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Bauru 2, Flamengo 3: depois do abatimento, o texto

retranca-final-nbb-8Lá vou eu de novo com atraso. Mas até o atraso ajuda a compor este texto. Porque eu simplesmente não consegui escrever naquele sábado em que o Flamengo massacrou o Paschoalotto Bauru por 100 a 66 e venceu o NBB pela quinta vez. Fui tomado pelo abatimento. Essa é a melhor definição, por saber que poderia ter sido diferente, por saber que cada um daquele time queria muito vencer, mas não conseguiu executar sua excelência naquela tarde.

Uns preferem chamar de frustração ou vergonha, o que acaba por transformar vice-campeões em culpados ou incompetentes. Mas vice-campeões têm seu valor. O vira-latismo brasileiro é que não entende isso. Essa reflexão acaba por me levar a outro ponto: não acho que time nenhum tem obrigação de ganhar nada. Por maiores que sejam os salários, a estrutura.

Por outro lado, também não entro na questão da arbitragem. É assunto para o qual nunca dei bola. Malemá identifico um ou outro apitador (Maranho, Andréa, Benito e só), nunca olhei escala antes da partida. Tem sua relevância no desenrolar de um resultado, claro, mas prefiro me ater aos boleiros. E por mais que a bola presa do jogo 3 tenha sido algo escandaloso, mesmo assim não há como aranhar a legitimidade do título rubro-negro. Incomoda-me muito mais a marra desse time, a arrogânca, do que o suposto apito amigo. Lamento muito mais o Flamengo ser campeão por ver um Ricardo Machado sorrindo por último, depois de tudo o que sempre fez de desserviço ao esporte à beira da quadra, do que por uma atuação desastrosa de um árbitro.

Enfim, apesar dos marrentos, o Flamengo mereceu. Para cada mala que fica na orelha da arbitragem o jogo inteiro, existe um Olivinha raçudo, um Rafael Mineiro dedicado, gente que merece demais. E existe Marcelinho, o capítulo à parte. Encrenqueiro, provocador, mas inegavelmente vencedor. Aos 41 anos, o cara faz 26 pontos, pega dez rebotes e distribui seis assistências em 35min em quadra! O esporte é saboroso também pelos controversos.

Nunca saberemos se o Bauru teria vencido o jogo 3 sem a bola presa. Mas sabemos que aquilo foi o combustível para a partidaça que fizeram em Marília no sábado seguinte. E sabemos também que as confusões do jogo 4 foram o combustível para a entrega rubro-negra na finalíssima. Com o adendo de o rival, Vasco, ter conquistado a Liga Ouro na véspera…

Foi um dia ruim, tudo deu errado e a temporada terminou sem títulos. Mas com uma decisão intercontinental histórica contra o Real Madrid, o passeio pela NBA, o vice das Américas mesmo com o time todo desmontado e mais uma final de NBB. Com troca de comando, com problemas físicos — apenas Robert Day jogou todas as 40 partidas do nacional — e, mais uma vez, sem uma casa para disputar a final. Já falei sobre isso, Marília foi bacana, baita acolhimento, mas não é a mesma coisa. Quantas outras decisões serão assim?…

Ao Paschoalotto Bauru, adiantei-me em enaltecer a temporada na carta que publiquei antes da derradeira partida. Porque, como gosto de dizer, é só um jogo, gente. Ganhar é bom demais, claro, mas rapidinho começa tudo de novo e vai ser divertido, como sempre. Com ou sem troféu.

 

Foto: FotoJump/LNB

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Bauru 2, Flamengo 2: uma tarde de recados

retranca-final-nbb-8

(Direto de Marília) Desta vez não foi um palco totalmente artificial. A torcida fez um barulho danado, despertada por uma energia que veio de dentro da quadra: o Paschoalotto Bauru jogou de testa franzida, contagiou a arquibancada e moeu o Flamengo no jogo 4 da final o NBB 8, vencendo por 94 a 81, fora o baile. Por mais que os jogadores rubro-negros tenham minimizado a polêmica da bola presa do jogo 3 como combustível para o duelo em Marília, é fato que os guerreiros bauruenses estavam com sangue nos olhos desde o primeiro quique da bola — e confirmaram isso nas entrevistas pós-jogo. Essa agitada peleja deixou vários recados para ficarmos atentos no jogo 5 (dia, 11, 14h10, na Arena Carioca 2), a conferir:

DRAGÃO VOANDO
Cada jogo é um jogo, e quem for mais eficiente na partida decisiva vai levar com merecimento. Mas o Bauru chega mais confiante após o passeio no jogo 4. Primeiro, porque está emocionalmente mais focado: não fez chilique no jogo 3 (preferiu o silêncio) e não entrou na pilha rubro-negra no último sábado. Segundo, porque tem levado a melhor no duelo tático, criando muitos problemas ao Flamengo com sua artilharia pesada no perímetro; em resumo, se a cabeça continuar no lugar e a mão estiver quente, o Dragão leva vantagem.

O PESO DE MEINDL E MURILO
De Léo Meindl e Murilo depende o sucesso bauruense. Não necessariamente na pontuação (no jogo 4, somaram apenas nove), mas numa minutagem produtiva nos movimentos defensivos e, sobretudo, para manter elevado o nível de confiança do time enquanto titulares descansam. A cravada de Meindl no segundo quarto e o prego de Murilo no último período — ambas na cabeça do astro adversário, Marquinhos — foram o ápice de confiança dos guerreiros na partida.

jogo4-jeQUARTETO VOANDO E…
Alex, Day, Jefferson e Hettsheimeir estão, nesta série final, com números acima de suas médias na temporada. Nas primeiras quatro partidas finais contra o Flamengo, o quarteto tem média de pontos em dois dígitos: Brabo (14), Roberdei (13), Jé (16,2), Canela (18,2). Outras pistas interessantes do quanto estão com sangue nos oio (falando sempre em médias da série final): Alex tem 4,2 assistências, Jé 43% nos triplos e 9,7 rebotes e Hett 8,2 rebotes. Mas dado impressionante é o aproveitamento de Day nos chutes de fora: 81,8%! Só na boa, o camisa 31 chutou onze bolas e converteu nove. Não à toa o chamo de Especialista.

jogo4-paulinho… O FATOR PAULINHO
Concordo com o que disse o colega Fábio Balassiano em seu mais recente podcast: Paulinho pode ser o jogador decisivo para uma eventual conquista bauruense. Ele foi mais efetivo nas partidas que o Dragão venceu. E ficou devendo nas que perdeu. Na série, até aqui, tem sido regular na distribuição do jogo, com média de 5,7 assitências, número bem superior que sua média em todo o NBB 8 (2,2).

jogo4-demaDEMÉTRIUS ESTÁ COM O ELENCO NAS MÃOS
O nome do treinador é citado muitas vezes pelos jogadores em suas entrevistas. “Vamos ver o que o Demétrius vai pedir no intervalo”, “Executamos o que o Demétrius pediu”, “Confiamos no trabalho do Demétrius”, etc, etc. É nítido, ele ganhou o grupo, que joga por ele. Há uma cena simples, mas simbólica, que aconteceu no terceiro quarto e explica essa empatia: com as mãos molhadas e prestes a cobrar lance livre, Alex Garcia enxugou-as nas calças do chefe!

ALÔ, LIGA!
Semana decisiva para a credibilidade do Novo Basquete Brasil. Uma Liga tão organizada, mas que ainda escorrega. Que não puniu Chiconato com o rigor necessário (o árbitro que errou a bola presa do jogo 3 já apitou decisão da Liga Ouro…). Que preferiu o silêncio em suas mídias oficiais no lugar de se posicionar fortemente a respeito das polêmicas ocorridas até aqui — não importa se ela, Liga, errou ou se foram os clubes, pois a Liga é a somatória dos clubes… E por isso mesmo, agora tem a obrigação de reunir Flamengo e Bauru numa sala e falar grosso: não manchem esta decisão, joguem bola, deixem os árbitros trabalharem. Comissões técnicas principalmente. A do Flamengo, sobretudo. Não é implicância, é realidade: quem acompanha o NBB de perto sabe que Ricardo Machado é personagem marrento à beira da quadra desde sempre, o episódio gerado por ele foi só a gota d’água, o minutinho de fama para o irmão do Marcelinho — o que não justifica a provocação do torcedor de laranja nem a truculência da segurança, pondere-se. Quem perder, que aceite humildemente a prata, sem tumultuar. O Brasil já tem maus perdedores demais…

 

Fotos: FotoJump/LNB

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Bauru 1, Flamengo 1: nervos em dia

retranca-final-nbb-8Se este Canhota 10 opinou que o ginásio Neusa Galetti foi campo neutro, igualmente creio que a Arena Carioca 2, no Rio de Janeiro, passou longe de ser o lar rubro-negro. Conforme o experiente Marcel (ex-craque e comentarista da RedeTV!) me disse em entrevista, a distância da arquibancada para a quadra causa esse efeito de esfriar a torcida — por mais corneteira que seja a turma das cadeiras vip. Some-se a isso todos os outros fatores de falta de familiaridade e o que significa? Que serão (até) cinco jogos abertos, dependendo principalmente do talento e das ações dos jogadores, não da zona de conforto. Sendo assim, como são grandes times, que se equivalem, a gigantesca vitória do Paschoalotto Bauru neste jogo 2 (85 a 80) é tão normal quanto foi a do Flamengo no jogo 1, em Marília.

O Dragão teve personalidade de controlar o placar desde o início, soube também catimbar um pouco e, sobretudo, foi dominante nos rebotes defensivos, pegando 36 contra 18 ofensivos dos cariocas, e teve melhor aproveitamento no ataque. Menção importantíssima ainda para o banco de reservas, decisivo com Murilo, Léo Meindl e Gui Santos, que além de somarem 28 pontos, deram preciosos minutos de descanso aos titulares. A equipe precisa muito deles — e de Wesley Sena — para ter fôlego nesta série. Só o quinteto com a faca nos dentes ia ser impossível.

O triunfo já garante o jogo 4 em Marília, expectativa de colocar 7 mil pessoas lá, como os rubro-negros ultrapassaram este dígito nesta quinta. O Bauru adquiriu confiança para sonhar com mais uma vitória no Rio e tentar fechar em sua “casa”. Por que não? Já está claro que esta decisão é pau a pau, que será nos detalhes, que a única vantagem que o Flamengo leva é ter um rodízio mais qualificado, mas que pode ser equiparado quando os reservas bauruenses dão algo a mais.

Murilo, aliás, saiu de quadra como o personagem do jogo. Se foi temerário o seu gesto de “quase soco” sobre Marquinhos — difícil de interpretar se intencional ou um desvencilhar exagerado –, por outro lado serviu para equilibrar o emocional da batalha, pois instantes antes o Urubu havia virado com uma cravada de Rafa Luz, seguida de erro de bandeja de Alex… O camisa 21 bauruense ainda daria um cascudo nas costas de Meyinsse que irritaria Marcelinho, que lá na frente perderia dois lances livres, algo raro. Um bom recado aos rubro-negros, que adoram um jogo de nervos e perceberam não serem os únicos.

Sábado tem mais (28/mai, 14h10) e já se programe para o #partiuMarília, parte 2. O Dragão está vivíssimo, a obsessão continua!

ABRE ASPAS
Vamos a um apanhado do que ouvi do trabalho de reportagem do querido Luiz Tá no Jogo Lanzoni, durante mais uma excelente Jornada Esportiva do Timão de Rafael Antônio, da Auri-Verde: Murilo comentou que ganhou a confiança do treinador, que percebeu sua entrega nos treinamentos após o jogo 1, quando praticamente esteve em quadra no sacrifício. Demétrius exaltou a importância do camisa 21 para o elenco, pontuou que a equipe ainda precisa melhorar, mas que usou de toda a sua experiência para não se abater e buscar o empate na série.

NUMERALHA
Magic Paulo: 17 pontos, 6 rebotes, 7 assistências (35min em quadra)
Capitão América: 13 pontos, 4 rebotes, 2 roubos, 1 toco (finalmente Brabo, estava pacífico em Marília)
Léo Monstro: 13 pontos, 3 rebotes (boa hora para aparecer!)
Canelaimeir: 12 pontos, 9 rebotes, 3 assistências (dono do garrafão, muito regular)
Murilaço: 11 pontos, 5 rebotes (nunca se esqueça, você é um MVP!)
Jé, o Definidor: 10 pontos, 11 rebotes (acordou no último quarto; e como!)
Roberdei: 5 pontos, 2 rebotes, 2 assistências (discreto e necessário)
Gui Santos: 4 pontos (bela bolinha de três e personalidade no fim)
Cadê Wesley?

 

Foto: Caio Casagrande Cardoso/Bauru Basket/13 Comunicação

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Bauru 0, Flamengo 1: entrevistas pós-jogo em Marília

retranca-final-nbb-8Ainda há o que falar sobre a derrota do Paschoalotto Bauru para o Flamengo no jogo 1 da final do NBB. Todos se perguntando onde o Dragão errou, chorando o leite derramado de não haver ginásio compatível em Bauru, etc… De minha parte, aí vai mais material pós-jogo: conversas com os rubro-negros Marcelinho e Olivinha, como o armador Ricardo Fischer e com o comentarista Marcel, o ex-craque que hoje é comentarista da RedeTV!

O ala Marcelinho fala do apoio de sua torcida, do foco nas partidas no Rio e aproveitei para perguntar de Seleção Brasileira e Olimpíada:

 

Acho que me enrolei um pouco nas perguntas para o carrasco Olivinha, mas as respostas dele são relevantes:

 

Ricardo Fischer fala da dificuldade de assistir do lado de fora, comenta a derrota e diz como está sua recuperação:

 

O simpático Marcel analisa o jogo, celebra sua fase de comentarista e descarta, por ora, voltar a ser treinador:

Marcel: feliz da vida como comentarista. Fotos: Luiz Pires/LNB
Marcel: feliz da vida como comentarista. Fotos: Luiz Pires/LNB
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Bauru 0, Flamengo 1: derrota numa tarde artificial

retranca-final-nbb-8(Direto de Marília) Foi um sábado parecido com aquele do ano passado: frio e cinzento. Dentro da quadra, também tive sensação parecida: via semblantes resignados nos jogadores do Paschoalotto Bauru. Uma ou outra vibração, mas nada que lembrasse seus comportamentos na Panela de Pressão. Difícil explicar isso. Afinal, havia cerca de 5,6 mil pessoas, Marília mais uma vez abraçou o time, além dos muitos bauruenses que vieram até o ginásio Neusa Galetti, que fizeram barulho em alguns momentos, de arrepiar, até, mas nada convincente no conjunto dos 40 minutos. Quando o Flamengo foi avassalador nos três minutos iniciais do último período — momento determinante para a vitória por 83 a 77, a diminuta porção de rubro-negros fazia barulho maior. E foi assim, nessa tarde artificial, que o caminho do título inédito foi dificultado, mas a Arena Carioca II será igualmente um desafio aos hábitos. Primeira chance de reversão: quinta, 26/mai, às 17h.

BOLA QUICANDO
O Dragão não começa pilhado. Vê o Flamengo abrir o placar e pouco pontua passada metade do período. Cariocas igualmente sem empolgar, mas com cestas suficientes para descobrir-se o barulho de um miolinho rubro-negro na arquibancada, acrescido de alguns poucos marilienses anti-Bauru. Mas basta caírem os triplos de Robert Day pra se ouvir quem está em maioria. O Paschoalotto consegue desgarrar um pouquinho e fechar a parcial em 19 a 14.

No segundo quarto, o Flamengo erra menos, vira o jogo, mas logo se rende à onipresença de Hettsheimeir. O camisa 30 usa todo seu repertório, embaixo, de fora, chamando a galera pra jogar junto. Seu antagonista, JP Batista, é o destaque do outro lado. E os visitantes iriam para o vestiário em vantagem, não fossem as infiltrações de Paulinho e Alex nos segundos derradeiros: 39 a 38 (fração de 20 a 24).

No recomeço, o então sumido Olivinha, notório carrasco, começa a incomodar. O Urubu toma a dianteira, sua torcida se anima, a ponto de ser mais ouvida num certo momento, até que o time e a galera bauruense acordam, sempre no compasso de Hett, mas com bolaças de Jefferson e uma providencial participação de Murilo, que empolga Demétrius. Aos trancos e barrancos (parcial de 23 a 22), o Dragão se mantém na frente, 62 a 60.

No derradeiro período, o Bauru começa mal, perde bolas bobas, a cabeça e toma 13 pontos seguidos. Num piscar de olhos, Flamengo na frente em dois dígitos de diferença, até Hett (sempre ele) pontuar pela primeira vez no quarto a 5min54 do fim. Devagarinho a torcida se anima de novo, graças ao também inspirado Jé. Com paciência, insistindo com seu camisa 30, diminui a diferença, chegando colado no minuto final. Paulinho desperdiça investida, mas ainda bem que Rafael Mineiro erra dois lances livres, ao contrário de Hett, que diminui para dois pontos a 19s do fim. Mas para por aí… Falta daqui, erro dali, parcial (15 a 23) e vitória rubro-negra. O povo já estava indo embora antes de o cronômetro zerar. Na Panela, ninguém piscaria.

Alex teve dificuldades com a defesa carioca
Alex teve dificuldades com a defesa carioca

ABRE ASPAS
Áudio das entrevistas pós-jogo, a começar pelo técnico Demétrius:

 

Jefferson comentou a derrota e comentou o fator quadra:

 

Fala, Hettsheimeir:

 

NUMERALHA
Rafael: 25 pontos, 7 rebotes
Jefferson: 24 pontos, 4 rebotes
Alex: 10 pontos, 3 rebotes, 3 assistências
Robert: 8 pontos, 3 rebotes, 2 roubos
Murilo: 4 pontos, 2 rebotes
Paulo: 4 pontos, 6 assistências
Léo M.: 2 pontos, 3 rebotes, 4 assistências, 2 roubos, 1 toco

EM TEMPO
Ninguém tem culpa de nada. O regulamento é esse, não poderia ter sido a Panela, a cidade de Marília foi acolhedora e o público compareceu. Independentemente dessa falta de “química”, Bauru poderia ter vencido. Assim como pode ganhar uma no Rio, provocar o jogo 4 e ter mais uma chance de contagiar o Neusa Galetti.