Foi o roteiro perfeito para comemorar os 122 anos da Cidade Sem Limites. Ginásio Panela de Pressão cheio, o retorno de Larry Taylor, ações de entretenimento — o Dunk está mais performático — e, principalmente, a vitória folgada do Sendi/Bauru Basket sobre o Mogi das Cruzes por 81 a 57. Pouco conclusiva para um início de temporada, ainda mais diante de um adversário remontado, com pré-temporada menor e desfalcado. Mesmo assim, animador.
Perguntei ao técnico Demétrius Ferracciú se poderíamos considerar que já “deu liga” no time, pela forma com que o elenco vibrava junto a cada jogada, mas ele foi categórico em conter a euforia:
— É muito cedo para falar que deu liga… O entrosamento a gente vai ganhando. O mais importante é todo mundo estar entendendo seu papel, sua função. Pegamos um time desfalcado, isso dificultou para eles e nós os respeitamos demais, por isso tivemos essa grande vitória. Todo mundo se doou ao máximo no setor defensivo. Conseguimos revezar bastante, que todo mundo tivesse volume de jogo e tempo de quadra. Precisamos deixar o grupo bem homogêneo fisicamente — avaliou Dema.
Lucão em casa
Antes adversário — sobretudo nos tempos de Franca — e alvo de vaias e provocações, Lucas Mariano foi aplaudido por sua bela atuação (cestinha do jogo com 23 pontos) e muito procurado no pós-jogo para fotos. Conversei com o camisa 28 sobre esse novo momento e o entendimento com o grupo:
— Quanto mais pegam no seu pé, é porque é um bom jogador. Estou feliz por trabalhar aqui agora e honrar a camisa de Bauru, com muita raça, muita vontade. A sintonia do grupo está muito boa, o clima é bom dentro e fora de quadra. Temos muito para crescer juntos e chegar longe — comentou Lucão.
Sobre ontem à tarde
Vale destacar uma cena, singela, da tarde de ontem. Era a primeira vez que Larry Taylor, com a camisa do Dragão, enfrentava Guerrinha. Quando era anunciado, nome a nome, o elenco bauruense antes do Hino Nacional, Jorge Guerra aplaudiu o anúncio de Larry. Ao final da partida, abraçaram-se. Por mais que haja rancores que turvam algumas vistas, o respeito mútuo de dois personagens históricos é cristalino.
Na telinha
Abaixo, o compacto da partida (no canal da TVC Bauru no YouTube, com narração do Rafael Antonio e reportagem do Lucas Rocha, pela Jovem Pan News Bauru)
O mercado do basquete já está bastante movimentado e o Canhota 10 começa a acompanhar, a partir deste texto, não só a montagem do elenco do Paschoalotto Bauru para a temporada 2016/2017, como repercute as mexidas das demais equipes. Comecemos pelo Dragão e, mais abaixo, as demais novidades.
QUEREM FICAR
Venceram os contratos do armador Paulinho Boracini, do ala Robert Day e do pivô Murilo Becker, nomes de peso do plantel. Falei com os três, que têm a mesma intenção (permanecer no Bauru) e estão na mesma situação: aguardar. A Associação tem uma reunião decisiva ainda esta semana para discutir orçamento e planejar a próxima temporada. A partir disso é que os jogadores receberão contato para discutir suas situações.
Talvez a situação de Boracini seja a mais incômoda. Com a volta de Ricardo Fischer, a necessidade de desenvolver Gui Santos e Stefano e a possibilidade de chegar um novo nome para a posição, o camisa 3 parece mais longe de uma renovação. Roberdei e Murilaço estão na mira do Franca (segundo o colega Vinicius Maia, do Comércio da Franca), mas preferem ficar. A família Day está totalmente adaptada à Sem Limites e a família Becker, então, enraizada, inclusive tocando comércio na cidade. “Os dois lados têm interesse”, disse Robert. Já Murilo matou uma dúvida: não vai se aposentar — algo cogitado pela condição de seu olho após o descolamento de retina sofrido durante a temporada. “Tenho muita lenha pra queimar ainda”, avisou.
MERCADO
Informações reunidas do que já rolou no vaivém do basquete brasileiro. Quando não credito o jornalista/veículo, é que a informação é minha mesmo. Mas a maioria tem a contribuição de valiosos colegas:
FRANCA
Enquanto aguarda a definição do futuro de Day e Murilo em Bauru, o time do agora técnico Helinho já se mexeu. Renovou com o ala Isaac, acertou com o pivô Cipolini (Brasília) e o experiente ala César (São José). Para a vaga de armador deixada por Nezinho, que não renovou, está de olho no interminável Valtinho (Paulistano), segundo o Comércio da Franca.
MINAS
Por enquanto, único nome confirmado é o do armador Wilson Júnior, revelação minastenista que estava no Basquete Curitiba, segundo Lucas Souto, do Ultras da Arena. Danilo Siqueira (ou Fuzaro), de olho no draft da NBA e com sondagens da Europa, dificilmente fica. Sosa, Léo Demétrio e Simmons já saíram.
MOGI
Depois de despedir-se dos pivôs Paulão Prestes, Lucas Mariano e Wagner, o novo time do técnico Guerrinha está prestes a anunciar o pivô Caio Torres (Paulistano), eleito o melhor de sua posição no último NBB. Outro provável reforço, também segundo Cairo Oliveira, do GloboEsporte.com de Mogi das Cruzes, é o ala Fabrício Russo (Ginástico, ex-Palmeiras). Shamell, Filipin, Elinho e Vithinho renovaram. Tyrone negocia.
PAULISTANO
Perdendo Dawkins, Gruber e Toyloy, mas renovado com o armador Arthur Pecos e o ala Jhonatan, deve anunciar em breve o retorno do pivô Renato Carbonari, vice-campeão do NBB 5 com o time de Gustavinho De Conti. Ele estava no Estudiantes da Argentina depois de terminar sua participação no nacional pelo São José.
PINHEIROS
Com seus meninos de ouro em evidência (Lucas Dias e Humberto), já está se mexendo no mercado. O time da capital está apalavrado com o ala-armador Neto (Liga Sorocabana, cestinha do NBB 8) e com o pivô Thiago Mathias, que fez excelente temporada por Franca.
RIO CLARO
O colega Matheus Pezzotti, do site A Toda Hora, conta que a incógnita domina a Cidade Azul. O técnico Dedé Barbosa ainda negocia permanência e, com a grana curta (Prefeitura, eleições, indefinições…), deverá contar com poucos experientes para agregar ao grupo sub-22. Deseja que Teichmann, Tatu e Gui Deodato fiquem e sonha com Nezinho. Isto para o Paulista. NBB 9 é incerto ainda.
VITÓRIA
O time baiano, que foi para os playoffs em sua primeira participação no NBB, segue ambicioso. Informou oficialmente que renovou com o técnico Régis Marrelli e o ala Edu Mariano e trouxe um reforço de peso: o armador Kenny Dawkins (Paulistano). Douglas Kurtz, pivô que estava em Franca, também foi anunciado.
Imagem topo: montagem sobre fotos de Divulgação (LNB e Caio Casagrande/Bauru Basket)
Era bola cantada. O técnico Guerrinha comentou comigo algumas vezes sobre a previsível indisposição da Federação Paulista de Basquete (FPB) com a agenda de jogos internacionais do Paschoalotto Bauru. Não deu outra… A entidade marcou os jogos 3 e 4 da série quartas de final contra Mogi para os dias 3 e 4 de outubro próximos — no sábado, 3, o Dragão embarca para os Estados Unidos para amistosos contra New York Knicks e Washington Wizards, tornando-se o segundo time brasileiro na história a disputar partidas de pré-temporada da NBA em solo norte-americano. E o primeiro time paulista!!! Nada disso comoveu a Federação…
Em resposta, a Associação Bauru Basketball Team publicou uma veemente carta de repúdio, na qual solicita bom senso e remarcação após o dia 15/out, quando o time volta dos EUA.
Se a FPB não recuar, o caminho será o WO (quando a equipe é derrotada por não comparecer ao jogo), porque não é possível escalar nem a base, já que o regulamento do estadual limita a quantidade de garotos inscritos.
O Canhota 10 falou com Rodrigo Paschoalotto, presidente da patrocinadora máster do Dragão, que está indignado com a situação e também mandou um recado pra lá de categórico, incluindo decepção com o time de Mogi.
“Acho a atitude da Federação covarde. Ela não ajuda em nada, somente prejudica o basquete, falta profissionalismo e verdade. E estou decepcionado com Mogi, que deveria nos apoiar. Se fossem eles indo para a NBA, o que fariam? Estão achando melhor nos eliminar desta forma do que dentro de quadra? Se for pra ganhar assim, prefiro não ganhar. Fora que não liberaram o Larry para o Mundial e o técnico Paco Garcia passou informações para o Real Madrid. Este senhor deveria trabalhar na Espanha e não aqui no Brasil! Além disso, pedimos para marcar os jogos 1 e 2 para sábado e domingo [18 e 19/set], mas a Federação não marcou porque o Paco foi participar de um curso [ele estava em um simpósio na França]. Pode isso? E para nós que vamos pra NBA? Não pode mudar?”
O histórico de indisposições da FPB com os times é imenso. Esta seria apenas mais uma. Que sejam humildes ou voltem atrás. Do contrário, o WO é mais do que apoiado. A conferir.
Atualizado: esta declaração de Rodrigo ao C10 motivou um posicionamento do Mogi Basquete, que pode ser lido aqui.
Depois de atender a uma equipe de TV e a uma vizinha, estudante de Jornalismo, chegou a minha vez de falar com o requisitado Larry Taylor, ainda mergulhado na comoção que sua decisão causara em Bauru. A decoração já desmontada, era véspera da mudança para Mogi. Muitas caixas cheias, nelas dezenas de bonés e pares de tênis, pelos quais assume compulsão. Apenas a cômoda da TV intacta, no jeito para assistir ao jogo 4 da final da NBA entre Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers. Dava tempo de conversar comigo antes de a bola subir. Atencioso como sempre e mais falante do que na outra entrevista mais longa que fizera com ele ali, anos atrás, o Alienígena abriu o coração e não deixou nenhuma dúvida sobre sua saída. Mas com o caminho de volta sem obstáculos… Boa sorte, mano, você merece.
Vamos começar pelo final, para esclarecer. Foi mesmo uma decisão sua sair de Bauru? O que o motivou?
“Foi um pedido meu. Eu estava pensando no que queria para mim nesse momento: um desafio novo. Conversei com o Guerrinha que eu não gostei da forma como joguei, pois fui muito irregular na temporada, fazia uma partida boa e outras ruins. Contribuí com o time de outras maneiras, mas eu me cobro muito, sou muito crítico com minha performance. Precisava de um novo desafio, voltar a ter frio na barriga num lugar diferente. Por isso decidi sair de Bauru.”
E a amizade do Shamell pesou também?
“Com certeza. Faz uns quatro, cinco anos que tentamos jogar juntos. Bauru tentou trazer ele pra cá, o Pinheiros conversava para eu ir pra lá… Isso ajudou, claro, mas para eu sair de Bauru tinha que ser uma situação muito boa. E Mogi está forte, o projeto está indo bem, acho que vou ter a oportunidade de ter um desafio, tentar conquistar tudo de novo, pois estava há sete anos em Bauru e numa situação confortável.”
Também teve uma vantagem financeira…
“Sim.”
O Guerrinha tentou convencê-lo, tentaram estender seu contrato. Mas você já tinha se decidido?
“Sim, teve uma negociação. Mas eu já estava decidido, queria ter uma experiência diferente. Cheguei ao Brasil e só joguei em Bauru. Foi difícil, mas na hora de decidir, eu disse ‘Larry, decida, vai ou não vai?’ Depois, não adiantava. Guerrinha e Vitinho conversaram bastante comigo, mas eu disse que era o que queria para esse momento. Eu sempre dedici o que era melhor para o time. Dessa vez, foi um pouco egoísta da minha parte, mas meu coração estava falando ‘Faça alguma coisa por você, você precisa disso.’ Não poderia negar o que o meu coração estava mandando eu fazer.”
Apesar de você não ter ficado satisfeito com seu desempenho e de não ser mais o protagonista, mesmo assim, quando entrava, bastava uma jogada para a torcida gritar seu nome. Você tem consciência que em nenhum momento você decepcionou os torcedores?
“Eu sei que a torcida tem muito carinho por mim. Estivemos juntos por sete anos e passamos por altos e baixos juntos. Sou um cara que estou desde o começo, com Guilherme [Deodato] e Guerrinha. Lutamos ano após ano para fazer o time melhorar e acho que isso fez a torcida ser quase minha família.”
Você consegue imaginar como vai ser o primeiro jogo na Panela com outra camisa?
“Eu tentei imaginar, mas não sei o que vai acontecer. Eu acho que vou acabar chorando quando entrar no ginásio. São tantas coisas que aconteceram ali, tantas lembranças. Quando fui me apresentar em Mogi e vesti a camisa, falei para os diretores: ‘Estou me sentindo estranho, depois de sete anos vestindo a mesma camisa!’ Sei que com o tempo vou me acostumar. Mas, com certeza, quando tiver que jogar aqui, quando vir todo mundo, vai ser muito emocionante, vai ser difícil…”
Além da torcida e das pessoas do time, você fez muitos amigos na cidade. Vai ser até comum te ver por aqui nas folgas…
“Acho que quando tiver folgas, quero voltar aqui, pois tenho muitos amigos, não apenas os jogadores. Vou ter saudade dessas pessoas e vou querer vê-las. Tenho amigos com quem assistia futebol americano…”
E tem os lugares em que gostava de comer, onde almoçava…
“Almoçava pouco fora. Gosto de comer mais em casa.”
Você quem faz?
“Sim. Eu gosto de cozinhar. Faço um dia antes para jantar, mas bastante pra sobrar. Aí no outro dia é só colocar no micro-ondas.”
Já vi você postar pratos mexicanos. É sua especialidade?
“Não sei se é especialidade… Mas eu gosto muito, sou muito fã. Já gostava antes de jogar no México. Como muitas vezes por semana.”
Você já falou que quer jogar até os quarenta. Assinou só por um ano com Mogi, mas deve ter sucesso e ficar mais. Mas vê possibilidade de voltar pra cá?
“Acredito que sim. Eu tinha mais um ano de contrato, mas não ficou nada ruim no relacionamento. Disseram que gostam de mim e têm muito respeito pelo que eu fiz pelo time. Por isso me liberaram, pois sentiram que era o que eu queria. Mas deixaram claro que as portas estão abertas.”
Mas e depois dos quarenta? Você volta pra Chicago ou fica no Brasil?
“Não tenho certeza, mas meu sonho é ficar em dois lugares. Ter uma casa lá e uma aqui no Brasil. Se der para fazer algo na música, ser produtor e atuar lá e aqui.”
Resta saber se essa casa vai ser em Mogi ou em Bauru…
“Eu sempre falei que Bauru foi perfeita pra mim, porque é uma cidade tranquila e eu sou uma pessoa tranquila. Aqui é um lugar em que posso me ver morando depois do basquete.”
E seu filho mora em Chicago?
“Sim.”
Então fica fácil, você já vê toda a família. E agora está tudo tranquilo, passou aquela fase difícil, quando você não podia vê-lo.
“É. A gente conversa todos os dias no FaceTime, joga videogame online. A relação está muito boa agora, está tudo tranquilo com a mãe dele. Ela é casada, tem mais três filhos e toda a família se dá superbem comigo. Foi melhor do que eu imaginava, a relação ser boa tão rápido depois de termos perdido tanto tempo.”
E ele convive com a avó, os tios?
“Sim, ele vai visitar a família que não conhecia e fica feliz, pois todo mundo o ama.”
Naquele seu segundo amistoso contra os Estados Unidos, lembro-me de ele ficar acenando atrás de você, quando dava entrevista para o Sportv…
“Foi a primeira vez que meu filho me viu jogando pessoalmente! Foi muito especial.”
No outro jogo, o Obama assistiu. Você chegou a falar com ele?
“Não, só o vi lá, sentado.”
E como foi enfrentar o LeBron?
“LeBron, Kobe, Chris Paul… Um time pesado, era um jogo de sonhos. Parecia que eu estava jogando videogame! Meus irmãos e toda a minha família ficaram loucos assistindo. ‘Nossa, você está lado a lado com os caras!’ Parecia um sonho.”
Sua mãe já viu de perto a idolatria por você, quando veio a Bauru. Mas seus irmãos têm noção do quanto você é amado aqui?
“Acho que eles têm uma ideia, mas nunca viram pessoalmente. Minha mãe tinha ideia, pelo que eu postava na internet, mas quando chegou aqui ficou assustada com o quanto as pessoas gostam de mim. Íamos no shopping e todos queriam tirar foto. Aí, quando ela voltou, disse ao meu irmão: ‘Você não vai acreditar! Larry é tipo o Michael Jordan em Bauru!’ Espero que um dia eles tenham oportunidade de me ver aqui.”
Qual foi o momento mais emocionante de sua passagem por Bauru e o mais triste?
“Um momento muito triste foi essa final do NBB. Queríamos muito ser campeões. Ganhamos muitos títulos, mas queríamos terminar com um ano perfeito. Só que não conseguimos. Difícil explicar, mas o Flamengo jogou melhor. Queríamos jogar pela cidade, pela torcida, pelos técnicos, pelos patrocinadores. Fiquei quieto depois do jogo, não queria saber de conversar… Eu queria muito ser campeão do NBB. O momento feliz foi o título paulista de 2013. Foi meu primeiro título, depois de muitos anos tentando, batendo na porta. Foi um sentimento de mostrar a si mesmo seu valor, que vale a pena trabalhar e nunca desistir. Depois vieram os outros títulos, mas o primeiro é o mais doce.”
Sobre as finais do NBB, a qualidade do time foi caindo desde Franca. Vocês conversavam isso nos treinos, porque as jogadas não encaixavam, os arremessos não caíam como antes? Porque estava claro que não era falta de vontade, mas as coisas não aconteciam…
“Realmente, não foi falta de querer, mas não estávamos conseguindo. O basquete é assim, tem altos e baixos, ninguém vai fazer um campeonato perfeito. Vai ter uma fase ruim, só que a nossa veio num momento errado e os outros times estavam crescendo. O Flamengo começou mal e cresceu no final. Essa foi a diferença.”
Apesar dos títulos que você mencionou, minha passagem sua preferida ainda é a Liga das Américas de 2012. Depois daquele susto da contusão na sexta, você arrebentou no domingo e Bauru se classificou para a segunda fase. Você teve que tomar medicação naquele dia? Foi no sacrifício mesmo?
“Eu tive menos dores no domingo do que na sexta-feira. Compramos uma joelheira que dá muito suporte ao joelho e consegui correr. Treinei e pensei ‘Acho que vai dar’. Não sabia qual seria a próxima vez que jogaríamos uma Liga das Américas em casa, queríamos fazer um campeonato bonito para a cidade. Então, falei: ‘Vou jogar com o meu coração e vamos ver o que vai acontecer. Vou arriscar, quero estar na quadra!’ Consegui fazer um bom jogo e nos classificamos.”
E foi bem num momento de indecisão, saída da Itabom, a volta da Panela depois de muita briga nos bastidores. Muitas emoções envolvidas.
“Foi pesado… Especial. Eu não conhecia a Panela, só ouvia falar da época da Tilibra. E quando começou a Liga das Américas e vi o ginásio lotado, pensei ‘Estou gostando disso aqui! E como assim me machucar nesse momento mais importante da minha carreira?’ Aquele domingo foi muito bom.”
E o cantor Larry vai conseguir conciliar a carreira? Lançou o single, mas quando vem o álbum?
“Vai demorar mais para lançar, por causa da Seleção e dos campeonatos. Mas eu sempre faço música, nunca vou tirar da minha vida. Foi assim que o meu amigo Emil Shayeb me descobriu. ‘Você tem músicas legais, mas não está mostrando pra ninguém’, ele disse. Aí lançamos a primeira música, muita gente gostou, está nas rádios, o pessoal liga pedindo pra tocar. Eu pretendo lançar o álbum e vamos ver até onde consigo ir com a música.”
Na Seleção, sua meta é chegar à Olimpíada. Isso passou pela sua decisão por Mogi?
“Eu decidi por Mogi porque queria jogar mais de armador. Até joguei muitos minutos no último NBB, mas a maioria como lateral. Eu acho que tenho mais sucesso jogando de armador.”
Mas na Seleção o Magnano te coloca de lateral…
“Sou um cara que sempre faz o melhor para o time. Mas gosto mais de jogar de armador.”
Pra dificultar um pouco mais sua despedida, o Guerrinha fez um desabafo emocionado, os outros diretores deixaram recados… Foi uma avalanche de carinho…
“Só de pensar de novo, fico emocionado. Foi uma escolha difícil, todo mundo sabe o quanto gosto de Bauru. Não poderia ter um grupo melhor, um clima gostoso de trabalhar. É difícil deixar isso, depois de criar amizades. E essas pessoas continuaram do meu lado, mesmo depois de deixar o time. Claro, ficaram tristes no começo, mas realmente gostam de mim. Guerrinha, Vitinho, Joaquim, Rodrigo Paschoalotto me desejaram sucesso na minha próxima fase da vida. Isso não acontece com qualquer jogador, em qualquer lugar, foi conquistado com bastante tempo. Foi muito difícil mesmo: quando decidi, nem dormi direito, nem comi direito, mas eu tive que me preparar pra essa nova fase.”