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Bauru sonha com a final, mas toma virada incrível do Aguada

Paschoalotto Bauru passa muito perto de fazer história, mas permite virada do Aguada e está fora da final da Sul-Americana

Terminado o primeiro tempo, se a casa de algum bauruense ficasse sem energia, o rádio do carro estivesse estragado e ele fosse dormir, não acreditaria na notícia da manhã seguinte. Depois de segundo quarto sensacional, abrindo 17 pontos no primeiro tempo, o Paschoalotto Bauru não conseguiu parar os chutes do ala García Morales (29 pontos na partida) e permitiu a virada do Aguada (82 a 80), anfitrião de limitado repertório ofensivo, que ganhou empurrado por sua barulhenta e numerosa torcida. Os uruguaios vão fazer a final, na sexta (29), contra o Brasília, que derrotou o Boca Juniors (81 a 69) e já garantiu presença na Liga das Américas 2014, pois o Aguada já tem vaga. Ao Bauru Basket, resta disputar o terceiro lugar contra o Boca, também na sexta (18h45), mas os reservas deverão ir à quadra maior parte do tempo, com o time já de olho na decisão do Paulista.

Fosse outro o galope do placar, perdendo para os anfitriões, tudo certo, bola pra frente. Mas da forma como foi, a frustração é inevitável. O torcedor pode remoer e chiar à vontade. Já o time tem que se refazer desse desgaste, porque o Paulistano vem aí, sem medo do Dragão.

Murilo fez duplo-duplo, mas errou lances livres cruciais. Foto: Samuel Vélez/Fiba Americas
Murilo fez duplo-duplo, mas errou lances livres cruciais. Foto: Samuel Vélez/Fiba Americas

O jogo
Os minutos iniciais do primeiro quarto foi claramente de estudo entre as equipes. Cinco contra cinco gastando a posse de bola e nada de contra-ataque. E muitos erros também. De cara, também ficou clara a dependência dos uruguaios em García Morales e nos chutes de fora de Mc Gowan. Não tivesse errado muito no ataque, Bauru poderia ter vencido a parcial. Destaque para Larry Taylor na marcação sobre Morales e a boa entrada de Mathias no fim, que não deixou o Aguada esticar mais: 22 a 17.

No segundo quarto, bom início do Dragão, que só permitiu aos donos da casa pontuarem a 7min40. Com a defesa atenta e as bolas caindo — Fernando Fischer muito bem –, a barulhenta torcida de Montevidéu se deu conta da força de Bauru. Qualquer milímetro para Morales era sinônimo de redinha, mas nada comparado ao show particular de Larry: os alvilaranjas atropelaram, construindo folgada fração (9 a 31!!!) para levar boa diferença para o vestiário: 31 a 48.

E Bauru recomeçou a partida com a mesma fome de cesta, em belo gatilho de três de Fabian Ramirez e bolinha precisa de Murilo, mas os uruguaios devolveram em duas bolas de fora. No lá e cá, Bauru ia vigiando a diferença. Mas, a 6min, foi mais lá do que cá. Os guerreiros erravam e os uruguaios, sempre do perímetro, diminuíram a diferença para dez. E a 3min40, Lucas Tischer cometeu a quinta falta e foi eliminado da partida. Precisando descansar Larry e Murilo, Guerrinha viu o Aguada encostar preocupantemente no placar. Foi a vez deles fazerem boa parcial (26 a 17) para manter a disputa aberta: 67 a 75.

Com fôlego renovado, coube a Murilo explorar o jogo interno para fazer frente ao protagonismo de García Morales. Num vacilo de Larry, o gringo Dwayne Curtis roubou e deixou os anfitriões apenas cinco pontos atrás. Ainda bem que Ayarza, em sete pontos seguidos, devolveu o alívio… Mas o mesmo Ayarza exagerou na confiança e o Aguada mantinha a torcida acesa a 3min25 do fim. Para aumentar o drama, Murilo pendurado com quatro faltas e dá-lhe Morales! O camisa 11 virou o jogo para os uruguaios a 2min23. Na alternância da dianteira, erros de lances livres de Murilo diexaram os uruguaios no jeito para mais uma bola de três e, pasme, de outro Morales, não o fominha (e eficiente) camisa 11. Quando Larry errou ataque a 3s do fim, ficou ali o sonho da final continental… Gostinho amargo para quem abriu 17 pontos de vantagem. O Aguada, para delírio dos cinco mil torcedores fanáticos, venceu por 82 a 80.

Números
Murilo Becker: 21 pontos, 11 rebotes
Larry Taylor: 18 pontos, 4 rebotes, 5 assistências
Fernando Fischer: 10 pontos
Josimar Ayarza: 10 pontos

Abre aspas*
“Fizemos um bom primeiro tempo, mas não conseguimos finalizar o jogo. Faz parte do crescimento da equipe e isso, com certeza, nos ajudará daqui pra frente. Tudo que passamos em quadra serve de lição para todos”, disse Murilo.

“Fico muito triste com o resultado, mas isso é o basquete. Não finalizamos o jogo e perdemos a chance de jogar a final. Vamos colocar a cabeça no lugar e pensar nas finais do Paulista”, lamentou Larry Taylor.

*Declarações via assessoria de comunicação

Repercussão
Claro que o Facebook bombou após a derrota. A declaração mais recorrente é que o título paulista virou obrigação. E as que entristecem são aquelas de noroestinos que torcem contra o basquete. Como se o time da bola laranja fosse um estorvo para o futebol…

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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