Conforme avisei ontem, no texto que atualiza a situação de mercado do Paschoalotto Bauru, fiz uma extensa entrevista com o treinador Jorge Guerra (exatos 1h6min de conversa) que rendeu bastante. Sendo assim, é necessário fracionar o papo e o tema mais urgente é a situação do ala Gui Deodato. Já foi falado por aí que havia recebido propostas, depois que fora dispensando, confirmação de que cumpre contrato… O que há de concreto é o que foi conversado em uma reunião com o estafe técnico do time e o jogador, passagem que o próprio Guerrinha explica abaixo:
“Eu fico muito à vontade pra falar do Gui. Ele chegou aqui depois de ser dispensado de Garça porque errou uma bandeja. Ninguém acreditava no Gui. Eu disse a ele que não ia treinar mais no time se não estudasse. A ele e ao Diego, na época. Eu forcei os dois a estudar, fazer o ensino médio intensivo para entrarem na faculdade de Educação Física. Eu fico à vontade pra falar porque já bati no Gui, já chorei junto com o Gui e estou junto com o Gui. Como profissional, foi o cara a quem mais me dediquei no time. Eu, o Vitinho e o Hudson conversamos com ele. Até choramos juntos. Eu disse a ele que, no momento, ele tem que jogar 38 minutos. Ele precisa pôr três metralhadoras na cintura, sair atirando e errar à vontade. Ele está num processo. Pode se desenvolver mais no nosso time? Pode. Já mostrou que é um excelente defensor, um excelente arremessador, para ele o jogo não pesa numa decisão. Mas ainda tem que dedicar muito tempo ao trabalho tático, individual, corte, passe… O Alex não tinha um chute tão bom e foi desenvolvendo durante a carreira, por exemplo. Não podemos nos esquecer que o Gui ainda tem 24 anos e vai se desenvolver muito ainda. Eu estou feliz com o Gui, acho que vai evoluir. Tem que ter qualidade no momento que entra e é possível crescer assim. Só que, no nosso time, ele não vai ter 38 minutos. O Alex, o Rafael, que são jogadores prontos, terão no máximo 30 minutos. Mas o Gui precisa de volume. Já falamos isso pra ele, os jogadores também já conversaram e ele também acha: o ideal é ir para um time em que ele faça minutagem. Se tiver uma condição dessa, com um técnico bom, eu sou o primeiro a defender a liberar o Gui. Não porque a gente não quer o Gui. Pra mim, seria ótimo o Gui ficar. Entre o jogador Gui e o Bauru Basket está tudo certo. Tem contrato, queremos que fique. Aí ele cumpre o ano de contrato e a gente avalia no fim da temporada. Mas, para ele, é melhor minutagem, quantidade. Pela personalidade que ele tem, ele precisa de volume. Profissionalmente, trato todos iguais. Mas, pessoalmente, tenho muito mais carinho pelo Gui do que por outros jogadores. Eu vi o Gui nascer. Ninguém torce mais pelo Gui do que a gente. Mas se você tem um filho que recebe uma proposta boa, mesmo pra ir ficar longe de você, qual é o sentimento? Deixar voar. Se ele puder voltar um dia, melhor ainda…”
Guerrinha foi enfático: não se fala em dispensa ou que Gui não será aproveitado. Ele apenas tem a opinião de que o jogador precisa de espaço, ser protagonista, o que é impraticável num elenco cheio de atletas experientes e decisivos. Logo vêm mais depoimentos do treinador. Foi uma conversa franca, sobre a temporada, a queda no final, sobre o desempenho de outros jogadores e muito mais.
Foto: Luiz Pires/LNB