O Flamengo confirmou seu favoritismo, ignorou a pressão da Panela — que não foi pouca — e fechou a série ao vencer mais uma vez o Paschoalotto Bauru, por 84 a 81. Mais uma partida estupenda de Laprovittola e Olivinha — meu voto para MVP do NBB6 vai para um dos dois, estou decidindo ainda. Ao contrário do último sábado, Bauru vendeu caríssimo a derrota, mostrou sua força e deixou a impressão de que, não tivesse cruzado com os rubro-negros logo nas quartas, seria nome certo nas semifinais. Pagou o preço por priorizar o Paulista, somado ao desgaste da fase final da Liga Sul-Americana. Há tempo de sobra para refletir sobre a temporada, mas o que já dá pra dizer de pronto: o jogo de Ricardo Fischer alcançou a maturidade e Murilo cumpriu a expectativa de ser o protagonista bauruense, justificando cada centavo investido no seu comprometimento. O Dragão se despede com um gostinho amargo de que tinha força para chegar mais longe, o que, de certa forma, anuncia uma temporada 2014/2015 ainda mais intensa.
O JOGO
O primeiro quarto foi alucinante! A torcida não parou um segundo e foi de arrepiar quando, ao zerar o cronômetro, o grito de “Eu acredito!” ecoou forte na Caverna do Dragão. Tamanha empolgação porque Bauru conseguiu assumir a dianteira do placar a cerca de 2min para o fim. A diferença em relação ao primeiro jogo? O garrafão, com Lucas Tischer e Murilo, estava mais ligado. Assim, o Dragão conseguiu partir na frente, 20 a 16.
No segundo período, seguiu a tônica: Bauru bem embaixo da cesta (levou a melhor nos rebotes no primeiro tempo, 20 a 11) e o Flamengo tentando responder em chutes de média e longa distância. Foram seis bolas de três dos rubro-negros na metade inicial do jogo, contra apenas uma alvilaranja (péssimo aproveitamento, 11 chutes tentados). Com Ricardo fazendo a diferença com suas destemidas infiltrações, os guerreiros conseguiram minimizar a melhor fração rubro-negra (19 a 21) e levar a vantagem para o intervalo: 39 a 37.
Na terceira parcial, Guerrinha voltou com o mesmo quinteto inicial (Ricardo, Larry, Barrios, Murilo e Tischer). Antes do recomeço, Ricardo, Larry e Tischer nem aqueceram, pouparam-se, evidenciando cansaço pela desgastante série. E Murilo havia feito gelo no joelho esquerdo, no final do período anterior. O time correu muito, se desdobrou, mas Marquinhos e Olivinha estavam impossíveis. Além disso, dois lances capitais baixaram o ânimo: Tischer puxou contra-ataque dando uma de armador, perdeu a bola e os visitantes converteram cesta mais falta; na jogada seguinte, roubaram a bola e Laprovittola sofreu falta em chute de três a 0,9s do fim. O suficiente para o Flamengo fechar na frente: 58 a 63 (fração de 19 a 26).
(Abre parêntese: pausa antes do último quarto. Jogaram um leque de papel na direção do banco Flamengo e a comissão técnica acusou à mesa. O objeto veio do rumo da meia dúzia de rubro-negros ali por perto. Torcedores bauruenses se apressaram em apontar a responsabilidade aos flamenguistas e logo veio a confusão, foi preciso reforçar a segurança aos visitantes. A transmissão do Sportv, entretanto, flagrou que o leque veio das cadeiras, setor ocupado pela torcida local. A galera chia que visitantes são bem tratados por aqui, protegidos demais… Agora, pense se a diretoria faz vista grossa e permite que a meia dúzia de encurralados fosse agredida? E agredida injustamente??? — como se houvesse agressão justificada… O filme de Bauru ficaria queimadíssimo.)
Voltemos ao jogo. O Rubro-negro até meteu a primeira bola, mas, com o ginásio inflamado, o Dragão cresceu, virou e a dianteira do placar começou a se alternar. “Eu acredito, eu acredito, eu acredito!…”, empurrava a galera. Enquanto Ricardo e Barrios mantinham Bauru no jogo, Laprovittola destruía do outro lado… Os minutos finais foram alucinantes. Tivesse caído a bola de fora de Barrios, em contra-ataque, o teto da Panela cairia. No finalzinho, Ricardo ainda desperdiçou arremesso que nem sua bola de três, instantes depois, redimiu. Mas o Ligeirinho carregou o time e esse erro é debitado de seu enorme crédito. O Dragão fez parcial melhor (23 a 21), mas não o suficiente para evitar a classificação do Flamengo. O placar fechou em 81 a 84 e a torcida aplaudiu o esforço do time.
NÚMEROS
Ricardo Fischer: 27 pontos, 5 assistências (monstro!)
Fabian Barrios: 21 pontos, 4 rebotes, 3 assistências (gigante em playoffs!)
Murilo Becker: 13 pontos, 17 rebotes (constante o NBB todo)
Lucas Tischer: 9 pontos, 9 rebotes (foi bem, mas parecia distante…)
Larry Taylor: 8 pontos, 6 rebotes, 4 assistências (pontuação tímida, mas a garra de sempre)
ABRE ASPAS
“A gente lutou até o fim, mas o Flamengo jogou melhor do que a gente e mereceu ganhar a série. Fico triste porque temos um grande time também e infelizmente não deu para avançar. A temporada foi boa, ganhamos o Paulista, chegamos na fase final do Sul-Americano. Só não deu para passar de fase no NBB… O Flamengo é muito forte”, lamentou um Larry Taylor abatido, com os olhos marejados.
A longa entrevista com o técnico Guerrinha merece um post específico, com a avaliação que ele fez da série e da temporada.
QUEM VEM, QUEM VAI
Na próxima quinta-feira, haverá reunião entre diretoria, comissão técnica e jogadores. A partir dessa conversa, a formação do elenco irá começar a se desenhar. Garantidos, quem tem contrato: Ricardo Fischer, Larry, Murilo e Gui Deodato — Scaglia tem contrato, mas talvez seja emprestado. Os demais irão conversar. Permanências bem encaminhadas: Fabian Barrios e Mathias. Já poderão surgir novidades na próxima semana. A saída do ala Robert Day de Uberlândia agitou o mercado e ele já foi sondado por cinco times (São José, Pinheiros, Minas, Paulistano e Basquete Cearense). Se Bauru não fechar com sua prioridade, entra na briga. Prioridade que quem acompanha o time já sabe quem é e que tem mais um de Seleção na mira. Revelar agora é arriscar a melar os acordos verbais. Vamos aguardar os anúncios e correr atrás de outros nomes que irão suprir inevitáveis saídas.
DESPEDIDA
O assessor de comunicação Caio Casagrande se despediu hoje da função. Vai em busca de novos desafios profissionais e deixa uma responsabilidade muito grande para o sucessor. Competente, multimídia e de bom convívio, vai deixar saudade. Vez ou outra comprou brigas, mas porque vestiu a camisa, o que se espera de quem ocupa sua função. Sucesso, Caio!
SHOW DA GALERA
Ao contrário de sábado, nesta segunda as vozes não se calaram um segundo sequer. E fizeram barulho, hein! Incidente do leque à parte, a torcida deu show na Panela. Fica o registro abaixo, da casa cheia e da certeza que a cada temporada essa paixão só fará crescer.