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Minando sua credibilidade, Noroeste segue sem rumo

Diretoria barra entrada da imprensa, o que teve efeito contrário: escancarou de vez a crise no clube

Barrar a imprensa na porta do clube foi a gota d’água de uma piada (sem graça) que tem sido o Noroeste nos últimos tempos. Como já relatei em outros textos, não tenho a disponibilidade de cobrir presencialmente o dia a dia do clube. Mas solidarizo-me com os colegas que passaram por essa situação na tarde de ontem.

Segundo relatos, foram barrados profissionais da TV Tem, da rádio Auri-Verde e do Futebol Bauru — quando a reportagem do Jornal da Cidade chegou, o portão já estava liberado após negociação (relatos aqui e aqui). Do lado de dentro, jogadores ameaçavam greve, pois nesta sexta acumulam-se dois meses de salários atrasados. Houve também insatisfação pela divulgação, pelo JC, da ameaça de interdição do estádio Alfredo de Castilho, pelo Ministério Público Estadual (aqui), que pode ter sido o estopim da medida tomada pelo presidente Anis Buzalaf, de ordenar o fechamento do portão.

A reportagem do JC desta sexta contextualiza bem todo o episódio (aqui). Anis fala que tomou a decisão porque acredita que têm vazado informações do clube, gerando reportagens que atrapalham a captação de patrocínios. Ora! São informações verdadeiras! Os salários estão realmente atrasados, a estrutura do estádio está mesmo questionada… Então, a intenção do presidente é esconder uma verdade dolorida? Vender outro Noroeste para um potencial patrocinador? Não adianta. O clube, hoje, exala problemas. É uma nau sem rumo, sem perspectiva. Sem credibilidade, o dinheiro não vem.

E não se vê luz no fim do túnel. O grupo de cotistas não decola. Pudera: é uma conta difícil de fechar, como já escrevi no longínquo mês de abril (aqui). Recapitulo o raciocínio: 50 cotas mensais de R$ 2 mil = R$ 1,2 milhão por ano. Supondo que passe a proposta de 70% do que for arrecadado em negociação de jogadores para o pool (e 30% para o clube), o Norusca precisaria conseguir, anualmente, aproximadamente R$ 1,7 milhão em venda de atletas para o investimento do grupo ficar no zero a zero (R$ 1,2 milhão para o grupo e R$ 500 mil para o Alvirrubro). Isso para reaver o investimento! Nem um centavo a mais… E quando é que o Noroeste conseguiu lucrar tal montante??? Já se vão mais de dois meses de silêncio sobre esse assunto.

Torcedores estão incomodados com essa situação calamitosa e pretendem se manifestar. Antes que o portão do clube feche de vez.

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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