
Uns preferem chamar de frustração ou vergonha, o que acaba por transformar vice-campeões em culpados ou incompetentes. Mas vice-campeões têm seu valor. O vira-latismo brasileiro é que não entende isso. Essa reflexão acaba por me levar a outro ponto: não acho que time nenhum tem obrigação de ganhar nada. Por maiores que sejam os salários, a estrutura.
Por outro lado, também não entro na questão da arbitragem. É assunto para o qual nunca dei bola. Malemá identifico um ou outro apitador (Maranho, Andréa, Benito e só), nunca olhei escala antes da partida. Tem sua relevância no desenrolar de um resultado, claro, mas prefiro me ater aos boleiros. E por mais que a bola presa do jogo 3 tenha sido algo escandaloso, mesmo assim não há como aranhar a legitimidade do título rubro-negro. Incomoda-me muito mais a marra desse time, a arrogânca, do que o suposto apito amigo. Lamento muito mais o Flamengo ser campeão por ver um Ricardo Machado sorrindo por último, depois de tudo o que sempre fez de desserviço ao esporte à beira da quadra, do que por uma atuação desastrosa de um árbitro.
Enfim, apesar dos marrentos, o Flamengo mereceu. Para cada mala que fica na orelha da arbitragem o jogo inteiro, existe um Olivinha raçudo, um Rafael Mineiro dedicado, gente que merece demais. E existe Marcelinho, o capítulo à parte. Encrenqueiro, provocador, mas inegavelmente vencedor. Aos 41 anos, o cara faz 26 pontos, pega dez rebotes e distribui seis assistências em 35min em quadra! O esporte é saboroso também pelos controversos.
Nunca saberemos se o Bauru teria vencido o jogo 3 sem a bola presa. Mas sabemos que aquilo foi o combustível para a partidaça que fizeram em Marília no sábado seguinte. E sabemos também que as confusões do jogo 4 foram o combustível para a entrega rubro-negra na finalíssima. Com o adendo de o rival, Vasco, ter conquistado a Liga Ouro na véspera…
Foi um dia ruim, tudo deu errado e a temporada terminou sem títulos. Mas com uma decisão intercontinental histórica contra o Real Madrid, o passeio pela NBA, o vice das Américas mesmo com o time todo desmontado e mais uma final de NBB. Com troca de comando, com problemas físicos — apenas Robert Day jogou todas as 40 partidas do nacional — e, mais uma vez, sem uma casa para disputar a final. Já falei sobre isso, Marília foi bacana, baita acolhimento, mas não é a mesma coisa. Quantas outras decisões serão assim?…
Ao Paschoalotto Bauru, adiantei-me em enaltecer a temporada na carta que publiquei antes da derradeira partida. Porque, como gosto de dizer, é só um jogo, gente. Ganhar é bom demais, claro, mas rapidinho começa tudo de novo e vai ser divertido, como sempre. Com ou sem troféu.
Foto: FotoJump/LNB

QUARTETO VOANDO E…
… O FATOR PAULINHO
DEMÉTRIUS ESTÁ COM O ELENCO NAS MÃOS

