Nem parece que esse time vem enfrentando uma maratona de jogos — e de emoções. Um início de tirar o fôlego (diferença de 23 pontos no primeiro quarto!) garantiu a segunda vitória do Paschoalotto Bauru na série semifinal contra Franca: 90 a 75. Agora, será a vez dos francanos usarem o fator casa, precisando do carinho de sua torcida para se refazerem dos dois atropelamentos que sofreram em menos de 48 horas. Entretanto, o quinteto alvilaranja está mais do que calejado para enfrentar vaias e a intenção é não precisar do quinto jogo em Bauru, que, aliás, será adiado. Mas, uma coisa de cada vez e, pelo menos até quarta-feira (20h), a torcida merece saborear essas duas vitórias categóricas.
O jogo
Avassalador. Irretocável. Fulminante. “Issssprissionante”! Haja adjetivo para qualificar o primeiro quarto de Bauru, que abriu 14 a 1, não deixou Franca respirar e mostrou um belo repertório de jogadas. Deu tudo certo: as bolas de Gui caíram logo de cara, Ricardo estava inspiradíssimo, Murilo infiltrou como quis. Jogo coletivo de encher os olhos: 12 assistências no período inicial! Para coroar a atuação de gala, Lucas Tischer converteu chute de três! Tanta sobra só poderia resultar numa parcial folgada: 35 a 12.
Depois de um ritmo tão forte, o Dragão respirou e Franca reagiu. Paulão Prestes começou a levar vantagem no garrafão ofensivo, Cauê e Figueroa finalmente apareceram. Mas a mão dos guerreiros seguia calibrada. Caíram bolas de fora de Fischer, Larry, Ricardo — foi o que minimizou o melhor momento dos visitantes no jogo (fração de 21 a 24). Intervalo com excelente vantagem: 56 a 36.
O terceiro quarto, para quem havia se deleitado no início da partida, foi meio estranho, amarrado, nem parecia o mesmo time. Era o equilíbrio que se esperava para a série, depois do que se viu nas quartas do último NBB. Jhonatan, Hayes e Lucas Mariano iam para a bola como se fosse o último prato de comida da história da humanidade. Bauru não esteve apático, pelo contrário. Seguiu ligado, vigiando a diferença, que caiu mais um pouquinho: parcial de 15 a 19 (71 a 55 no placar).
Não deve ser fácil tomar um vareio de bola como foi o primeiro quarto, e Franca seguiu correndo dobrado para minimizar o tombo. Duas bolas de três de Fernando Fischer, mais uma de seu irmão, entretanto, mantiveram a casa em ordem a 5min do fim. Já dava para ver o semblante cansado dos bauruenses, a jogada que fluía com menos energia. Mas aí Larry tirou da cartola um chute no estouro da posse de bola, o Gatilho de Ouro guardou mais uma e a vantagem voltou à casa dos 20 pontos. Jhonatan e Hayes cravaram para tentar resgatar algum respeito, mas já era tarde. Apesar de guanharem três das quatro parciais (a última por 19 a 20), o Dragão fechou a tranquila vitória por 90 a 75.
Abre aspas
“As infiltrações do meu irmão e do Larry têm destruído os adversários e, por isso, estão sobrando bolinhas pra mim lá fora. É só levantar a mão e receber…”, comemorou o ala Fernando Fischer, 12 pontos no jogo em quatro bolas de fora, de sete tentadas.
“A gente aposta no revezamento para manter o ritmo e o Guerrinha está sabendo mexer. Temos conversado bastante sobre descansar, cada momento que sobra tem que aproveitar e respirar, enquanto o outro ajuda na quadra, pois é um jogo atrás do outro. Em playoff, não tem muito o que treinar, é ir para o jogo e começar bem. Mas não podemos repetir o segundo tempo de hoje”, alertou o armador Ricardo Fischer, o craque da partida, com duplo-duplo.
“Tem jogadores voltando a jogar que precisam de ritmo, como o André e o Fernando. Fizemos jogadas para colocá-los no jogo, depois que construímos o placar. Mas temos que corrigir a acomodação do segundo tempo, a molecada começa voando e tende a diminuir o ritmo depois”, disse o pivô Lucas Tischer.
“Nosso time vai jogar com responsabilidade em Franca, não como franco-atirador. Não tem essa. Não estamos descaracterizados, o time está maduro, estamos preparados porque trabalhamos muito durante a temporada. Nessa maratona, é melhor jogar! Eu poderia ter revezado no final, mas é importante psicologicamente essa diferença de 15 pontos, para nós e contra Franca. Lá, o fator quadra pode ter efeito contrário. Se jogarmos bem, a pressão passa para eles”, comentou Guerrinha, em sua habitual análise pós-jogo.
Números
Ricardo Fischer: 26 pontos, 10 assistências
Murilo Becker: 18 pontos, 11 rebotes
Gui Deodato: 13 pontos, 4 rebotes, 2 roubadas
Fernando Fischer: 12 pontos
Larry Taylor: 10 pontos, 4 rebotes, 6 assistências
Calendário
Bauru vai tentar varrer Franca na quarta. Se perder e houver jogo 4, na quinta, terá que jogar com um time reserva contra o Palmeiras, na estreia do NBB6: Luquinha, Scaglia, Gabriel (o menino de Jacareí que é o novo reforço), Ayarza e Kesley. Mathias fica no banco na terra do sapato. Se a disputa for para o quinto jogo, a Federação Paulista já avisou que irá adiar a partida de sábado. Aí, força máxima contra o Pinheiros, pela segunda rodada nacional. Guerrinha já avisou, entretanto, que se o Dragão resolver a parada em Franca, o quinteto principal vai para o jogo na quinta. Ele sabe que não se pode abrir mão de nenhuma vitória.
Régis caiu
Durante a partida na Panela, chegou a notícia de que Régis Marrelli não é mais técnico de São José. Ele não resistiu a duas eliminações (Paulista e Sul-Americana) em menos de uma semana. Edvar Simões já foi confirmado como novo comandante da Águia.