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A interrogação continua no Noroeste

Prazo de 15 dias pedido por Larangeira e Anis para resolver problema financeiro mantém dúvidas sobre o futuro do Noroeste

Já é sabido todo o bafafá que rolou na última quinta-feira em Alfredo de Castilho. Funcionários e jogadores cruzaram os braços, fez-se uma reunião nos vestiários e, muitos palavrões em alto e bom som depois, houve treino leve e estabeleceu-se uma trégua. Que tem prazo: 15 dias. Foi o tempo que o presidente Anis Buzalaf e o gestor Fabiano Larangeira pediram para resolver as pendências financeiras, alegando estarem próximos de fecharem contratos de patrocínio.

Não é preciso muito esforço para deduzir que, na verdade, ganharam tempo. Nesses 15 dias, o Norusca poderá estar desclassificado da Copa Paulista. Dessa forma, nada de patrocinador — quem colocaria dinheiro num time que não teria jogos a disputar até dezembro? Nesse cenário, só posso imaginar a dissolução da parceria e até mesmo a renúncia de Buzalaf — dedução minha, reforço.

O outro cenário desse “pedido de tempo” seria uma recuperação na Copinha, um fôlego novo para a fase seguinte, acompanhado de um novo patrocinador. O material gráfico a ser apresentado para investidores está pronto e imagina-se que o Anis e Larangeira já estão na rua, batendo de porta em porta.

O jogo contra o Monte Azul, pela sexta rodada, será o definidor de qual situação o Noroeste irá viver nas próximas semanas. De qualquer forma, há um desgaste no discurso de presidente e gestor. Um defende o treinador Edinho Machado, o outro pressiona. Mesmo suas funções estão confusas. No início, Anis iria atrás de dinheiro ALÉM do prometido por Larangeira. O empresário gaúcho, que seria principal investidor, mudou o discurso e virou “captador”. Disse que “dinheiro não cai do céu”, mas quando chegou a Bauru deu a impressão de que ele caíra do céu.

Larangeira deve ter achado que, chegando com um jogador campeão do mundo de clubes (Michel Neves) e um famoso ex-jogador da Seleção (Josimar) a tiracolo, seduziria o empresariado local. Esqueceu-se de pesquisar que há tempos o Alvirrubro é ignorado como vitrine, apesar de ser a mais tradicional instituição esportiva da cidade.

Tenho refletido nos últimos dias se nós, da imprensa, não deveríamos ser mais enfáticos em apelos aos homens do dinheiro de Bauru. Se o poder público não deve ser cobrado a olhar com mais carinho para o Norusca. Certamente. Mas a casa tem que estar arrumada. Quando o basquete esteve ameaçado de parar no início de 2012, espantava não surgir apoio a um time tão organizado e competitivo. O Noroeste precisa de credibilidade. E, sem julgar boa ou má intenção, a gestão Buzalaf não recupera mais. Ele tem sido aconselhado a renunciar. Faria bem a si mesmo e ao clube que ele ama se o fizesse.

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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