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Entrevista com Vitor Vieira, novo presidente da Sangue Rubro

Confesso que nunca fui fã de torcida organizada e exemplos não faltam para justificar essa minha postura. Mas não sou teimoso e sei dar o braço a torcer. Quem vê a dedicação incansável do Pavanello, lê os relatos do Henrique Perazzi de Aquino, conversa cinco minutinhos com o Marcão Shopping ou testemunha a admiração do Gustavo Duarte, sabe que a Sangue Rubro é uma torcida diferente, que tem uma tradição a zelar – e raríssimos arranhões nessa história de 25 anos. E vêm outros tantos pela frente, ainda mais agora que confia a um garoto de 18 anos a responsabilidade de presidi-la. O Canhota 10 entrevistou o novo presidente da organizada noroestina, Vitor Vieira, o Vitinho. Ele não afinou para nenhuma pergunta e tem um discurso firme. Que tenha sorte em seu novo desafio e que a Sangue continue a torcer meu braço.

Liderar uma agremiação aos 18 anos é um grande desafio. O que o fez se sentir preparado para encará-lo? Como irá conciliar com sua vida particular?
Realmente é um grande desafio. Afinal a torcida tem 25 anos, inclusive a entidade é mais velha do que eu. E isso me deixa muito motivado e preparado para encarar tudo. Pela história que a torcida tem. É algo que vem sendo conservado de muitos anos e tem que ter muita responsabilidade e dedicação. Acho que será bem tranquilo conciliar com minha vida particular. Minha família sempre me apoiou, apesar de todos torcerem para um time da capital. Este ano pretendo fazer faculdade de Educação Física e trabalhar. Vou saber separar um de outro.

Qual a importância na figura do Pavanello nesse momento de transição?
O Pavanello nesse momento é de fundamental importância para mim, apesar de eu já ter quase cinco anos de torcida. Ele é mais experiente, ele vive a torcida antes mesmo de eu ter nascido, é um ícone pra mim. Ele me deixou bastante confiante desde o momento que falou que vai me dar todo o suporte no meu mandato, assim como os outros diretores também. Somos uma família mesmo e todos temos que correr junto pelo nosso principal objetivo, cada um ajudando outro de alguma forma.

Você chegou a apresentar metas antes da eleição? Quais são as prioridades do seu mandato?
Não apresentei nada. Acredito que eles reconhecerem meu trabalho como diretor nestes anos de torcida. Sempre tive empenho em tudo que eu fiz por ela, e vou continuar tendo com certeza. Em meu mandato eu pretendo dar continuidade ao excelente trabalho que o Renato vinha fazendo. Materiais de primeira qualidade, novas faixas, eventos, etc. Coisas simples que com competência fazem grande diferença em uma torcida.

É claro que não é possível controlar o comportamento de todos os associados. E não é incomum no Brasil que alguns torcedores usem drogas ou a pratiquem atos violentos enquanto uniformizados. Se você souber de infrações cometidas, quais medidas irá tomar?
Isto é um assunto complicado, mas não admitimos isso em nossa entidade. Hoje, por exemplo, somos filiados a associações (como Ministério Público, Federação Paulista de Futebol, Polícia Militar e outras) que tem o intuito da paz e não da violência, que vemos sempre nas mídias, e cobramos isso de todos os membros da torcida. Hoje as coisas mudaram, não são mais como antigamente em que a maioria dos jogos tinham brigas. Existem multas, punições para torcidas que cometem infrações como a violência. Outro exemplo que posso citar, são nossas amizades com outras torcidas pelo interior de São Paulo. E se você tem respeito pela torcida do time adversário é muito difícil que haja algum confronto, criando assim o clima de paz nos estádios.

Como está a agenda da Série A-2? Em quantos jogos fora de casa pretendem ir apoiar o time?
A agenda começou desde os jogos-treino e os jogos da Copa SP de futebol júnior. Na série A-2 não vai ser diferente, estaremos presentes em todos os jogos. Mesmo se estivermos em uma um pessoa ou em 200 pessoas. O Noroeste nunca vai jogar sozinho.

A Sangue tem uma posição política definida a respeito da administração Damião Garcia? Qual a sua opinião sobre a atual diretoria?
Sim. Acredito que cada membro, cada diretor da torcida tem sua posição diante da diretoria. A minha opinião é que o Sr. Damião fez muito pelo Noroeste, fez. Hoje já não é tudo aquilo. As coisas passaram, diretores vieram e se foram. Muita coisa ruim aconteceu. Infelizmente continua a mesma coisa de alguns anos para cá. Se tivéssemos agarrado algumas oportunidades, que não foram aproveitadas, poderíamos estar melhor em certos campeonatos. Acredito que este ano a diretoria possa acrescentar algo. Já tivemos alguns projetos bons do marketing. Espero que dê tudo certo.

Qual é a relação da Sangue, hoje, com a instituição Noroeste? Recebem algum tipo de ajuda?
Atualmente não temos relação alguma quanto a ajuda. Nos últimos anos, tivemos ajuda de ingressos e em algumas viagens. Este ano, inclusive, nós estamos ajudando o clube a vender os passaportes no centro de Bauru. Este ano as coisas estão mais difíceis, tanto pra nós quanto para o clube.

Qual o time do Noroeste que mais o encantou? E a escalação inesquecível que vem à sua memória?
Eu acompanho o Noroeste desde 2003. Acredito que os times de 2005, em que subimos para a Série A-1 no jogo histórico contra o Bandeirante e também quando conquistamos a Copa Federação Paulista em cima do Rio Claro, e o time de 2006, com a melhor colocação da história no Campeonato Paulista e o título do Interior, ficaram em minha memória. A escalação seria: Maurício (ou Mauro); Paulo Sérgio, Edmílson, Fábio Ferreira, Bonfim e Marcelo Santos; Gilmar Fubá, Luciano Santos e Luciano Bebê; Rodrigo Tiuí e Otacílio Neto.

O que está previsto para 2012 em relação a ações sociais?
Como em 2011, em que fizemos algumas boas ações, em 2012 pretendemos aumentar essas ações. Afinal, ajudar quem realmente precisa é fundamental. Nosso projeto como sempre é arrecadar uma roupa, um alimento, algo que uma pessoa necessita. Pretendemos fazer um projeto desse a cada dois meses. E esperamos que todos tenham consciência e possam colaborar mais conosco.

Vitinho leva o Norusca na pele! (fotos de arquivo pessoal)
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Esportes

Entrevista com Zenon

Reprodução TV Século 21

Papo bom não se perde. Falei com Zenon em novembro de 2008 quando fazia revista especial sobre o craque Zico, seu contemporâneo. Gente boa, o papo no telefone rendeu. Campeão brasileiro pelo Guarani em 1978 e camisa 10 do famoso Corinthians dos tempos da Democracia, ele ainda cultiva seu vistoso bigode e atua como comentarista esportivo da TV Século 21, de Campinas. Como tal, conversou com propriedade sobre futebol. A certa altura da conversa – ao contrário da boleirada de hoje, cada vez mais óbvia e careta – falou de si sem parecer arrogante. Tivesse maltratado a bola, seria caso de internação. Mas jogou muito. Confira as respostas que sobreviveram ao tempo.

Você concorda com (grande) parte da crônica esportiva que diz que o nível técnico do futebol brasileiro é sofrível?
De forma nenhuma. Temos um grande número de bons jogadores no futebol brasileiro. É inegável que os melhores estão na Europa, mas não concordo com os que falam que o nível está muito abaixo daquele da década de 90. Só não gosto da fórmula de disputa, que só favorece os grandes clubes. Os times médios jamais terão oportunidade de disputar o título.

Você acha que os pontos corridos vão estrangulá-los?
Claro que sim! Eles nunca terão o gosto de disputar de igual para igual com os grandes clubes. A fórmula de pontos corridos favorece os clubes estruturados e que têm uma cota maior da televisão, realizam grandes contratações e têm elencos fortes. Nunca se verá um time de porte médio brigando pelas primeiras posições.

Você não pensa em ser treinador?
Já recebi convites. Mas hoje vivo um momento gostoso na vida, pois comento esportes e ainda posso bater uma bolinha no final de semana. Jogo pelos masters do Corinthians e pelas seleções paulista e brasileira. Tudo isso me deixa com a alma feliz e no momento não penso em trocar essa vida para virar treinador. Mas essa possibilidade também não está descartada… Eu domino muito fácil a função de comentarista porque eu tive a prática durante 20 anos, estudei futebol, sou formado em educação física e me formei técnico de futebol pelo sindicato de técnicos. Então, conhecimento eu tenho de sobra. Mas ainda é cedo para abraçar essa carreira.

Com a correria do futebol de hoje, o Zenon teria o mesmo bom desempenho?
Mais do que antes. Com esse trabalho que existe hoje, específico para cada atleta, de acordo com suas características, Pelé faria cinco mil gols. O Garrincha jogaria muito mais. E eu também, se tivesse toda essa força. Com a técnica que eu tinha e com esse trabalho físico de hoje, eu seria muito mais produtivo. Hoje, quem tem uma característica quase parecida com a minha é o Hernanes. Ele se aproxima muito das minhas características. Ele desarma, arma, ataca e faz gols. Hoje eu seria um Hernanes, só que com um fundamento a mais, o lançamento – coisa que ele não faz.