A notícia é devastadora, como bem adjetivou o Bala na Cesta. Ricardo Fischer rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito, terá que passar por cirurgia e está fora do NBB 8. Pior: como o tempo de recuperação do armador é de seis a oito meses, automaticamente ele perde a chance de disputar uma vaga no grupo que vai disputar a Olimpíada do Rio, em agosto.
O Paschoalotto Bauru perde muito na busca pelo título, pois perde seu Maestro, o regente das jogadas, mas que também atacava a cesta nos momentos decisivos. Apesar disso, o maior lamento é pelo adiamento de uma escalada do atleta que mirava, além da Seleção Brasileira, a migração para o basquete europeu. Os sonhos de Ricardo foram interrompidos. O Dragão que se reorganize em quadra e jogue por ele, do que já trato mais abaixo.
“Hoje é o momento mais difícil da minha carreira. Muitos sonhos e objetivos adiados, mas Deus sabe o que faz. Ele sabia que eu precisava passar por isso, e eu vou passar e voltarei ainda mais forte. Obrigado a todos pelas inúmeras mensagens de carinho e preocupação. Estarei do lado de fora ajudando meus companheiros no que for preciso! Em breve estarei de volta. Um abraço a todos!”, manifestou-se Ricardo, em sua fanpage.
A VEZ DE PAULINHO
A pergunta imediata, claro, é a reposição da perda de Ricardo. Só pode ocorrer dentro do elenco, pois o limite de inscrições de jogadores era no final do primeiro turno desta fase de classificação. Pois bem: a responsabilidade recai sobre Paulinho Boracini. Recuperando-se de um edema ósseo no joelho esquerdo, o armador estará apto para jogar no próximo dia 23/qua, contra a Liga Sorocabana, antepenúltimo compromisso do Dragão da fase inicial.
Sem ainda apresentar todo o seu potencial, o camisa 3 terá o desafio de vencer as desconfianças sobre sua fragilidade física — nas duas últimas edições do NBB, jogou apenas 14 partidas. Mas romper ligamentos tem muito mais a ver com fatalidade, como aconteceu com Ricardo. E a mais recente contusão de Paulinho foi uma pancada, coisa de jogo.
Creio que o que vale agora é lançar luz sobre o potencial adormecido de Paulinho. Extremamente habilidoso, com estilo mais agressivo do que cadenciador, ela deverá mudar um pouco o jeito de jogar do time, mas temperado com uma adaptação à artilharia pesada que aguarda por seus passes — o histórico de assistências não é tão volumoso. Coelho para tirar da cartola, o armador de 32 anos e 1,83m tem:
• média de 23,2 pontos no NBB 2, atuando pelo Paulistano
• melhor sexto homem do NBB 4, pelo Pinheiros
• convocado para o Jogo das Estrelas do NBB 5, no ápice de sua boa fase antes da sequência de contusões, quando liderou o Pinheiros na conquista da Liga das Américas de 2013
Abaixo, o histórico de Boracini no NBB (fonte: LNB):
Claro que é um alento o fato de Alex quebrar o galho na armação — nenhum outro time tem o luxo de ter o maior escolta da história recente do nosso basquete como coringa —, mas cabe a Paulinho fazer desse expediente apenas uma esporádica necessidade. O menino Gui Santos, agora reserva imediato da posição, terá seus minutos, a prova de fogo na Liga das Américas foi importante, mas ninguém pode jogar responsabilidade sobre ele. E fico curioso por uma oportunidade ao Stefano, o habilidoso argentino de apenas 17 anos que arranca efusivos elogios por suas atuações na base — até imaginei que lá em Barquisimetro fosse atuar um pouco.
Portanto, Paulinho, mais do que boa sorte, a torcida deseja-lhe bom trabalho! Qualidade e comprometimento ele tem. A vontade de permanecer em Bauru na próxima temporada (seu contrato é só de um ano) é um ingrediente ótimo para motivá-lo ainda mais. Uma chance que surgiu da forma que nem ele mesmo gostaria, a tristeza de um colega, mas a oportunidade esta aí.
Foto topo: José Jiménez-Tirado/13 Comunicação/Bauru Basket