“Bauru, tu és minha vida
Muito mais que amor
É paixão incurável
Torcida Fúria chegou!
Ô ô ô ô ô ô…”
Para a abertura dos playoffs do Campeonato Paulista, resolvi ver o jogo de um outro ângulo, coisa que há tempos não fazia: na arquibancada, no meio da galera, para sofrer e vibrar pelo Paschoalotto Bauru. Não que eu não sofra e vibre lá na área de imprensa, mas concentrado no jogo, pescando informações e tirando fotos, o foco é diferente… Hoje, fui desencanado, para experimentar mesmo esse outro lado, lá no meio da Torcida Fúria. A acolhida, aliás, foi das melhores.
Lá dos degraus, vi Bauru abrir 1 a 0 sobre o Palmeiras na série de quartas, por 74 a 65. Sem ser ameaçado em nenhum momento no placar, o Dragão conduziu um jogo chato, de marcação forte e muitos erros, mas agora é playoff, mata-mata, o importante é ganhar! Começou a contagem regressiva e faltam oito vitórias para concretizar o sonho do título paulista. Mas, voltando à arquiba, vamos ao jogo, com o olhar do torcedor-jornalista!
O jogo
Cheguei em cima da hora, a torcida já estava a postos, no seu lugar habitual, ajeitando o bandeirão. Cacei o meu canto, o jogo começou e logo a turma se deu conta de que esqueceram de puxar o coro dos nomes dos titulares. Ansiedade de playoff… Bola quicando e torcida mode on: cantos enquanto Bauru ataca, vaias quando os alviverdes estavam com a bola. E descobri que a vaia fica mais sonora com outra vogal: comecei com o som de “uuu…” e destoei da galera, que faz um “ôôô…” grave. Os assovios, para quem está ali no meio, fazem um zumbido lá no tímpano. Enquanto eu ia me acostumando com o ritmo de palmas e rimas, Bauru abriu 10 a 0, parecia que ia correr tudo bem, mas o Palmeiras reagiu e o quarto terminou em 19 a 14.
Segundo período correndo e, entre um ataque e outro, dá tempo de puxar um papo, lamentar uma jogada, fazer algum comentário. A Natália fez as honras da casa, troquei muita ideia com ela. Estávamos de olho no placar de São José e Franca (vitória da Águia) e ainda bem que smartphone é o que não falta ao redor! Outro detalhe que não passa batido enquanto se torce: o calor. Se quietinho na cadeira já escorre uma gota, imagine batendo palma no meio daquele calor humano! Atrás da tabela, aqueles degraus são curtinhos, um aperto só. As palmas do colega de trás tiraram fino, como se minha orelha fosse um pernilongo. Na quadra, o placar se arrastava. 26 a 20 faltando 2min!!! Ainda bem que o time deu uma leve deslanchada e fechou o primeiro tempo em 36 a 23…
Intervalo, vou buscar um refri para molhar a garganta, pois trabalhou bastante quando reagi às provocações do Tyrone e reclamei da arbitragem (reportagem de sentir na pele é assim… sem palavrão não teria graça…). E é hora de bater um papo, de o Luan, o presidente, zoar os amigos que passam — o Edvaldo, que agora é integrante da Associação; o Renatão, outro ex-Fúria que está com a agenda puxada; o Porco é um capítulo a parte, figuraça. Senti falta dos gêmeos…
O terceiro quarto foi de certa apreensão, com o Palmeiras um pouco melhor. Ainda bem que as bolinhas do Fischer caíram e que o Murilo, pra variar, estava impossível no garrafão. Quando a diferença diminuiu, era hora de fazer mais barulho. E o Altair (Boi) gesticulava para o resto do ginásio, conclamando o grito de todos. Vez ou outra o público acompanha, sincroniza as palmas, entra no clima. Mas não resiste a um “uhhhh!” quando se erra um lance ou a uma vibração quando se pega um rebote decisivo — enquanto a torcida faz a já falada transição apoio-vaia (ataque-defesa). Foi bom para entender a dura tarefa de cantar durante um jogo inteiro, o que a Fúria tem feito ininterruptamente nos últimos jogos, depois de um “ajuste” que os próprios membros reconhecem ter havido. Parcial perdida (18 a 21), mas dianteira sob controle (54 a 44) para administrar no período final.
A essa altura da partida, bate uma canseira. A garganta seca e o time precisando desse último fôlego. Quando o Guerrinha pede tempo, a gente dá um tempo para as pernas e senta pra recuperar a energia. Nem todos. Tem a turma perto da grade, encarregada de emitir palavras doces e educadas para o juiz, para o adversário. O armador Neto, ex-Bauru, divertiu-se quando foi provocado, olhando enquanto ouvia poucas e boas. Se o cara tem a cabeça no lugar, até se diverte com a situação. Mas bater lance livre com uma sonora vaia não deve ser fácil e os palmeirenses erraram três (de 12) na hora certa. De novo o Verdão levou a melhor na fração (20 a 21), mas nada suficiente para evitar a primeira vitória bauruense no confronto: 74 a 65.
Valeu!
Amanhã tem mais, eu volto a empunhar a câmera e dedilhar o notebook. Mas foi um prazer. Acho que se o jogo fosse mais dramático, a experiência seria ainda melhor. Mas, para o meu “estudo do meio”, já foi suficiente para valorizar o que essa molecada faz. Haja garganta, haja perna, haja ouvido. Valeu, galera furiosa!
Números
Murilo Becker: 18 pontos, 14 rebotes
Ricardo Fischer: 13 pontos, 10 assistências, 4 rebotes
Gui Deodato: 11 pontos
Fischer: 11 pontos
Fabian Barrios: 10 pontos
Larry Taylor (discreto): 6 pontos, 5 rebotes, 4 assistências
Aspas
Na tarde desta quinta, publico o papo com Fernando Fischer, Murilo e Guerrinha.