Como era esperado, o Itabom/Bauru fechou invicto a série quartas-de-final contra Mogi (vencendo o terceiro jogo nesta quarta por 90 a 81) e aguarda o vencedor do playoff entre São José e Franca (por enquanto, 2 a 1 para os joseenses). Controlando a vantagem pequena durante boa parte do jogo, os guerreiros viram o adversário encostar na metade do último quarto, mas Larry Taylor chamou o jogo para si e garantiu a vitória. Ele (23 pontos), Douglas (22) – “Esse é o Douglas que a gente conhece!”, diria o Galvão… – e Jeff (22) anotaram nada menos que 74% dos pontos de Bauru.
Pela segunda vez acompanhei os guerreiros na ESPN Brasil e, se o Sportv nas transmissões do NBB não é aquela excelência, o tão decantado canal dos “fãs do esporte” consegue ser pior. Demonstram pouco conhecimento dos atletas, do histórico do campeonato e ficam, na boa, conversando fiado em muitos momentos do jogo. Na partida contra Franca, o locutor chamou Lula Ferreira de gerente técnico da CBB! (é da LNB)
“A gente sabia que seria difícil, mas conseguimos. Agora é pensar na semifinal”, resumiu o Alienígena. Ao final do jogo, o técnico Guerrinha destacou a maturidade do time após a exclusão de Fischer e avisou que não se pode escolher o adversário. O recado é esse mesmo, afinal, os outros é quem têm que temer o melhor time do Campeonato Paulista até agora.
A interrogação do título é só porque ainda não o vi jogar – logo vou a um treino. Ao que tudo indica, por ter um histórico nas ligas que disputou de forte homem de defesa, Nathan Thomas deve mesmo lutar pela bola com garra. Mas teoria e prática – e encaixe ao estilo de jogo dos prováveis novos colegas – podem não dar liga. O norte-americano que passa por testes no Itabom/Bauru está empolgado, tem o perfil que Guerrinha precisa, mas é preciso confirmar isso com a bola quicando.
E quando falo em perfil que Guerrinha precisa, o fator extraquadra pesa forte. Ele já se misturou à torcida Fúria, já rolou no chão com crianças e foi atencioso com a imprensa. Tem, aparentemente, o estilo “sussa” de Larry que conquistou o treinador – e toda Bauru. Guerrinha e o grupo rechaçariam uma estrelinha estilo Lamonte.
Na internet, encontram-se algumas estatísticas de Nathan, mas é preciso se debruçar um pouco mais para não distorcer números (de colegial, daqueles camps que ranqueam atletas e de conferências universitárias). O que se sabe, pelos vídeos, é que marca forte, dá tocos, tem boa infiltração e, além de saber fazer todo esse “serviço sujo”, ainda tem bom chute de fora.
No domingo, após a vitória do Itabom/Bauru sobre Mogi, o norte-americano deu breve (e exclusivo) depoimento ao Canhota 10, quando gastei meu enferrujado inglês. Boa sorte ao gringo e, se agradar, tomara que não exagere na hora de negociar salário.
“Jogo na posição 3 e gosto de jogar tanto fora quanto dentro do garrafão. Estou animado, adorei o time, a torcida, o técnico é muito bom. Espero ficar aqui até o final da temporada, depende do treinador. Adoraria ficar… Fui muito bem recebido pelos jogadores, eles são uma família.“
Itabom/Bauru vence Rio Claro, garante primeiro lugar do Grupo A e vantagem nos playoffs
Até agora, vem dando tudo certo, conforme o planejado. O Itabom/Bauru cravou a primeira posição da chave A ao vencer neste sábado (1/10) o Rio Claro, fora de casa, por 91 a 81. Mesmo se perder para Franca, na próxima quinta, não pode mais ser ultrapassado por Limeira, por causa do confronto direto. E melhor: se vencer os francanos em São Sebastião do Paraíso-MG – Pedrocão em reforma -, garante o primeiro lugar geral e a vantagem de jogar três partidas em casa nos playoffs até a final! Se já não seria um espanto ganhar de Franca na terra do sapato masculino, em quadra neutra, então…
E já começam as projeções para os playoffs. Paulistano ou Mogi deve ser o adversário das quartas. Passando, os guerreiros provavelmente encararão Pinheiros ou Franca, ficando Limeira ou São José como possível adversário numa final.
Voltando ao jogo: Larry é o novamente o principal pontuador do time. Ele, que desde o NBB 3 vinha diminuindo sua média – dando mais espaço a Fischer e Jeff na definição, principalmente -, está com fome de cesta. Foram 21 pontos. E Jeff Agba segue anotando duplo-duplo! Dessa vez, 16 pontos e 12 rebotes. O camisa 42 vem provando que valeu a pena lutar por seu retorno. Novamente Mosso, Alex Passilongo e Andrezão não entraram em quadra. Andrezão terá a Liga de Desenvolvimento Olímpico pela frente, Mosso é regular, mas Alex ainda não emplacou… Não duvido que pelo menos um deles saia antes do NBB 4. Mas é cedo para especular isso, pois Gui já esquentou muito banco e hoje está aí, cada vez mais participativo.
O momento é de comemorar a liderança, mas o jogo contra Franca é fundamental no caminho do título, pois em casa Bauru é quase imbatível e garantir três jogos na Luso (ou Panela) nos playoffs é indício de festa pela frente. Mas vamos degrau por degrau.
Time de guerreiros fecha primeiro turno em segundo de seu grupo
Quando um time de futebol vence por grande diferença de gols, como se sabe, usa-se o termo goleada. E no basquete, pode usar “cestada”? Em Minas, certamente se tornaria “cestaiada”! Foi o que aconteceu na noite desse domingo (4/9) em que o Itabom/Bauru venceu Franca, no ginásio da Luso, por 93 a 69. Quase teve lanche de graça pra galera, mas ninguém saiu frustrado por isso. A vitória convincente foi uma resposta ao tropeço em Limeira – que, aliás, foi surpreendida por Araraquara.
Pelo regulamento, Limeira termina o primeiro turno como líder da chave A, pelo confronto direto. Notícia da Federação Paulista, porém, cita Bauru como primeiro. Enfim, ambos têm seis vitórias e uma derrota e sete partidas decivias pela frente para definir seus posicionamentos para o playoff.
A partida começou pegada, com Bábby dominando o garrafão de um lado, e Fischer mandando bola pra redinha, do outro. O camisa 14, aliás, está com o calibre cada vez mais apurado e, quase sempre, tem sido o cestinha das partidas. Nesta, foram estupendos 28 pontos. Depois de um grande primeiro quarto, Franca foi dominada pelos guerreiros, que tiraram a diferença e a aumentaram nos períodos seguintes.Larry ficou 37 minutos na quadra e anotou mais um duplo-duplo (13 pontos, 12 rebotes, além de seis assitências). Jeff Agba também conseguiu esse feito, com dez pontos e 11 rebotes. E Pilar quase chegou lá, faltaram dois rebotes (17 pontos e oito rebotes) – camisa 11 é aclamado pela torcida cada vez que é substituído, por sua habitual raça.
A certa altura do segundo tempo, Fischer roubou bola e quase enterrou. Deu risada da situação, olhando para os colegas de banco, mas Guerrinha seguiu sério. Na jogada seguinte, foi a vez de Gaúcho recuperar a bola, mas fez firula e, claro, levou bronca. Mais tarde, porém, fez linda jogada individual e foi elogiado pelo treinador.
Outro grande destaque da partida foi Gui, que finalmente correspondeu às expectativas, pois espera-se dele uma temporada mais madura, com a oportunidade de ficar mais tempo em quadra. Muito bem defensivamente – “Ele deu uma nova energia ao time”, disse Guerrinha -, o camisa 9 ficou 18 minutos em quadra e ajudou bastante no revezamento. O mesmo vale para Mosso, cada vez mais importante em quadra. Gaúcho e seus 13 pontos também contribuiu com o rodízio.
A seguir, trechos de algumas entrevistas concedidas ao Canhota 10 ao final da partida, inclusive do presidente da Liga Nacional de Basquete, Kouros Monadjemi. Mais abaixo, fotos do confronto (de Sergio Domingues/HDR Photo).
PILAR
• Ídolo da torcida: “Eu tenho essa energia. Dou tudo de mim na quadra, não gosto de perder, gosto do confronto, me atiro na bola. Temos uma torcida guerreira, a Fúria, então a gente se reconhece.”
• Fazendo ioga: “É bom fazer ioga, conhecer. Comecei há pouco tempo, não dá pra falar ainda que está dando resultado. Mas é um trabalho de relaxamento, o Guerrinha que teve essa ideia [de fazer ioga]. A preocupação dele é que eu entro muito afoito e acabo fazendo muitas faltas. A ioga vem me ajudar mais paciência e concentração.”
GUERRINHA
• Ausência contra Santos (resposta ao Gustavo Longo, do BOM DIA): “Segue o mesmo esquema e é bom o time trabalhar essa autodefesa, ficar sem o técnico. E o Hudson [Previdello, auxiliar] tem capacidade e está muito integrado com o time. Vai ser uma vitória importantíssima.” • Como a vitória se construiu:“Franca estava jogando bem, fez 26 pontos no primeiro quarto. Nós é que os tiramos da zona de conforto. Não foi simplesmente Bauru jogou bem e Franca mal. É que nós tiramos Franca do jogo no próprio jogo.” • Relaxamento e firula:“No basquete, as coisas erradas se paga à vista. Perdeu essa bola, deixamos de fazer dois pontos e levamos cinco, isto é, foram sete pontos em menos de um minuto. E a diferença pra gente é importantíssima, do saldo de cestas no confronto, no caso de um empate.”
• Andrezão em quadra:“Nós revezamos de acordo com a necessidade. Geralmente, os técnicos colocam o jogador quando está ganhando, colocam para a torcida. Nós colocamos em situação real de jogo. Quando precisa, põe, pois cada jogador é uma ferramenta do técnico. Tem dia que não precisa, não sua. Outros tem mais recursos e ficam muito tempo na quadra, como o Larry e o Fischer.”
KOUROS MONADJEMI, presidente da LNB
• A força de Bauru:“Bauru não precisa de apresentações, tem muita tradição. Desde que me entendo por gente, Bauru prestigia o basquete, é um centro poderoso. Hoje assistimos um espetáculo, fruto de um trabalho do Guerrinha, que provou que uma equipe de basquete se faz com o tempo. Formá-la e caminhar com ela. E aí está o fruto. Uma equpe que pode chegar à decisão do Paulista e também do NBB.”
• NBB 4:“Acredito que teremos 16 ou 17 equipes. Há 18 equipes tentando, mas há critérios que devem ser mantidos. Estamos aguardando, demos prazo até dia 15 e, se Deus quiser, a maioria das equipes vai complementar o que está faltando. Teremos um belo espetáculo no NBB4, que será bem superior ao NBB3. Temos equipes muito fortes, muitas de São Paulo. Quem é que pode dizer quem será o campeão?”
• Pré-olímpico:“Vamos levar nosso apoio e torcer para que o Brasil volte com a classificação, que é muito importante.”