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105 anos e contando… Avante, Noroeste!

Ao comemorar 104 anos, a melhor notícia daquele fatídico 2014 foi o lançamento de Noroeste: 104 anos de um teimoso, de Paulo Sérgio Simonetti. Só mesmo relembrando um passado glorioso, na obra mais completa sobre a história do clube, para afagar o sofrido coração noroestino, recém-rebaixado para o fundão do futebol paulista.

Àquela altura, ninguém imaginaria que comemoraríamos 105 anos com boas notícias. Sim, boas. Uma em especial é excelente. Temos a Avante, Rubro!, uma associação de torcedores constituída, ativa, que já fez grandes realizações em pouco tempo (loja oficial reativada, inclusive) e tem até socorrido o clube financeiramente. E concebeu essa belezura acima, resgatando a tradição da arquibancada alvirrubra do Alfredão.

Outra boa notícia é que sossegaram as ações trabalhistas. As do passado recente seguem como fantasmas a comprometer o presente, mas a enxuta folha salarial atual segue em dia. A austeridade continua sendo a marca da atual gestão, a ponto de abdicar de uma participação na Copa São Paulo de juniores 2016 por conta dos custos de inscrição. Certa ou errada, a diretoria tem um nítido motivo.

Importante celebrar também a parceria com a empresa Tel, receita fundamental para os custos da estrutura do clube, mas também um olhar para o futuro, trabalhando a molecada da cidade — com viés social, o que já é louvável, mas sempre pode brotar um talento.

Neste 1 de setembro, sempre estaremos à sombra do aniversariante mais ilustre. Só dá pra chamar o Corinthians de irmão gêmeo pela coincidência da data, aliás. Nasceu na capital e conquistou o mundo. Quem nasce do lado de cá do Tietê está fadado a outra caminhada, não menos saborosa. De troféus modestos, mas igualmente suados.

Que o Noroeste vai subir degraus nos próximos anos, não há dúvida. Depois descer de novo (não até o subsolo, toc, toc, toc!!!). E sua torcida estará sempre a seu lado. E é isso o que interessa.

 

Arte sobre foto de Associação Avante, Rubro!

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Parabéns, glorioso Norusca!

Reproduzo aqui texto publicado hoje (1/9) no jornal Bom Dia Bauru, que resume meu respeito e minha admiração pelo Esporte Clube Noroeste.

Genótipo e fenótipo

Peço licença para falar do centenário Esporte Clube Noroeste. Licença porque não sou bauruense, não nasci de linhagem alvirrubra. Entretanto, recorde as aulas de biologia, caro leitor.

Genótipo é o conjunto de genes, de nossas características hereditárias, nosso código de barras. Por essa teoria, sou torcedor do Ituiutaba (atualmente na Série C nacional), natural que sou de cidade homônima, do Triângulo Mineiro. Entretanto, não passava de um time amador quando de lá saí, há quase 14 anos.

Voltemos à biologia. Fenótipo: o resultado da interação do código genético com o ambiente. É aí que meu coração ganhou o carimbo noroestino. Passou a pulsar no descompasso desse time errante, um ioiô que testa cardíacos com seu sobe-desce, da elite à segundona, do inferno ao céu – parêntese para a geografia: céu que nessas coordenadas do Centro-Oeste paulista é o melhor ambiente do voo a vela e endereço do mais belo pôr do sol que já vi.

A paixão pelo Noroeste, porém, não me pegou de súbito. A nova vida universitária me ocupava – estudante demora a interagir de verdade com a cidade, a comunidade, muitos vão embora sem comer o legítimo sanduíche e mal sabem o que há depois da Rodoviária.

A princípio, achava graça do nome da dupla de ataque: Petróleo e Tequila. Interessava-me mais torcer para que o clube retornasse à elite para ver grandes times de perto. Pé frio: em 1999, o Norusca caiu para a A3. Enquanto o time vivia no limbo da Terceirona, eu estudei, namorei, formei-me jornalista, casei e finquei minha estaca por aqui. Hoje, arrependo-me de não ter estado ao lado do time naquelas horas difíceis, quando agonizava num sucateado Alfredo de Castilho, como um doente terminal. É nesses momentos que se forja o melhor dos torcedores.

Pelo menos, quando o Corinthians veio a Bauru para o retorno do clube à elite, em 2006, eu já não queria mais ver time grande. Grande era o Norusca! Já sentira o prazer de subir aos trancos e barrancos – sofrido como tem que ser – e até de ser campeão, na emblemática Copa FPF. Já estava contaminado, meu sangue era, de fato, rubro.

A partir dali, os heróis noroestinos ganharam herdeiros. Fabiano Paredão lembrou Amélio. Bonfim é tão longevo quanto Xandu. Marcelo Santos foi vigilante no lado esquerdo como Gualberto. O capitão Hernani (que está de volta!) honrou Lorico. Lenílson engraxaria as chuteiras de Ranulfo, mas por cinco meses triunfou pela meia-esquerda. Baroninho e Chico Spina teriam problemas em apostar corrida com Otacílio Neto pela ponta. Zé Carlos, o mais recente dos goleadores, foi guerreiro como Toninho na última Série A2.

Eu, como disse, não sou herdeiro de noroestino. Não assino Pavanello, Brandino, Grillo, Souto ou Perazzi. Mas já rasurei meu código de barras. E sou grato por ter sido acolhido por Bauru, berço desse glorioso time de futebol.