Antes de falar da vitória brasileira por 4 a 1 sobre Camarões, que valeu o primeiro lugar no grupo A, vale um breve registro sobre o segundo jogo da Seleção, o empate sem gols com o México. O temor se instalou em boa parte dos torcedores — corneteiros entre eles –, como se os chapolins fossem o Íbis dessa Copa. Talvez muita gente não se lembrasse — ou não soubesse, como Mário Sergio Conti… rs — que os mexicanos sempre engrossaram o jogo nos últimos anos. O sufoco que a Argentina passou para vencer o Irã e o empate da azeitada Alemanha com Gana, somados à vitória mexicana sobre a Croácia, ajudaram a mostrar que não vai ser fácil pra ninguém. Agora sim, vamos às notas sobre o triunfo dessa segunda (23/jun):
Neymar, maduro
O camisa 10 brasileiro tem completa noção de sua liderança técnica. E provou isso quando a partida se mostrou difícil, após o empate camaronês — já havia feito o primeiro, após excelente roubada + assistência do indispensável Luiz Gustavo. Seu segundo gol levou tranquilidade para o vestiário. Para os anais deste Mundial, Neymar concedeu preciosos segundos de imagens de malabarismo objetivo, vertical. Até o momento artilheiro da competição, é sério candidato a Bola de Ouro se conseguir avançar com seus colegas até a decisão.
Justiça para Fred
A bola praticamente não havia chegado ao camisa 9 depois de quase 230 minutos jogados. Cobraram mais movimentação, que ele se oferecesse para a tabela. Isso de fato ocorreu, Fred roubou bolas, fez pivô — participou da tabela do quarto gol — e foi finalmente bastante notado. Mas sua função primeira pela Seleção é estar dentro da área na hora certa, afinal, ele fede a gol. A bola veio (de David Luiz!) e fez justiça ao bom centroavante brasileiro, que ainda poderá ser decisivo. Pode anotar.
Luiz Gustavo
Elegi o volante do Wolsfsburg o melhor em campo na estreia contra a Croácia. Desta vez, chegou a ser desarmado, o que é raro, mas seguiu como um onipresente homem de marcação, que se multiplica na cobertura dos laterais. E ainda consegue contribuir na armação das jogadas. A assistência para o primeiro gol de Neymar coroou sua eficiência.
Força, Paulinho
Que o ex-corintiano não está bem, é fato. Mas já foi decisivo em 2013 e tem crédito. Não para continuar titular, Fernandinho realmente entrou fazendo a diferença e merece a vaga. Mas para não ser jogado para o canto do banco. Talvez ainda chegue sua hora — pode ser Paulinho, em outra ocasião, a entrar e mudar uma partida.
SE…
É como dizem, o SE não joga. Mas serve, sim, como exercício. Afinal, todos comentamos futebol a partir de consequências. E como é um esporte imprevisível, um mesmo desempenho pode ser positivo ou negativo a partir do resultado. Explico: SE Ochoa não tivesse operado pelo menos dois milagres no empate com o México, o Brasil teria construído um placar convincente e o chororô seria infinitamente menor. Mais: SE Paulinho tivesse conseguido concluir na primeira jogada de ataque contra Camarões (foi travado), talvez tivesse a partir dali criado confiança para crescer em campo. O camisa 8 esteve na área, como fora cobrado, nessa ocasião e logo após o gol camaronês (novamente travado na hora do chute).
Chile
Se vale o raciocínio que o jogo mexicano encaixa com o brasileiro, vale o mesmo no duelo das oitavas. O Brasil sabe como enfrentar o Chile. Goleou nas oitavas das Copas de 1998 (4 a 1) e 2003 (3 a 0) e também na longínqua semifinal de 1962 (4 a 2). Na Copa América de 2007, mais duas sapatadas (3 a 0 e 6 a 1). Nas Eliminatórias para 2010, idem (3 a 0 e 4 a 2). Nos últimos amistosos, em 2013, mais equilíbrio (2 a 2; 2 a 1). Um retrospecto recente tão positivo que resulta em uma invencibilidade de 14 anos. Nada que não possa se evaporar numa tarde feliz de Vargas e cia. Mas o favorito é o Brasil de Neymar.
Fotos: Fifa via Getty Images