O torcedor é a razão de existir de qualquer agremiação esportiva. E dele vêm as mais variadas emoções. A maioria delas, expressa no grito. Mas há quem se arrisque a registrar seus pontos de vista. O Felipe é um desses. Sempre me procura no fim dos jogos com ideias de títulos e ganchos para meus textos. Dessa vez, no lugar de acatar uma sugestão, dei a ele o desafio de escrever o texto abaixo, prontamente aceito. Quem frequenta a Panela de Pressão conhece bem nosso cronista da vez: é um dos “gêmeos da Fúria”, gente boa. E meu leitor assíduo, a quem agradeço a audiência qualificada. Espaço aberto para a emoção do torcedor, muito bem escrita, aliás. Boa leitura. Obrigado, Felipe!
(Antes, um parêntese sobre a imagem acima: uma montagem que remete a um dragão alado, pois brinquei em outro texto que tanta ambição pelo topo precisa de asas…)
O GIGANTE RENASCIDO
Por Felipe Coelho Lopes

Orgulho: este talvez seja o principal sentimento presente no coração dos apaixonados torcedores bauruenses. E como não sentir? Principalmente para os que acompanham o time desde a retomada do projeto em 2008, sabem que anos atrás o já campeão paulista e brasileiro voltava aos trilhos em busca de uma trajetória de sucesso. Daquela época, estão presentes hoje somente Gui e Larry, o primeiro um garoto nascido e criado em Bauru, o segundo uma verdadeira “joia rara”, descoberta no mexicano Lobos de Mazatlán e em pouco tempo conquistou o coração da torcida bauruense. Embora fosse um elenco modesto, possuía uma característica que permanece até hoje: garra.
E é exatamente essa garra, vontade de vencer, de se superar, que se tornou a marca registrada da equipe bauruense. Ainda no pequeno e acanhado ginásio da Luso, chamado maldosamente pelos adversários de “lata de sardinha” (dada a capacidade limitada a cerca de 600 torcedores na época) e carinhosamente apelidado pelos bauruenses de “caldeirão”, cozinhamos muitos tubarões. Equipes como Flamengo, Brasília, São José, Franca e Pinheiros lá sucumbiram perante a fúria do Dragão. Para ganhar do Bauru era necessário pagar um preço alto, usar todo o repertório que possuíam, jogar muito basquete. Éramos o famoso “baixinho encardido”, chato, marrento que não se deixava intimidar pelo peso da camisa alheia.
Passados cerca de seis anos, o ginásio mudou, o baixinho se transformou em gigante, vários jogadores chegaram e outros tantos foram embora, o projeto ganhou força, se expandiu e se profissionalizou. Agora, contamos com categorias de base disputando diversos campeonatos, patrocinadores tão apaixonados quanto a própria torcida e um elenco, meu amigo… que mais parece um exército espartano. Quase invencível, a equipe hoje contra com jogadores que são verdadeiros astros, os “selecionáveis” Alex, Rafael Hettsheimeir e Larry, além de Ricardo Fischer, Robert Day, Jefferson, Gui (de reserva no início do projeto a titular) entre outros que se mostram tão aplicados e disciplinados tática e tecnicamente quanto as feras já citadas.
Com um exército desses, é preciso de um comandante á altura… Temos Guerrinha. Um dos cérebros do projeto, auxiliou desde o reinício da franquia, entre outras coisas buscou parceiros, patrocinadores, fez negociação de valores, intermediou contato com o Poder Público e, no meio de tudo isso, ainda treinava o time. Possui inteligência para comandar as peças de um “tabuleiro de xadrez” tão complexo e consegue dar conta do recado.
O sucesso da campanha neste Final Four da Liga Sul-Americana (campeão invicto!) não se deve apenas à habilidade ou genialidade de um único jogador que chamou a responsabilidade para si no momento decisivo. Se deve ao fato de que temos nove jogadores que se comportam como verdadeiros gladiadores. Disciplinados, bem treinados e com um único objetivo: a vitória, de forma simples e direta. Sem firulas, sem desrespeitar o adversário, mas mostrando aquilo que sabem fazer de melhor, jogar basquete. A recompensa pelo esforço já veio com o título paulista em 2013 e também agora em 2014. Soma-se agora à coleção o inédito título sul-americano. Conquistar o estadual e a América do Sul não bastam, podemos ir além. Queremos também o NBB, as Américas e (quem sabe) o mundo.
