O primeiro gol da nova fase da Seleção Brasileira, sob o comando de Mano Menezes, tem todos os ingredientes para animar aqueles sedentos por futebol arte. Há quanto tempo você não via um lateral cruzar quase da linha de fundo, em velocidade, e meter um arco tão perfeito na marca do pênalti? A bola de André Santos encontrou o estreante Neymar, que não tremeu e fez seu primeiro gol com a Amarelinha.
Robinho, que gera desconfiança de muitos, vestiu a braçadeira de capitão e não decepcionou em campo, com sua movimentação e boa troca de passes com os colegas. Pato fez bem o papel de camisa 9. Como disse em outra oportunidade, desloca-se com eficiência – como fez para receber primoroso passe de Ramires e marcar o segundo gol – e tem uma finalização fria e calibrada.
Mas o nome do jogo foi mesmo Ganso. A camisa 10 lhe caiu muito bem. Ele confessou ter tremido um pouco, mas se não tivesse contado nem perceberíamos. Joga como um veterano. Assim como Ramires, que acho que só sai desse time quando se aposentar! Como é inteligente o novo meiocampista do Chelsea. Seu colega de meiuca, Lucas, é outro de lugar cativo, tamanha a confiança – à qual fez jus – de Mano nele.
A nova dupla de zaga foi pouca exigida, mas saiu-se bem, sobretudo David Luiz, que matou a curiosidade de muita gente e deu ótimo cartão de visitas. Criticaram Daniel Alves pela direita, mas ele ficou devendo na Copa e deveria estar compreensivelmente ansioso por mostrar serviço. E nem foi tão mal assim, apoiou bastante no primeiro tempo.
Victor trabalhou bem quando a bola chegou em sua área. Por fim, André Santos. Particularmente, não vou muito com a cara de seu futebol. Mas tiro o chapéu. O treinador o conhece bem e explorou sua melhor virtude, o apoio – o que não aconteceu com Dunga, na Copa das Confederações, quando foi muito tímido ao ataque.
Mano Menezes prometeu montar um time ofensivo e lembrou aquele professor de escolinha que joga a bola no meio do campo e deixa a molecada correr solta. Começa bem sua caminhada, mas que não se acomode com o atual oba-oba, fruto muito mais da forra da imprensa de se ver livre de Dunga.
O episódio negativo do amistoso Brasil x Estados Unidos foi o presente da CBF ao jornalista Alex Escobar, da TV Globo, ofendido por Dunga durante a Copa. Desnecessário e constrangedor. Que a entidade se retratasse à época. Foi apenas mais um capítulo da fortíssima reaproximação da emissora com a confedaração de Ricardo Teixeira. Tanto que a Globo, agora, deixa aparecer as marcas dos patrocinadores atrás de treinador e jogadores, durante as entrevistas.
Para terminar, há muitas pulgas atrás da minha orelha. Apesar de duvidar que as obras para a Copa de 2014 serão pontuais, se forem, há um grande problema: imagine estádios novinhos em folha em 2012, expostos ao vandalismo de torcedores mal educados durante dois anos? Haja grana para mais reformas…