Quem frequenta Alfredo de Castilho conhece Wander Florencio, o moço aí do lado, noroestino dos bons, que eu sabia gostar de manipular imagens com referência a seu time de coração. Agora descubro que escreve bonito. Enviou-me a carta abaixo (também publicada na Tribuna do Leitor, do Jornal da Cidade), linda e especial para este 1 de setembro. Obrigado e parabéns, Wander!
Carta ao Pai Alvirrubro
Pai,
Certa vez, um senhor de barbas brancas me levou a um lugar mágico. Era um estádio com um ginásio que de longe parecia uma imensa panela de pressão. Ao fundo, o sol se punha atrás dos eucaliptos com uma beleza indizível.
No seu entorno, uma enlouquecida procissão rumava para o estádio de proporções gigantescas. Todos trajavam vestes rubras. Eram centenas. Milhares. Milhões. Talvez, o mundo inteiro estivesse de vermelho naquele momento.
Dentre todos, um jovem em especial me chamou atenção. Como os outros, ele trazia um escudo com listras vermelhas e brancas, tendo dentro dele um círculo com as iniciais ECN sobre o coração. Porém, o seu orgulho de carregar aquele manto extrapolava os limites do humano. O amor e a satisfação que ele demonstrava em estar ali eram tamanhos que logo me contagiaram.
Empolgado, quis sair correndo e me juntar a ele. Abraçá-lo e viver junto toda a magia que pairava no ar.
Mas o velho homem que comigo estava me segurou pela mão. Com olhar bondoso, explicou que aquele sentimento recém-brotado em mim se chamava Esporte Clube Noroeste.
Era um presente dele para o mundo. Para os homens. Não todos. Só os escolhidos. Chamavam-se noroestinos. E formavam uma nação capaz de tudo para defender o nome e as cores do clube, que seria grandioso e eterno como o amor entre pai e filho.
Com lágrimas nos olhos, o velhinho apontou o tal jovem e disse: “Vê aquele, filho? Aquele é o maior de todos os noroestinos. Tu irás amá-lo e respeitá-lo acima de tudo e de todos. Ele será o teu maior herói. Tua missão em vida será seguir os seus passos. Tu irás torcer e apoiar esse clube incondicionalmente, como ele hoje o faz. Minha centelha rubra foi colocada no coração dele e já tomou o teu. Quando nasceres, filho, serás noroestino como o teu pai”.
Pai, como o nosso velho hino diz, alcei essa bandeira alvirrubra ao pé do meu coração. Obrigado por ter me dado a benção da vida. Obrigado por ter me feito à tua imagem e semelhança. Obrigado por ter me feito noroestino.
Nesse dia tão importante da tua vida, da nossa vida, eu vou estar no Alfredão. Sentado no mesmo concreto sagrado que um dia tu ocupaste, com tanto amor e afinco. Em teu nome, vou apoiar a nossa tão querida Maquininha Vermelha, rumo ao título que tu esperas há tanto tempo.
Vivendo nossa vida de noroestino, eu retribuo o presente que me deste quando nasci.
Muito obrigado, meu pai.
Alguns dias sofri, muitos dias vibrei, poucos dias chorei de tristeza, até fiquei bastante irritado com você, muitas vezes chorei de alegria, todos os dias te amei, mas em nenhum momento te abandonei e nunca vou abandonar, meu Alvirrubro destemido, querido e raçudo, orgulho da minha Cidade Sem Limites!
#ParabénsNorusca
#105Anos
Wander Florencio, Bauru-SP