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De ponta a ponta

A trajetória do falastrão e bom de bola Renato Gaúcho, na segunda metade de sua carreira, nos anos 1990.

Já que vou falar dos anos 1990, permitam-me deixar de fora o glorioso período da carreira do ponta-direita Renato Gaúcho, que na década anterior conquistou a América e o mundo com o Grêmio e arrepiou pelo Flamengo, principalmente no Brasileiro de 1987 – a controversa Copa União.

Renato Gaúcho ponta atacante Flamengo Fluminense Cruzeiro Grêmio futebol cariocaDepois de frustrada passagem pela Roma, o boêmio jogador voltou para os braços do Cristo Redentor, ou melhor, para os braços da mulherada carioca. Não é só o time da capital italiana que traz más lembranças. A Copa do Mundo daquele país, em 1990, ficou marcada por um grupo desunido – e Renato foi um dos que ameaçaram sair no meio da competição por ser pouco aproveitado.

No mesmo ano, ganhou a Copa do Brasil pelo Fla, ao lado do amigo Gaúcho – em uma das fotos ao lado, abraçado ao já jogador do Botafogo. No Alvinegro, chegou como supercraque, mas saiu pela porta dos fundos, com fama de rubro-negro – por da causa do controverso churrasco/aposta com Gaúcho um dia depois de levar 3 a 0 do Fla na final de ida do Brasileirão de 1992. E foi para o Cruzeiro.

Ao contrário do ponta veloz e diblador do início da carreira, Renato aprendia a jogar mais perto do gol. Dessa forma, brilhou no time celeste na conquista da Supercopa da Libertadores 1992, em saudosa formação ofensiva com Boiadeiro, Betinho e Roberto Gaúcho – um dos melhores times que já vi jogar.

De volta à Gávea, outro timaço: com Gilmar Rinaldi, Marcelinho Carioca e Casagrande, perdeu a Supercopa da Libertadores para o São Paulo nos pênaltis. A exemplo de sua chegada no Botafogo, desembarcou no Atlético-MG, em 1994, como galático. E não só ele. Com os zagueiros Adílson Batista e Kanapkis (seleção do Uruguai), os meias Darci e Neto e ponta Éder Aleixo, formava a ‘SeleGalo’. Frustração total: o Cruzeiro do menino Ronaldo ganhou o Estadual.

Aí, veio a redenção, novamente, no Rio. Pelo Flu, o famoso gol de barriga. O fim da fila de nove anos do Tricolor carioca, que renovou com Renato depois de ele posar com a camisa do São Paulo, em 1996.

O fim da carreira, claro, para terminar a década como começou, no Flamengo. De ponta a ponta. Na reserva, entrava e fazia uns golzinhos. Pesadão, divertia-se em apostas com Romário no futevôlei dos treinamentos. Ainda ameaçou uma volta ao Bangu, sem sucesso.

Para quem não viu – e não gosta do jeito falastrão do hoje treinador – ele podia se gabar como jogador. Conhecia o ofício.

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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