Como esperado, a derrota por 3 a 0 para o Penapolense exigiu movimentação no complexo Alfredo de Castilho. A torcida e a imprensa, mais do que mudanças, pediam postura. O que se viu, entretanto, foi muito mais jogo de cena. Explico.
Tudo começou na terça-feira. O gerente de futebol, Ricardo Occhiuto, prometeu dar uma chacoalhada no ambiente noroestino. “O momento é de mudanças e elas irão acontecer. O Noroeste tem o dever moral e a obrigação, pela sua história centenária, de fazer campanha convincente na Copa Paulista”, disse à imprensa. No mesmo dia, o auxiliar Marcos Antônio Ribeiro avisou que haveria mudanças no time, mas aguardava a chegada do chefe Luciano Dias. Tanto ele quanto Occhiuto prometeram dar mais atenção aos meninos da base.
Entretanto, no treino da quarta-feira, o jovem volante Juninho, um dos melhores jogadores da campanha alvirrubra na Copa Paulista, foi sacado. Junto com ele, o suspenso Lello, o lateral-direito Rafael Mineiro, o meia Almir Dias e o atacante Adilson Souza. O lateral-esquerdo Roque, contundido, tem chance de continuar titular, caso se recupere. Para dar mais uma resposta na semana de “crise”, Luciano Dias modificou o esquema tático para o 3-5-2, recuando o volante Negretti como zagueiro de sobra.
Àquela altura, imprensa e torcida já se sentiam um pouco mais aliviados – mas não menos desconfiados -, pois alguma mexida ocorrera no clube. Para completar, foram apresentados dois “novos” reforços. Aí o termo “jogo de cena” cabe de forma enfática. Jogadores que já estavam no clube foram apresentados oficialmente à imprensa: o meia Deivid, que já estreou contra o Penapolense, e o atacante Diego Oliveira, ainda dependendo de documentação vinda do Qatar. Como de costume ultimamente, nem a camisa oficial vestiram para as fotos.
A única novidade foi a apresentação do técnico Jorge Saran, que irá comandar o time sub-18 do Norusca na próxima Copa São Paulo de juniores. Experiente, é um alento de que o clube volta a apostar na base.
Por fim, como apurou o site Webesportiva, o gerente Ricardo Occhiuto anunciou que Luciano Dias voltará em breve a comandar o time nas partidas. Não especificou data, mas gesticular à beira do gramado para as câmeras da Rede Vida, contra o XV de Jaú no próximo sábado (14/8), seria o momento perfeito para selar esse assunto, que rendeu mais do que deveria. Afinal, o time já vinha sendo treinado por Dias e, convenhamos, não existe boi de piranha: o passado mostra que um fracasso noroestino poderia degolá-lo, sim, o fato de não estar no jogo não diminui sua responsabilidade.
Dito tudo isso, a pergunta que não quer calar: qual é a do Norusca neste semestre? Copa Paulista ou montar o elenco do Paulistão? O discurso sempre foi voltado para os dois objetivos, mas a partir do momento em que a diretoria incha o elenco com reforços paliativos – e promete a chegada de mais jogadores! -, a impressão é que a Copa Paulista virou prioridade, muito por causa da pressão de ser o ano do Centenário, pois seria vexaminoso cair fora de um grupo de seis em que se classificam quatro.
O ideal seria parar os reforços por aqui. Dispensas? Elas poderão ocorrer naturalmente, com jogadores insatisfeitos por serem pouco aproveitados. Se cada atleta comer mais grama no treinamentos – e principalmente nos jogos – ainda dá tempo de buscar até mesmo o título.
E esqueça essa história de time para a Série A1. Ganhando ou perdendo, poucos ficarão. Do time campeão da Copa FPF 2005, apenas Bonfim, Marcelo Santos, Bebê e Otacílio Neto figuraram, em vários momentos, entre os titulares do Paulistão 2006. Além deles, foram aproveitados (com frequência) o meia Luís Carlos e o atacante Felipe e (poucas vezes) o lateral Cacá e o meia Wellington. Oito jogadores. E só. É assim que funciona. Não tem segredo. O time de 2011 chega no final de novembro, para a preparação do Paulistão. Os que aqui estão hoje, que honrem seus salários agora e deixem de pensar no ano que vem.