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Paschoalotto Bauru, vice-campeão das Américas: com muito orgulho, com muita dor

Bauru se desdobrou, mas não bateu o Guaros, dono da casa. Confira a crônica

rentranca-LDA2016Há dois tipos de frustração. Uma delas, aquela em que seu time é melhor, está melhor, mas negligencia, subestima e a vitória se derrete — essa foi a sensação amarga dos flamenguistas na semifinal. A outra frustração é a do merecimento, de quando o esforço desmedido e a superação não são recompensandos — esse é o sentimento dos bauruenses após perder a decisão da Liga das Américas para o Guaros de Lara (venezuelanos, donos da casa, donos da festa) por 84 a 79.

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Enquanto teve pernas, o Paschoalotto Bauru conduziu bem a partida, foi inteligente na vigilância do placar e justificou todo o temor do Guaros, que evitou o cruzamento com o Dragão na semifinal — e fica essa mancha na conquista venezuelana. Mas sem seus armadores titular e reserva, com Alex se desdobrando na posição e o menino Gui Santos tendo que amadurecer na marra , numa decisão continental — e fez o que pôde —, é compreensível que a equipe se desgastasse no decorrer da partida, ainda mais depois da carga mental e física da véspera.

Gui Santos: baita responsa e ele não comprometeu
Gui Santos: baita responsa e ele não comprometeu. Foto: José Jiménez-Tirado/Fiba Americas

Não há o que lamentar. Alguns não gostam da resignação, mas ela enobrece. Fortalece. A sensação de dever cumprido é fundamental para Bauru juntar os cacos para a reta final do NBB. Se já é certo que os guerreiros vão voltar ao solo brasileiro fisicamente arruinados, que aterrissem emocionalmente cicatrizados, já. E se faltar um pouquinho para fechar a ferida, que seja com o afago da Cidade Sem Limites. Pois merecem ser recebidos sob aplausos.

Quanto aos campeões, souberam minar as forças dos bauruenses. Forçaram o jogo interno e foram pendurando os titulares em faltas, o que cobrou um preço no último quarto, quando foi preciso afrouxar a marcação, sob pena de terminar a partida com os poucos reservas disponíveis. Suaram muito para bater o Dragão. O técnico Nestor Che García, na entrevista pós-festa ao site oficial da competição, chamou Bauru de “equipaço”, mostrando todo o respeito e mensurando o tamanho de sua vitória. O argentino, aliás, logo terá uma estátua na Venezuela… À frente da seleção, já ganhou um Sul-Americano, uma Copa América (com vaga na Olimpíada depois de 24 anos) e agora a inédita LDA para um clube do país. Um fenômeno, o seo Madruga.

A frustração está aqui, latente, mas resignada. Enquanto digito, revisito o jogo, tento encontrar onde foi que o time errou e não encontro. Ok, oito lances livres, chutes precipitados, mas tudo dentro de um roteiro que já tinha drama antes de a bola subir; que não teve final feliz, mas que emocionou. O que, no fim das contas, é o que vale.

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A melhor notícia deste Final Four: Murilo Becker voltou a atuar em alto nível. Foto, inclusive a do topo, que pode ir pra parede com orgulho: Caio Casagrande/13 Comunicação/Bauru Basket

ABRE ASPAS
dema“O time jogou no limite e mesmo assim não deixou de acreditar nenhum minuto. Isso mostra o comprometimento de cada um aqui dentro. Deixamos corpo e alma na quadra, tivemos muitos obstáculos para chegar até aqui, mas chegamos. Tivemos a chance de ganhar e são coisas de momentos de jogo. Temos que enaltecer a dedicação e esforço de cada um. Não desistimos em nenhum momento. Isso mostrou o coração que temos. Hoje jogamos com o coração”, disse o técnico Demétrius, via assessoria.

“O nosso time está de parabéns, lutamos até o final, cada jogador se doou até o último minuto. Não contamos com três jogadores muito importantes e os obstáculos foram aparecendo durante a partida. O time jogou no limite, lutamos até o fim chegamos muito longe. Isso só fortalece a equipe para o resto da temporada. Tenho muito orgulho em fazer parte dessa família”, comentou o ala-pivô Jefferson William.

NUMERALHA
Murilaço: 19 pontos, 4 rebotes, 2 assistências
Capitão América: 18 pontos, 9 rebotes, 6 assistências, 2 roubos
Léo Monstro: 15 pontos, 2 rebotes, 3 assistências, 1 toco
Jé: 12 pontos, 8 rebotes
Roberdei: 9 pontos, 4 rebotes
Wesley Joia do Brasil: 4 pontos, 4 rebotes
Gui Santos: 2 pontos, 3 rebotes, 2 assistências, 1 roubo e que batismo!

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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