta corneta. Na era das mídias sociais, as besteiras se multiplicaram nessa Olimpíada. E não é exclusividade de torcedores. Muitos colegas de crônica abusaram do direito de falar bobagem – provavelmente eu também, em algum momento. De repente, todo mundo vira especialista em boxe, natação, vôlei de praia, pentatlo moderno! Acham-se aptos a eleger vilões, criam heróis, tecem filosofias sobre a monocultura esportiva o Brasil, mas nesta segunda já estão todos novamente de olho prioritário no futebol.

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Coluna da semana comenta a cobrança exagerada por medalhas brasileiras em Londres-2012

Texto publicado na edição de 6 de agosto de 2012 do jornal BOM DIA Bauru critica a corneta olímpica. Confira!

ILUSÕES VERDE-AMARELAS

Novamente peço licença ao futebol. Chegamos à última semana dos Jogos de Londres. Até aqui, ouvi mais de uma pessoa lamentar o desempenho verde-amarelo, sentido-se decepcionada. É um equívoco lançar tamanha expectativa sobre os atletas brasileiros, mesmo aqueles que estão num patamar elevado em suas modalidades. Tudo isso é fruto da falta de cultura esportiva no Brasil, que não fica apenas no ambiente competitivo – transcende ao comportamento do público.

Desde a morte de Ayrton Senna, o brasileiro procura um esportista para chamar de herói. E a ele basta ver a última cena, a da vitória e ouvir a vinheta “Brasil-sil-sil!”. É uma massa leiga, que não se interessa pelos meios, só quer saber do final feliz. Por exemplo: quando Gustavo Kuerten se tornou o novo orgulho nacional, no final dos anos 1990, raríssimas pessoas conheciam as regras de um jogo de tênis. E o peso que recaiu sob as costas de Rubens Barrichello, assim que Senna morreu? Ninguém se dava ao trabalho de compreender que o carro de Rubinho não estava num nível de lutar por vitórias (cabe o parêntese de que o próprio Barrichello caiu na bobeira de comprar a ideia; e quando teve carro, tinha o maior de todos, Schumacher, ao seu lado).

Em Londres, judocas que não chegaram ao pódio foram criticados, mas quantos sabem o que se passa em um tatame? Na coletiva de seu retorno ao Brasil, Rosicleia Campos, treinadora da seleção feminina da modalidade, foi dura, mas falou tudo: “O povo brasileiro é ignorante, no sentido de ignorar o esporte”.

Ignorante a ponto de ridicularizar atletas que já trouxeram tantas vitórias e que, num vacilo, viram vilões. Se Cesar Cielo não conseguiu o ouro na natação, é porque havia atletas de alto nível naquela piscina e porque, afinal de contas, ele é humano e não estava em sua plenitude física. O mesmo raciocínio vale para os “fracassos” do ginasta Diego Hypólito e da saltadora Fabiana Murer. Fala-se muito em “ciclo olímpico”, mas quatro anos de preparação evaporam diante de um dia infeliz. Trazendo para o futebol, para exemplificar melhor: a seleção que ganhou o penta em 2002 vinha de anos agonizantes, de sufoco nas eliminatórias; no ciclo seguinte, o time de Parreira ganhou Copa América, Confederações e classificou-se para a Copa dando show, mas parou na França de Zidane na hora da verdade.

A maioria da delegação brasileira é formada por guerreiros que não têm as mesmas condições de treinamento de seus concorrentes de primeiro nível. Vivem de correr atrás de patrocinadores, dependem de verbas estatais e, principalmente, não tiveram uma formação com estrutura decente. Enquanto o sistema de ensino dos Estados Unidos forma atletas de elite, as escolas brasileiras são cobradas injustamente por essa responsabilidade, pois não têm incentivo para tanto.

Portanto, antes de praguejar um “O Brasil está mal!”, lembre-se de que ele nunca foi bom. Não projete suas frustrações e sua sede de vitórias em esportistas. Eles foram ensinados a ganhar e a perder. E saber perder é uma virtude. “Acontece”, disse Fabiana Murer, com semblante tranquilo. Afinal, os maiores nomes da história em sua modalidade já passaram por isso. “Todos os atletas têm direito a um dia ruim na vida”, comentou o ucraniano Sergei Bubka, que ficou sem medalha em Barcelona-1992. No Mundial de Berlim, em 2009, foi a vez da russa Yelena Isinbayeva passar em branco. Simples assim.

Papo de Bauru
Pude gastar o verbo olímpico nas linhas acima pela “folga” das paixões do bauruense. O Noroeste curte intervalo na tabela da Copa Paulista e tem mais de uma semana para consertar seus erros. Quando voltar a jogar, dia 11, fora de casa contra o Santacruzense, estará com a posição no G-4 ameaçada. Já o Bauru Basket terá três jogos-treinos (XV de Piracicaba, nessa terça, na Panela; e dois contra Franca, retribuindo a visita) para chegar calejado à estreia no Paulista, dia 18. O pivô DeAndre Coleman deverá atuar. Olho nele.