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Entrevista com Fernando Fischer, capitão do Bauru Basket

Gesso e muletas: por enquanto, são companhia de Fischer nas férias

Como prometido no post anterior, aí está a entrevista com o ala Fernando Fischer. Ele se recupera de uma cirurgia no tornozelo, mas estará recuperado antes do início da próxima temporada. Ele faz um balanço da anterior, comenta a montagem do time, fala da vontade de jogar com seu irmão. Longo papo, mas se você chegar até o fim, não vai se arrepender. O articulado capitão do Bauru Basket, que agora é jogador da Seleção Brasileira Militar, tem opiniões bacanas. Leia e comente!

Balanço da última temporada: o desempenho de Bauru superou suas expectativas?
“Foi superpositivo. Nosso time passou por grandes dificuldades, em grandes momentos: a lesão do Pilar, um cara importante; chegamos a jogar sem o Larry na Liga das Américas; eu machuquei o dedinho; o Douglas também se machucou em alguns momentos. Mas foi um grande ano. Chegamos a liderar o Paulista – e talvez o grande marco negativo foi ter perdido a semifinal para São José tendo o mando de quadra, a gente sabe que poderia ter ido mais longe. No Brasileiro, o sexto lugar foi magnífico, porque esse campeonato foi bem mais forte que o passado – e essa posição deve nos render uma nova classificação para um torneio continental. Então, estou feliz. O time evoluiu, o basquete de Bauru está mais estruturado, essa campanha de marketing está magnífica.”

Você jogou boa parte dessa temporada no sacrifício, por causa do seu problema no tornozelo?
“Joguei com muita dor. Tanto que no primeiro dia de férias já agendei a cirurgia, para resolver logo esse problema. Nessa temporada, não consegui treinar da forma que gostaria, o médico pedia para eu economizar nos movimentos. E saía com muita dor dos jogos, tinha dia que nem conseguia andar direito… Na virada do ano fiz o PRP [plasma rico em plaquetas], tratamento que ajudou a regenerar o meu tendão, mas o fato causador ainda estava lá. Agora vou ficar duas semanas sem pôr o pé no chão e espero me preparar bem para a próxima temporada.”

E há tempo suficiente para se recuperar…
“Exatamente. Nem vou aproveitar as férias. A fisioterapia vai ser crucial. Vou ter bastante tempo para me preparar, aguentar o impacto do salto e da corrida, que me prejudicavam. Estou bem animado, os médicos ficaram bem satisfeitos com o resultado. Na verdade nem foi a cirurgia que eu deveria fazer – a ideal me deixaria parado por cinco meses e optamos por essa mais simples primeiro.”

Foi esse problema no tornozelo que fez seu rendimento cair durante a temporada? Você começou arrebentando no Paulista e n o NBB teve um aproveitamento pior do que a edição anterior.
Eu comecei com uma média alta, dei uma caída e terminei bem de novo. Já estava sem paciência com a dor. Não via a hora de os treinos passarem e ir direto para o jogo.  Mas acho que consegui fazer uma série boa contra a Liga Sorocabana. Minha pior fase foi quando voltei do ano novo, fiquei 20 dias parado, fiz somente dois treinos e fui para o jogo. Até chegar no nível do time, prejudicou meu rendimento.

O Bauru Basket está com novo patrocinador, que prometeu bons reforços. O que espera para a próxima temporada?
“A expectativa para a próxima temporada é boa. Até porque temos uma cobrança mais interna do que externa. Sempre queremos mais. Temos limitações técnicas, mas sempre conseguimos nos superar. Por isso Bauru é um dos queridinhos do NBB, pelos dirigentes, pela torcida… É muito legal fazer parte desse projeto. Espero que venham pelo menos dois jogadores para nos ajudar, até porque estamos sempre entre quinto e sexto, queremos pular para os quatro primeiros. Mas isso não é um pulinho, é um grande salto! Quando se perde por cinco pontos para Brasília, parece pouco, mas isso separa anos de experiência, tem muita coisa envolvida. Não é só pensar que se tivesse feito duas bolinhas de três teria ganhado o jogo… Não é assim. Tem muito trabalho coletivo. Nosso diferencial é a continuidade, que o Guerrinha sempre busca. Ele sempre escolhe peças novas que vão encaixar no nosso esquema. Estou bem animado. A entrada da Paschoalotto vai nos ajudar muito. No dia da apresentação, mostraram que realmente acreditam no nosso time por causa do nosso comprometimento, que é o nosso princípio. É um parceiro que promete ter vida longa com a gente.”

Já é público o interesse de Bauru pelo seu irmão, Ricardo Fischer. Como você pode ajudar o time a vencer a forte concorrência por ele? Consegue convencê-lo?
“Vai ser difícil. Estou bem animado com o rumo que a carreira dele está tomando. Ele jogou na Suíça por dois anos, ainda não era muito conhecido por aqui, não foi chamado para nenhuma Seleção, mas sempre teve potencial pra isso. Essa transição do juvenil para o adulto é muito difícil. Ele acabou caindo numa equipe de ponta [São José], no começo mal pegava camisa e foi conquistando seu espaço. Hoje, se ele entra dois minutos, dá o máximo e rende. Se precisar jogar trinta, vai lá e joga. Tem uma personalidade fantástica para atleta de alto rendimento. É um sonho grande dele e gigantesco meu de jogarmos juntos. A gente sempre quis jogar junto. Eu, principalmente, porque vejo nele um grande jogador. Não porque é meu irmão, mas ele é bom! Sabe distribuir bem a bola, tem uma leitura de jogo fora do comum para a idade dele, tem uma personalidade vencedora. Espero que dê certo… Não posso dizer ‘Vem pra cá, porque eu te amo’, porque é capaz de ele vir e perder outra oportunidade. Como evolução profissional, aqui é um dos melhores caminhos, pela cobrança do Guerrinha, que não se cansa de exigir o melhor.”

Sendo ele ou outro ala que vier, não te incomoda ter menos tempo em quadra e até perder a titularidade?
“Diminuir a minutagem? Não. Digo sempre: quando pego um cara igual o Alex [Garcia, ala do Brasília], ele me marca o jogo inteiro. Queria ter um outro Alex no meu time, na outra ala, para o Alex de Brasília marcá-lo – e ficasse mais fácil para eu jogar… Quanto mais qualidade e jogadores com potencial, facilita.”

E o convite do Magnano para seu irmão treinar na Seleção? Vai aprender muito.
“Meu irmão vai estar num ambiente de alto nível, convidado por um dos maiores técnicos da história. É muito legal ele estar com pessoas como o Larry, com os caras da NBA. Imagine, o moleque com Nenê, Varejão… Lembro dele odiando basquete e jogando como goleiro em futebol de salão. Agora está do lado dessas feras.”

Você é capitão do Bauru Basket, certo? Mas não há identificação dessa função na quadra, como em outros esportes… Como funciona? Você se apresenta para o árbitro?
“O árbitro pergunta quem é o capitão e está escrito na súmula também. É uma função que o Guerrinha apontou por eu ter proximidade com ele, por conversar com todo mundo. Eu tenho uma leitura de jogo legal e também cobro bastante da molecada. Quando joguei na Suíça, eu era capitão, porque havia doze nacionalidades diferentes no time e eu falava inglês e conseguia me comunicar com todo o time. Aqui no Brasil o capitão não é muito valorizado, mas lá na Europa é muito.”

No grupo, está clara a sua liderança? Há um grupo de experientes que levam reivindicações para o Guerrinha?
“Hoje em dia, nem precisamos muito reclamar para o Guerrinha que estamos cansados. Ele entende esse lado. Mas discutimos jogadas. Eu já sugeri mudar em vários jogos. Tem gente que tem medo de argumentar com o treinador. Já tive altas discussões com o Guerrinha, mas faz parte, é pelo bem do time.”

E como se deu a saída do Douglas Nunes? Qual era a relação dele com o grupo? Ele saiu na boa? Houve um desgaste?
“Ele se dava bem com a gente. Uma coisa é a relação entre atletas, outra é fora. Tem gente com quem você tem mais afinidade. Tem cara que a gente nem conversa muito. Mas o Douglas tinha seus amigos. Andava muito com o Gaúcho, o Thyaguinho. Uma coisa é o que as pessoas veem de fora e outra é a gente lá dentro. Ele tem um baita potencial, o próprio Guerrinha já elogiou muito. Tem um grande arremesso. Ele sai de boa, ninguém tem nada contra ele e desejo muita sorte.”

No último jogo em Bauru, quando ele reagiu contra um torcedor, ficou um climão…
“Não sei o que aconteceu com ele, mas era visível que ele não estava bem, não estava à vontade, o que é importante para render em quadra.”

Uma vez perguntei a você se Bauru não abusava dos chutes de três e você disse que, da mesma forma que se perdia um jogo num lance desses, o time ganhou outros tantos assim. Mas, para a próxima temporada, até pela exigência do Guerrinha em bater mais para dentro, vai haver um perfil diferente? Ou esse é o estilo do time?
“A gente tem que dar uma enxugada. Não é todo mundo que tem que ficar chutando de três. Eu, com certeza, vou chutar, principalmente na transição. A bola que eu mais gosto é quando o Larry puxa contra-ataque e me acha lá fora. É meu melhor aproveitamento. Dessa vez, não tínhamos nenhum jogador com características de infiltração como era o Alex, que foi para o Paulistano. Ele é um driblador muito bom. No nosso time, o Larry era quem mais infiltrava. O Gui prefere arremessar, apesar de ter melhorado no final e eu tenho cobrado muito, pois ele pula muito alto, tem que infiltrar! O Douglas preferia arremesso. O Jeff, apesar de ter jogo interno, tem um arremesso de dois raríssimo, muito bom. Então, nosso time tinha mais arremessadores do que infiltradores. Não podemos perder essa característica de volume de jogo: pressionar, defesa chata, rebote, contra-ataque, rebote ofensivo… A gente precisa amadurecer o pick and roll, o Guerrinha tem tentado, mas não podemos perder nosso ímpeto.”

Sobre o ala na posição 3 que virá, que está gerando ansiedade na torcida. Não pode errar o nome, né? Pois a tentativa com o Nathan não deu certo…
“Esse jogador que vai chegar vai aumentar muito o nível do nosso time. E nem precisa fazer trinta pontos por jogo. Se fizer de doze a dezesseis e pegar rebotes, vai facilitar pra todo mundo. Acho difícil achar um três bom no Brasil. Tem o Robert Day, que cairia aqui como uma luva, mas renovou com Uberlândia. O Nathan tinha o físico para brigar pelo rebote, mas faltava qualidade técnica e experiência. Vai ser difícil achar esse cara…”

O Bauru Basket tem grande envolvimento com a comunidade, projetos sociais. E você abraçou uma causa.
“Uma vez fomos ao projeto Alegria, no Hospital Estadual, e gostei tanto de fazer parte que vou toda semana. É diferenciado, a gente tem que aproveitar, não sei como tem gente que não gosta [de voluntariado].”

Fischer (à direita): engajado
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Bauru x Brasília, jogo 3

Terminou a temporada 2011/2012 para o Itabom/Bauru. Mais uma vez nas quartas-de-final do NBB. Brasília fechou a série em 3 a 0 (venceu por 99 a 91), é mesmo um time muito superior e que caminha com boas chances para o tricampeonato. Ponto negativo para o destempero de Jeff Agba, o que de alguma forma arranha a imagem do time, pois o Sportv especulou bastante, durante a transmissão, sobre os exageros do pivô nas disputas de bola.

Haverá tempo de sobra para analisar a temporada, agora é momento de esperar a poeira baixar. Foi um período fantástico cobrindo esse time que é um barato, de muito carisma e garra dentro e fora da quadra. De quebra, o Canhota 10 ganhou mais evidência no mundo basqueteiro, como correspondente do Basketeria, o maior portal da modalidade na América Latina.
Confira a crônica do jogo que escrevi para o Basketeria!

Agora é o momento de torcer para a diretoria anunciar um novo patrocinador master e investir em contratações de peso. Até porque, conforme Guerrinha revelou ao Jornada Esportiva, Larry Taylor condicionou sua permanência à montagem de um  elenco competitivo – o Alienígena já aceitou bases salariais e irá assinar um pré-contrato.

Pelo que disse o treinador, é desejo permanecer, além de Larry, com Fischer, Jeff, Pilar, Andrezão e Luquinha – Gui já tem contrato. Mosso tem chances, agradou Guerrinha na reta final, e os demais serão avaliados. Mas é certo que Douglas Nunes não fica mais.

Com o tempo, vão pintando os nomes, as especulações, as novidades. Continue acompanhando o Canhota 10 – e obrigado pelo prestígio nessa temporada!

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Itabom/Bauru x Brasília: fala, Guerrinha!

Já ouvi de mais de uma pessoa do meio: Guerrinha é o melhor entrevistado do basquete brasileiro. Tem sempre boas tiradas, não mede palavras, fala com o coração. Fazia tempo que eu não o entrevistava com um pouco mais de tempo. Só não rendeu mais porque, terminado o treino, ele estava de saída para a academia. Mas rendeu aspas para a matéria do Basketeria e ainda mais que publico aqui no Canhota 10. Fala, Guerrinha!

O time está zerado fisicamente depois dessa folga?
“Nunca está. O Gui teve uma batida no joelho e ficou três dias sem treinar. Vamos observar, acho difícil ele jogar. Não é nada sério, mas tem dor. Ele está sendo avaliado constantemente. O Douglas ficou quatro dias afastado semana passada por conta de uma contratura muscular. Então não deu para treinar tudo o que deveria, mas pelo nosso histórico, está cento e dez por cento… Série de playoff é assim mesmo, começa de um jeito, machuca.”

Expectativa para o confronto
“Esperamos fazer uma boa série. Sabemos da qualidade de Brasília, da experiência. Um time que conhece os atalhos de um playoff. Temos que bloquear esses atalhos com muita boa vontade e disposição em quadra.”

Treino x jogo
“O momento da carreira dos nossos jogadores pede treinamento. Já Brasília pode treinar menos e ganhar condição no jogo. Nosso time precisa treinar para corrigir, faz parte de um processo. Esperamos compensar a falta de ritmo de jogo com força física e energia jogando em casa.”

Problema fora de quadra (saída da Itabom) vai ficar fora da quadra
” Temos que fazer, independentemente de qualquer situação, sempre o nosso melhor: representar Bauru, a comunidade, a região, como se estivesse tudo cem por cento.” 

A busca por apoio
“O ideal seria ter um patrocinador assinado por muitas temporadas para estabelecer um ciclo. Mas todo ano temos que correr atrás. Somente Franca tem esse patrocínio forte, da Vivo, Brasília vai renovando por causa dos bons resultados, Pinheiros tem um clube que tem uma contrapartida de oferecer projetos à Sky, São José usufrui de uma lei esportiva municipal… Hoje, estamos bem melhores do que três meses atrás, com finanças equilibradas. Nosso problema é continuidade. Algumas empresas já sinalizaram positivamente e temos um ou duas semanas para saber em que nível vai ser o projeto para a próxima temporada. Então, esperamos que as coisas aconteçam da melhor forma possível. Está sendo feita uma campanha publicitária muito legal, direta, com várias opções, para todos os tipos de investidores, desde o torcedor de arquibancada à cota master de patrocínio. Agora, é questão de resposta da cidade de Bauru. Estamos fazendo a nossa parte.”

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Itabom/Bauru se despede bem da Liga das Américas

Douglas, Larry e Gui: os nomes do jogo

Quando vi Larry Taylor em quadra, não acreditei. Devem ter sido somente câimbras – ele saiu carregado de quadra após esforço sobre-humano contra o Pioneros, no sábado. Mas o Alienígena estava inteiro, jogou 35 minutos contra o Bucaneros-VEN (vitória por 83 a 80), melhor assim. O camisa 4 bauruense anotou duplo-duplo, com 14 pontos e 10 assistências. Gui também se destacou com 17 pontos e 6 rebotes e Jeff quase chegou ao duplo-duplo também, com 14 pontos e 9 rebotes.

Mas o destaque, disparado, foi Douglas Nunes. Impressionante como ele sai de uma partida abaixo da crítica contra o Pioneros (apenas dois pontinhos) e marca 31 contra os venezuelanos, além de 11 rebotes – outro duplo-duplo do Dragão. O camisa 13 foi muito criticado na véspera por torcedores exatamente por oscilar tanto. O curioso é que ele gosta de jogo decisivo, pegado, e o jogo da vida do Bauru Basket na Liga das Américas era contra o Pioneros. Mas não se encontrou, bola pra frente. Que esteja inspirado na reta final do NBB.

Via assessoria, Guerrinha analisou a participação bauruense. “Tivemos uma primeira partida ruim, mas soubemos crescer muito após o primeiro jogo. Se esse quadrangular tivesse sido no Brasil, teríamos nos classificado. Fizemos um bom jogo contra o Pioneros e perdemos nos detalhes. Contra os venezuelanos, conseguimos melhorar e vencer a partida, mesmo diante de todas as dificuldade que estamos. Acredito que toda essa experiência adquirida por nossos atletas irá se refletir muito na sequência no NBB”. Ele tem razão: na Panela teria sido diferente. Lembrando que Bauru só não jogou em seu ginásio porque o chaveamento não permitiu – caiu no grupo do Pioneros, que já estava confirmado como mandante.

Agora, que venha o quinto lugar, que seria importantíssimo para o projeto, pois possibilitaria uma nova vaga em torneio internacional em 2013 – no mínimo, a Liga Sul-Americana. Abaixo, um belo clique do Alienígena.

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Interligas: trecho de entrevista coletiva em Buenos Aires

Quem mandou o vídeo foi o Caio Casagrande, assessor de comunicação do Itabom/Bauru. Que legal que ele está lá.
Atualizado: o editor de esportes do Jornal da Cidade, Neto del Hoyo, também está na Argentina cobrindo o evento – resultado de uma parceria do periódico bauruense com o Grupo Marca.
Atualizado 2: mais um colega está por lá, o repórter Rafael Chinaglia, da TV TEM. Muito bom isso. Será que alguém vai pra Cancún?

A seguir, Guerrinha gastando o portunhol durante entrevista coletiva, na véspera do início do grupo B do Interligas. O Pinheiros já está na final. O mais importante dessa participação do Bauru Basket é o intercâmbio, ainda mais para Andrezão, Luquinha, Gui… Aproveite, molecada!