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Memória da bola: gringos no San-São

 

Por João Francisco Tidei de Lima

OS GRINGOS DECIDINDO…
Segundo boatos, o São Paulo F.C. está na iminência de contratar, outra vez, um técnico argentino. A velha guarda conhece as origens dessa tradição. Lá por 1952/53 assinou contrato Alejandro Galán, o popular Jim Lopes (1922-1979), nascido em Buenos Aires.

Em 1952, o argentino Negri falava ao repórter Fiori Gigliotti, da Bandeirantes
Em 1952, o argentino Negri falava ao repórter Fiori Gigliotti, da Bandeirantes

De olho no título do Paulistão de 1953, o Tricolor também foi buscar atacantes argentinos. Um deles, Moreno, foi logo descartado. Mas, o outro, Gustavo Albella, emplacou e virou ídolo da torcida, ganhando até um apelido, El Atômico.

Para o meio-campo, Jim Lopes apostava em outro compatriota, o armador Juan José Eufêmio Negri, logo escalado para compor um competente trio com os médios Bauer e Pé de Valsa. O título paulista de 1953 chegou com vantagem folgada de 7 pontos sobre o vice Palmeiras.

… TAMBÉM NA VILA
Em 1955, o Santos F.C. somava 20 anos desde a conquista do último Paulistão, em 1935. Presidido pelo deputado Athiê Jorge Cury e contando com o dinheiro de outro dirigente, o dono de empresa naval, Modesto Roma, montou um time de respeito, orientado por Luís Alonso, o popular Lula.

Catorze disputantes, todos contra todos, em dois turnos… Campeonato decidido na última rodada, 2 a 1 contra o Taubaté, na Vila Belmiro, jogo arbitrado por João Etzel Filho.

Foi valiosa a experiência do argentino Negri, que até dois anos atrás vestia a camisa do São Paulo. No jogo decisivo da Vila, o Santos apresentou a formação da foto do topo: em pé, da esquerda para a direita, Ramiro, Urubatão, Helvio, Formiga, Manga e Feijó; agachados, Tite, Negri, Alvaro, Del Vecchio e Pepe.

 

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.

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Memória da Bola: tempo bom da Ferrovia e tristeza do Guarani

 

Por João Francisco Tidei de Lima

PAÍS CONGESTIONADO
Não há como ignorar — e silenciar — diante do país congestionado por caminhões, ônibus, carros e motos, nas ruas e nas estradas. Realidade que vem de décadas, mais aceleradamente a partir de 1995/96 , etc, o país administrado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, comandando privatização desastrada das ferrovias, o PSDB também governando o Estado.

A partir da eleição presidencial de 2002, o PT elege Luís Inácio, o Lula. Mas, quem toma posse é o Lulinha Paz e Amor, em vez do Lula comprometido com programa de reformas, entre elas a recuperação e extensão das ferrovias, principal meio de transporte de carga e de passageiros dos países civilizados na América do Norte, Europa e Ásia.

Da geração dos torcedores da velha guarda, mais de meio século atrás cansamos de acompanhar o E.C. Noroeste pelos trens rápidos da saudosa Companhia Paulista ou pelos trens fretados da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.

Hoje, com tristeza e indignação, vemos este subcontinente, com míseros 10.000km de ferrovias, projetos interrompidos desde a década de 1990, sob olhares indiferentes dos agentes políticos de todos os Estados e do Poder Central, filiados a quase todos os partidos, PT, PSDB, PMDB, PPS, PSB, PR, PTB, etc.

(Na foto acima, dos anos 1950: torcedores fretavam trens para acompanhar o Noroeste)

ANIVERSÁRIO COM LÁGRIMAS
Neste início de abril, a torcida do Guarani de Campinas deveria festejar os 104 anos do clube. Mas, a notícia do leilão do seu estádio — o Brinco de Ouro — caiu como uma bomba, estilhaços e lágrimas por todo lado. Conjuntura de descompasso absoluto com aqueles tempos gloriosos, a culminância o título brasileiro de 1978, em cima do Palmeiras de Leão & Cia.

guarani-1978
O timaço da foto, o maior da história do Guarani: em pé, a partir da esquerda, Zé Carlos, Gomes, Edson, Mauro, Neneca e Miranda; agachados, Capitão, Renato, Careca, Zenon e Bozó.

 

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.

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Memória da Bola: o Carnaval acabou e a bola segue rolando

 

Por João Francisco Tidei de Lima

EM VEZ DA BOLA, PANDEIRO E CUÍCA
Bom de bola, mas ruim de cachola. Era o atacante Edmundo Alves de Souza Neto (foto acima), hoje com 44 anos. No campo, esbanjava talento e vontade de ganhar. Mas, fora dele, quantos problemas!

Na rápida passagem por Florença, um capítulo que não deixou saudades por lá. A Fiorentina, treinada por Giovani Trapattoni, liderava o campeonato italiano de 1998/99, de olho no terceiro título, com Edmundo decidindo, com gols e jogadas de craque. Até, claro, a chegada do nosso Carnaval. Edmundo mandou às favas seus companheiros de trabalho, a torcida de Florença e veio curtir o sol, o sal e o samba na orla carioca.

Enquanto isso, a Fiorentina despencava. Terminaria o campeonato em terceiro lugar. E por isso, não pensou duas vezes: devolveu a mercadoria para o Brasil, descarregada na rua São Januário, estádio do Vasco da Gama.

julinho-botelhoORFEU DO CARNAVAL
Na outra extremidade, em matéria de caráter e temperamento, o paulista Júlio Botelho, Julinho, escreveu história diferente quando passou pela bela Florença.

Começando a carreira no C.A.Juventus, em 1950, Julinho (1929-2003) logo foi contratado para formar no maior time da história da Portuguesa de Desportos, ao lado de Djalma Santos, Brandãozinho, etc. Em 1954, estava defendendo o Brasil na Copa do Mundo da Suíça.

Em 1955, o desembarque em Florença para ajudar a Fiorentina a conquistar seu primeiro título italiano. Saudoso do Brasil, não demorou para voltar, contratado pelo Palmeiras, onde festejou o título paulista de 1959. Até hoje, restaurante de Florença ostenta placa homenageando um de seus fregueses ilustres, o inesquecível Julinho.

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.

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Memória da Bola: jogo de futebol entre árbitros e jornalistas

 

Por João Francisco Tidei de Lima

JORNALISTAS CONTRA ÁRBITROS
Os árbitros da Liga Bauruense de Esportes, lá por 1956, também entravam em campo para judiar da bola. De preferência contra os cronistas do Rádio (PRG-8, Auri-Verde) e dos jornais diários (Diário de Bauru, Folha do Povo, Correio da Noroeste), que costumavam não perdoar os erros da arbitragem. Depois do pega, evidentemente, o papo em torno do barril de chope para regar aquele churrasco.

Antes, o registro fotográfico. Na foto acima, em pé, a partir da esquerda, vereador José Marques, dirigente da Liga, Nelson Miranda, Scarabotto, Jayme, Leovani, Belgo, Antoninho, Lourivetti e o árbitro Pedro de Campos; agachados, Valzinho, Hélio, Nair, Tentor e Nadyr Serra.

A quase totalidade do grupo já não está mais por aqui. Mas o Antonio Demerval Belgo (sexto em pé) perto dos 85 anos, continua jogando e ensinando tênis…

Campeão gaúcho Breno Mello no carnaval do Rio
Campeão gaúcho Breno Mello no carnaval do Rio

ORFEU DO CARNAVAL
Breno Higino de Melo (1931-2008), foi meia-direita daquele histórico Grêmio Esportivo Renner, fundado por funcionários de uma empresa e que em 1954 quebraria a hegemonia do Gre-Nal, ao festejar o título de campeão gaúcho.

Anos depois do título estadual, Breno deixaria o Sul, contratado pelo Fluminense do Rio. À altura de 1957/58, teve convite do diretor Marcel Camus para estrelar o filme Orfeu do Carnaval, projetado a partir de adaptação do texto do poeta Vinicius de Moraes, focando favelados do Rio de Janeiro.

Orfeu do Carnaval foi vencedor da Palma de Ouro do festival de Cannes, de 1959, e ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1960 nos Estados Unidos.

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.

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Memória da Bola: Noroeste e Cruzeiro nos bons tempos da ferrovia

 

Por João Francisco Tidei de Lima

 

FUTEBOL NOS TRILHOS
O mundo civilizado, como se sabe, em grande parte se comunica pelos trilhos. Os países que têm as principais fábricas de automóveis (Estados Unidos, Alemanha, Japão, Itália, França, Coreia do Sul e China) também oferecem os trens mais rápidos e modernos.

Este subcontinente chamado Brasil, cerca de meio século atrás, em boa parte ainda caminhava pelos trilhos, 37 mil quilômetros de malha ferroviária, bem mais da metade servindo os estados de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro.

São Paulo oferecia as composições mais modernas, mas a maior extensão cortava o território de Minas, em direção a Goiás, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

À altura de 1966, o melhor time da história do Cruzeiro ganhava títulos estaduais e nacionais viajando principalmente pelos trens da Rede Ferroviária Federal S.A. A foto mostra, em uma das estações, a partir da esquerda o meia Dirceu Lopes, o médio Wilson Piazza e o craque-artilheiro Tostão.

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Estrelas do campeão Cruzeiro no trem da Rede Ferroviária Federal

ESTAÇÃO DE LINS À VISTA
Maior entroncamento ferroviário do interior paulista, 25 trens de passageiros diários, meia dúzia de carga, cerca de mil pessoas circulando diariamente pela sua majestosa estação, eis Bauru, a maior cidade do centro-oeste paulista.

Naquele 1956, o E.C. Noroeste, na Primeirona, disputou a decisão do Torneio Início com o Guarani. Foi vice-campeão. Presidido por Waldemar de Almeida Vale e Silva, buscou reforços, a começar pelo novo técnico, Armando Renganeschi.

Contratou o goleiro Julião, ex-América e Bonsucesso do Rio de Janeiro, e o centroavante Marinho, ex-BAC, Fluminense e Genoa da Itália.

Disputa do Torneio de Classificação para a escolha dos “dez mais”. Embarquei, com mais 1.200 torcedores, no trem fretado junto à E.F. Noroeste, puxado por uma Maria-Fumaça. Cento e cinquenta quilômetros e algumas horas depois desembarcamos na estação de Lins. Rápida caminhada até o estádio. Norusca em campo, Julião e Marinho estreando, com os novos companheiros. Na foto do topo, em pé, a partir da esquerda; Fernando, Tomazzi, Mingão, Pierre, Julião e Vila; agachados, Nivaldo, Marinho, Wilson, Valeriano e Ismar.

Placar final, Linense 4 a 1. Apesar da vitória, assim como o Noroeste, ficou fora do Paulistão daquele ano. Disputaram a chamada Série B, por sinal vencida pelo Norusca.

 

joao-francisco-tideiJoão Francisco Tidei de Lima é historiador e professor universitário aposentado — passou pelos campi da Unesp de Assis e Bauru e pela USC. Possui especialização no Institut Européen des Hautes Études Internationales, da Universidade de Nice, na França. Organizou o arquivo do Museu Ferroviário de Bauru. Com experiência como  radialista, é autor do livro ‘Alô, Alô, ouvintes: uma história do rádio em Bauru’.