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Paschoalotto/Bauru, novo elenco (7): entrevista com Ricardo Fischer, novo reforço

Montagem sobre fotos de Divulgação/LNB

Foi exatamente no dia 9 de janeiro, num evento no Sesc, que eu ouvi a seguinte frase: “Vamos trazer o irmão do Fischer”. Ainda bem que eu sou bom de guardar segredo… Porque não fazia nenhum sentido, com o NBB pela metade, divulgar esse interesse, que geraria atrito entre diretorias e tiraria o foco dos irmãos Fischer, que há algum tempo alimentam o sonho de jogarem juntos. Mais do que isso: decretaria com antecedência a saída do armador Thyago Aleo – já que Luquinha, da mesma posição, tem idade para disputar a próxima Liga de Desenvolvimento do Basquete (ex-LDO, agora sub-22). Essa competição, aliás, é um dos alvos do Bauru Basket para a próxima temporada: com Fischerzinho, Luquinha, Gui e Andrezão, meu Deus, ninguém segura.

Enfim, não existe furo a qualquer preço. Quando a fonte é um terceiro, vai lá, checa e publica. Mas fonte oficial, que conta na confiança, até pra compartilhar, ouvir opinião (quando ouvi o nome de Ricardo Fischer há cinco meses, meu olho brilhou), tem que respeitar. Pediu sigilo, já era.

Melhor assim. Thyaguinho terminou sua temporada focado, fez boa participação no Interligas e mostrou, dentro de suas limitações, que merece espaço em outro time para se desenvolver ainda mais. Boa sorte pra ele. E Ricardo lutou com os colegas de São José e quase conquistou o NBB – e é adorado pela torcida joseense pela sua entrega em quadra, tanto que há dezenas de comentários no Facebook desejando sucesso ao jovem de 21 anos no novo desafio.

Uma curiosidade: Fernando Fischer, capitão do Bauru Basket, sugeriu a contratação do irmão para a temporada 2011/2012, mas acharam prematuro e até mesmo que atrapalharia seu rendimento. Desta vez, aconteceu o contrário: pediram ao Gatilho de Ouro para ajudar a convencer o irmão. Era a hora certa, como disse o diretor Vitinho Jacob em comunicado à imprensa: “É um jogador que conhecemos há três anos e é o momento certo para a equipe”.

A seguir, uma breve e exclusiva entrevista do novo jogador do Bauru Basket Team ao Canhota 10:

Jogar ao lado do seu irmão pesou na decisão?
“Teve um grande peso, mas acho que não foi só isso, foi uma série de coisas.”

Entre elas o fato de o Guerrinha saber desenvolver atletas jovens?
“Guerrinha é um excelente técnico, como o Régis também é. Mas acho que terei um pouco mais de espaço no time bauruense.”

Além de formar um time fortíssimo para a Liga de Desenvolvimento, não é?
“Com certeza, iremos para brigar pelo título este ano.”

O que espera dos treinamentos com a Seleção Brasileira principal?
“Que seja muito bom, um grande aprendizado. Estarei com grandes jogadores e um grande técnico.”

E a expectativa de chegar ao novo time e realizar o sonho de jogar com seu irmão?
“Muito boa, já conheço o elenco e me dou bem com todos! E a diretoria de Bauru foi fantástica! Com meu irmão, é um sonho se realizando. Tenho certeza que será ótimo.”

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Entrevista com Fernando Fischer, capitão do Bauru Basket

Gesso e muletas: por enquanto, são companhia de Fischer nas férias

Como prometido no post anterior, aí está a entrevista com o ala Fernando Fischer. Ele se recupera de uma cirurgia no tornozelo, mas estará recuperado antes do início da próxima temporada. Ele faz um balanço da anterior, comenta a montagem do time, fala da vontade de jogar com seu irmão. Longo papo, mas se você chegar até o fim, não vai se arrepender. O articulado capitão do Bauru Basket, que agora é jogador da Seleção Brasileira Militar, tem opiniões bacanas. Leia e comente!

Balanço da última temporada: o desempenho de Bauru superou suas expectativas?
“Foi superpositivo. Nosso time passou por grandes dificuldades, em grandes momentos: a lesão do Pilar, um cara importante; chegamos a jogar sem o Larry na Liga das Américas; eu machuquei o dedinho; o Douglas também se machucou em alguns momentos. Mas foi um grande ano. Chegamos a liderar o Paulista – e talvez o grande marco negativo foi ter perdido a semifinal para São José tendo o mando de quadra, a gente sabe que poderia ter ido mais longe. No Brasileiro, o sexto lugar foi magnífico, porque esse campeonato foi bem mais forte que o passado – e essa posição deve nos render uma nova classificação para um torneio continental. Então, estou feliz. O time evoluiu, o basquete de Bauru está mais estruturado, essa campanha de marketing está magnífica.”

Você jogou boa parte dessa temporada no sacrifício, por causa do seu problema no tornozelo?
“Joguei com muita dor. Tanto que no primeiro dia de férias já agendei a cirurgia, para resolver logo esse problema. Nessa temporada, não consegui treinar da forma que gostaria, o médico pedia para eu economizar nos movimentos. E saía com muita dor dos jogos, tinha dia que nem conseguia andar direito… Na virada do ano fiz o PRP [plasma rico em plaquetas], tratamento que ajudou a regenerar o meu tendão, mas o fato causador ainda estava lá. Agora vou ficar duas semanas sem pôr o pé no chão e espero me preparar bem para a próxima temporada.”

E há tempo suficiente para se recuperar…
“Exatamente. Nem vou aproveitar as férias. A fisioterapia vai ser crucial. Vou ter bastante tempo para me preparar, aguentar o impacto do salto e da corrida, que me prejudicavam. Estou bem animado, os médicos ficaram bem satisfeitos com o resultado. Na verdade nem foi a cirurgia que eu deveria fazer – a ideal me deixaria parado por cinco meses e optamos por essa mais simples primeiro.”

Foi esse problema no tornozelo que fez seu rendimento cair durante a temporada? Você começou arrebentando no Paulista e n o NBB teve um aproveitamento pior do que a edição anterior.
Eu comecei com uma média alta, dei uma caída e terminei bem de novo. Já estava sem paciência com a dor. Não via a hora de os treinos passarem e ir direto para o jogo.  Mas acho que consegui fazer uma série boa contra a Liga Sorocabana. Minha pior fase foi quando voltei do ano novo, fiquei 20 dias parado, fiz somente dois treinos e fui para o jogo. Até chegar no nível do time, prejudicou meu rendimento.

O Bauru Basket está com novo patrocinador, que prometeu bons reforços. O que espera para a próxima temporada?
“A expectativa para a próxima temporada é boa. Até porque temos uma cobrança mais interna do que externa. Sempre queremos mais. Temos limitações técnicas, mas sempre conseguimos nos superar. Por isso Bauru é um dos queridinhos do NBB, pelos dirigentes, pela torcida… É muito legal fazer parte desse projeto. Espero que venham pelo menos dois jogadores para nos ajudar, até porque estamos sempre entre quinto e sexto, queremos pular para os quatro primeiros. Mas isso não é um pulinho, é um grande salto! Quando se perde por cinco pontos para Brasília, parece pouco, mas isso separa anos de experiência, tem muita coisa envolvida. Não é só pensar que se tivesse feito duas bolinhas de três teria ganhado o jogo… Não é assim. Tem muito trabalho coletivo. Nosso diferencial é a continuidade, que o Guerrinha sempre busca. Ele sempre escolhe peças novas que vão encaixar no nosso esquema. Estou bem animado. A entrada da Paschoalotto vai nos ajudar muito. No dia da apresentação, mostraram que realmente acreditam no nosso time por causa do nosso comprometimento, que é o nosso princípio. É um parceiro que promete ter vida longa com a gente.”

Já é público o interesse de Bauru pelo seu irmão, Ricardo Fischer. Como você pode ajudar o time a vencer a forte concorrência por ele? Consegue convencê-lo?
“Vai ser difícil. Estou bem animado com o rumo que a carreira dele está tomando. Ele jogou na Suíça por dois anos, ainda não era muito conhecido por aqui, não foi chamado para nenhuma Seleção, mas sempre teve potencial pra isso. Essa transição do juvenil para o adulto é muito difícil. Ele acabou caindo numa equipe de ponta [São José], no começo mal pegava camisa e foi conquistando seu espaço. Hoje, se ele entra dois minutos, dá o máximo e rende. Se precisar jogar trinta, vai lá e joga. Tem uma personalidade fantástica para atleta de alto rendimento. É um sonho grande dele e gigantesco meu de jogarmos juntos. A gente sempre quis jogar junto. Eu, principalmente, porque vejo nele um grande jogador. Não porque é meu irmão, mas ele é bom! Sabe distribuir bem a bola, tem uma leitura de jogo fora do comum para a idade dele, tem uma personalidade vencedora. Espero que dê certo… Não posso dizer ‘Vem pra cá, porque eu te amo’, porque é capaz de ele vir e perder outra oportunidade. Como evolução profissional, aqui é um dos melhores caminhos, pela cobrança do Guerrinha, que não se cansa de exigir o melhor.”

Sendo ele ou outro ala que vier, não te incomoda ter menos tempo em quadra e até perder a titularidade?
“Diminuir a minutagem? Não. Digo sempre: quando pego um cara igual o Alex [Garcia, ala do Brasília], ele me marca o jogo inteiro. Queria ter um outro Alex no meu time, na outra ala, para o Alex de Brasília marcá-lo – e ficasse mais fácil para eu jogar… Quanto mais qualidade e jogadores com potencial, facilita.”

E o convite do Magnano para seu irmão treinar na Seleção? Vai aprender muito.
“Meu irmão vai estar num ambiente de alto nível, convidado por um dos maiores técnicos da história. É muito legal ele estar com pessoas como o Larry, com os caras da NBA. Imagine, o moleque com Nenê, Varejão… Lembro dele odiando basquete e jogando como goleiro em futebol de salão. Agora está do lado dessas feras.”

Você é capitão do Bauru Basket, certo? Mas não há identificação dessa função na quadra, como em outros esportes… Como funciona? Você se apresenta para o árbitro?
“O árbitro pergunta quem é o capitão e está escrito na súmula também. É uma função que o Guerrinha apontou por eu ter proximidade com ele, por conversar com todo mundo. Eu tenho uma leitura de jogo legal e também cobro bastante da molecada. Quando joguei na Suíça, eu era capitão, porque havia doze nacionalidades diferentes no time e eu falava inglês e conseguia me comunicar com todo o time. Aqui no Brasil o capitão não é muito valorizado, mas lá na Europa é muito.”

No grupo, está clara a sua liderança? Há um grupo de experientes que levam reivindicações para o Guerrinha?
“Hoje em dia, nem precisamos muito reclamar para o Guerrinha que estamos cansados. Ele entende esse lado. Mas discutimos jogadas. Eu já sugeri mudar em vários jogos. Tem gente que tem medo de argumentar com o treinador. Já tive altas discussões com o Guerrinha, mas faz parte, é pelo bem do time.”

E como se deu a saída do Douglas Nunes? Qual era a relação dele com o grupo? Ele saiu na boa? Houve um desgaste?
“Ele se dava bem com a gente. Uma coisa é a relação entre atletas, outra é fora. Tem gente com quem você tem mais afinidade. Tem cara que a gente nem conversa muito. Mas o Douglas tinha seus amigos. Andava muito com o Gaúcho, o Thyaguinho. Uma coisa é o que as pessoas veem de fora e outra é a gente lá dentro. Ele tem um baita potencial, o próprio Guerrinha já elogiou muito. Tem um grande arremesso. Ele sai de boa, ninguém tem nada contra ele e desejo muita sorte.”

No último jogo em Bauru, quando ele reagiu contra um torcedor, ficou um climão…
“Não sei o que aconteceu com ele, mas era visível que ele não estava bem, não estava à vontade, o que é importante para render em quadra.”

Uma vez perguntei a você se Bauru não abusava dos chutes de três e você disse que, da mesma forma que se perdia um jogo num lance desses, o time ganhou outros tantos assim. Mas, para a próxima temporada, até pela exigência do Guerrinha em bater mais para dentro, vai haver um perfil diferente? Ou esse é o estilo do time?
“A gente tem que dar uma enxugada. Não é todo mundo que tem que ficar chutando de três. Eu, com certeza, vou chutar, principalmente na transição. A bola que eu mais gosto é quando o Larry puxa contra-ataque e me acha lá fora. É meu melhor aproveitamento. Dessa vez, não tínhamos nenhum jogador com características de infiltração como era o Alex, que foi para o Paulistano. Ele é um driblador muito bom. No nosso time, o Larry era quem mais infiltrava. O Gui prefere arremessar, apesar de ter melhorado no final e eu tenho cobrado muito, pois ele pula muito alto, tem que infiltrar! O Douglas preferia arremesso. O Jeff, apesar de ter jogo interno, tem um arremesso de dois raríssimo, muito bom. Então, nosso time tinha mais arremessadores do que infiltradores. Não podemos perder essa característica de volume de jogo: pressionar, defesa chata, rebote, contra-ataque, rebote ofensivo… A gente precisa amadurecer o pick and roll, o Guerrinha tem tentado, mas não podemos perder nosso ímpeto.”

Sobre o ala na posição 3 que virá, que está gerando ansiedade na torcida. Não pode errar o nome, né? Pois a tentativa com o Nathan não deu certo…
“Esse jogador que vai chegar vai aumentar muito o nível do nosso time. E nem precisa fazer trinta pontos por jogo. Se fizer de doze a dezesseis e pegar rebotes, vai facilitar pra todo mundo. Acho difícil achar um três bom no Brasil. Tem o Robert Day, que cairia aqui como uma luva, mas renovou com Uberlândia. O Nathan tinha o físico para brigar pelo rebote, mas faltava qualidade técnica e experiência. Vai ser difícil achar esse cara…”

O Bauru Basket tem grande envolvimento com a comunidade, projetos sociais. E você abraçou uma causa.
“Uma vez fomos ao projeto Alegria, no Hospital Estadual, e gostei tanto de fazer parte que vou toda semana. É diferenciado, a gente tem que aproveitar, não sei como tem gente que não gosta [de voluntariado].”

Fischer (à direita): engajado