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Pet, aos 43: Fla tri estadual em 2001

Para comemorar os dez anos do golaço de Pet, a seção Na Gaveta relembra texto do jornalista Fernando BH originalmente publicado na revista Tributo Esportivo Edição Histórica 6, da Editora Alto Astral.

MAIS UMA ESTRELA E… VICE DE NOVO!

Por Fernando BH

Havia muita coisa em jogo naquela tarde de maio. Para o Vasco, a chance de livrar-se da sina de vice, pois não vencia os rubro-negros numa decisão desde 1988 – a goleada de 5 a 1 pela Taça Guanabara de 2000 foi válida pela última rodada do turno, que era disputado em pontos corridos, mesmo caso da Taça Rio de 1999. Para o Flamengo, a chance de bordar a quarta estrela na camisa (cada uma delas corresponde a um tri carioca – critério abandonado em 2004, quando ficou apenas a dourada do Mundial).

Some à atmosfera do Maracanã a vitória do Vasco na partida de ida, a ausência de Romário, contundido, o carisma de Zagallo, a falastrice de Eurico Miranda… Do lado flamenguista, Edílson, artilheiro do campeonato, e seu desafeto, Petkovic, o articulador das jogadas. Do lado vascaíno, a velocidade de Juninho Paulista e Euller e o oportunismo de Viola.

O Vasco começou melhor a partida e poderia ter confirmado o título não fossem duas importantes defesas de Júlio César. Primeiro, defendendo chute de Juninho, que arrancou do meio-campo driblando a defesa do Mengo. Depois, cara a cara com Viola, salvou com o pé esquerdo. A história começou a mudar quando Cássio recebeu de Beto na área e, ao cortar Clébson, levou a rasteira. Edílson converteu o pênalti. Juninho, porém, levou seu time tranquilo para o vestiário, ao empatar aos 40, completando jogada de raça de Viola, numa bola aparentemente perdida.

No intervalo, o Velho Lobo deve ter batido um papo com seu protetor, São Judas Tadeu.

Só pode ter sido o padroeiro das causas perdidas quem inspirou os inimigos íntimos a se entenderem em campo: Petkovic ciscou pela esquerda e cruzou na medida para o Capetinha completar de cabeça. Faltava um para o título, mas o Vasco se impôs. Novamente o santo agiu, soprando a cobrança de falta de Juninho – sempre ele – que parou no travessão. E, certamente, concedeu poderes celestiais a Júlio César, que operou milagre em finalização de Euller.

Mesmo próximo o fim do jogo, os vascaínos ainda não gritavam “É campeão” a plenos pulmões. A prudência ganhou sentido quando Edílson sofreu falta na intermediária. Praticamente do mesmo lugar em que Rodrigo Mendes fez o gol do título de 1999, o que sugeria um chute forte, talvez de Beto. Mas coube a Pet lembrar Zico, encobrir a barreira e colocar a bola no ângulo. Foi o décimo gol de falta dele com a camisa 10 rubro-negra. Hélton se esticou todo, mas, essa nem São Judas Tadeu pegaria.

FLAMENGO 3 x 1 VASCO
Maracanã, no Rio de Janeiro-RJ – Final do Campeonato Carioca 2001 – Árbitro: Léo Feldman – Público: 60.038 – Gols: 1ºT: Edílson (23), Juninho Paulista (40); 2ºT: Edílson (8), Petkovic (43).
Flamengo: Júlio César; Alessandro (Maurinho), Fernando, Juan e Cássio; Leandro Ávila, Rocha, Beto (Jorginho) e Petkovic; Reinaldo (Roma) e Edílson. Téc: Zagallo.
Vasco: Helton; Clébson, Odvan (Geder), Alexandre Torres e Jorginho Paulista; Paulo Miranda, Fabiano Eller, Pedrinho (Jorginho) e Juninho Paulista; Euller e Viola (Dedé). Téc: Joel Santana.

Depoimento: em entrevista ao colega Marcelo Ricciardi, Pet declarou que só se deu conta da importância do gol depois de algum tempo. “Até hoje aqueles momentos passam pela minha cabeça como se fosse um filme. Já joguei em outros clubes com torcedores fanáticos, mas a torcida do Flamengo foi além disso. Sei que todos eles terão sempre um carinho muito grande por mim.”

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Vitória para concretizar evolução

Noroeste encara Bragantino, que tem retrospecto melhor nos confrontos pelo Paulistão; dúvida na lateral-direita: Júlio César ou Gustavo?

Pela quarta rodada do Paulistão 2011, o Noroeste busca sua primeira vitória nesta quarta (26/1). A partida contra o Bragantino no Alfredão, às 17h, deverá ter público reduzido, mas o fator casa terá que prevalecer, pois, apesar da invencibilidade (três jogos, três empates), o Alvirrubro ocupa a incômoda 15ª posição na tabela.

Dúvida na direita: Júlio César ou Gustavo Henrique? Foto de Diogo Carvalho/ECN

Com a suspensão de Márcio Gabriel, expulso contra o Corinthians, Luciano Dias deixou no ar a dúvida de seu substituto na lateral-direita. De qualquer forma, será no improviso: ou o volante Júlio César, ou o lateral-esquerdo Gustavo Henrique. Há uma pista, pelos jogadores relacionados: a presença de França no banco. Desde a estreia, Luciano Dias tem sido bem pragmático na formação dos suplentes: há sempre o goleiro, claro, um zagueiro, um lateral, um volante, um meia e dois atacantes. Portanto, com o volante França como opção, Júlio César deverá vestir a camisa 2.

Com o retorno de Otacílio Neto, outra dúvida: Vandinho ou Thiago Marin permanece no time? Eu ficaria com Thiago, que equilibrou o meio-campo. Mas, até pela característica do adversário, muito defensivo, Vandinho será a flecha que poderá furar o bloqueio do Bragantino. Aguardemos.

Retrospecto
Noroeste e Bragantino se enfrentaram 12 vezes na história do Paulistão. E a vantagem do Massa Bruta da terra da linguiça é massacrante: sete vitórias do time alvinegro, três empates e apenas dois triunfos noroestinos. O Norusca marcou dez vezes e o Braga, 17. No Alfredão, o Alvirrubro não ganha desde 1993 e houve três empates recentes (1 a 1 em 2006, com gol do ex-noroestino Gileno; 1 a 1 em 2008; 0 a 0 em 2009); a última vitória do confronto foi do Bragantino, em 2007 (2 a 1, em Bragança Paulista).

Fotos na homepage: Diogo Carvalho/ECN

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Parabéns, glorioso Norusca!

Reproduzo aqui texto publicado hoje (1/9) no jornal Bom Dia Bauru, que resume meu respeito e minha admiração pelo Esporte Clube Noroeste.

Genótipo e fenótipo

Peço licença para falar do centenário Esporte Clube Noroeste. Licença porque não sou bauruense, não nasci de linhagem alvirrubra. Entretanto, recorde as aulas de biologia, caro leitor.

Genótipo é o conjunto de genes, de nossas características hereditárias, nosso código de barras. Por essa teoria, sou torcedor do Ituiutaba (atualmente na Série C nacional), natural que sou de cidade homônima, do Triângulo Mineiro. Entretanto, não passava de um time amador quando de lá saí, há quase 14 anos.

Voltemos à biologia. Fenótipo: o resultado da interação do código genético com o ambiente. É aí que meu coração ganhou o carimbo noroestino. Passou a pulsar no descompasso desse time errante, um ioiô que testa cardíacos com seu sobe-desce, da elite à segundona, do inferno ao céu – parêntese para a geografia: céu que nessas coordenadas do Centro-Oeste paulista é o melhor ambiente do voo a vela e endereço do mais belo pôr do sol que já vi.

A paixão pelo Noroeste, porém, não me pegou de súbito. A nova vida universitária me ocupava – estudante demora a interagir de verdade com a cidade, a comunidade, muitos vão embora sem comer o legítimo sanduíche e mal sabem o que há depois da Rodoviária.

A princípio, achava graça do nome da dupla de ataque: Petróleo e Tequila. Interessava-me mais torcer para que o clube retornasse à elite para ver grandes times de perto. Pé frio: em 1999, o Norusca caiu para a A3. Enquanto o time vivia no limbo da Terceirona, eu estudei, namorei, formei-me jornalista, casei e finquei minha estaca por aqui. Hoje, arrependo-me de não ter estado ao lado do time naquelas horas difíceis, quando agonizava num sucateado Alfredo de Castilho, como um doente terminal. É nesses momentos que se forja o melhor dos torcedores.

Pelo menos, quando o Corinthians veio a Bauru para o retorno do clube à elite, em 2006, eu já não queria mais ver time grande. Grande era o Norusca! Já sentira o prazer de subir aos trancos e barrancos – sofrido como tem que ser – e até de ser campeão, na emblemática Copa FPF. Já estava contaminado, meu sangue era, de fato, rubro.

A partir dali, os heróis noroestinos ganharam herdeiros. Fabiano Paredão lembrou Amélio. Bonfim é tão longevo quanto Xandu. Marcelo Santos foi vigilante no lado esquerdo como Gualberto. O capitão Hernani (que está de volta!) honrou Lorico. Lenílson engraxaria as chuteiras de Ranulfo, mas por cinco meses triunfou pela meia-esquerda. Baroninho e Chico Spina teriam problemas em apostar corrida com Otacílio Neto pela ponta. Zé Carlos, o mais recente dos goleadores, foi guerreiro como Toninho na última Série A2.

Eu, como disse, não sou herdeiro de noroestino. Não assino Pavanello, Brandino, Grillo, Souto ou Perazzi. Mas já rasurei meu código de barras. E sou grato por ter sido acolhido por Bauru, berço desse glorioso time de futebol.