A Seleção Brasileira acaba de perder uma Copa do Mundo e ser taxada de pragmática. Assume o novo treinador e chama os talentosos garotos que a maioria dos torcedores queria ver na África do Sul – entre eles, Neymar. Todos clamam pelo futebol-arte e o camisa 11 do Peixe é capaz de dar isso ao público.
Na última quarta-feira, na partida de ida da Copa do Brasil, contra o Vitória na Vila Belmiro, Neymar comeu a bola. Fez gol de peito, driblou, trocou passes rápidos, pedalou e sofreu pênalti. Cobrador oficial, repetiu a cavadinha bem-sucedida no amistoso contra a Ferroviária, na pausa do Mundial. O goleiro Lee, paradão no meio, pegou com falicidade.
Mal terminou o jogo e a crônica esportiva se mexeu. Duas correntes logo se formaram: os que acharam molecagem fora de hora e os que consideraram apenas mais um pênalti perdido. “Deixem o menino jogar”, defenderam.
Entre todos os argumentos dos colegas que li, aquele em que assino embaixo é o do jornalista Mauricio Stycer, do UOL (leia aqui). Ele disse tudo: o que se deve discutir não é a imaturidade/irresponsabilidade do garoto. Basta pensar somente na bola em jogo: era partida decisiva e ele se tornou previsível, o goleiro esperou a firula e pegou. Poderia ser um veterando, um zagueiro-brucutu, o presidente do clube: pênalti decisivo se cobra com a faca entre os dentes. Um gol que pode fazer falta lá no Barradão. Claro que Loco Abreu foi aplaudido na África do Sul, mas o limite entre o olimpo e o inferno é o fio de uma navalha…
Toda vez que há um pênalti decisivo, seja no tempo normal ou na disputa alternada, sempre digo: bateria forte, no meio do gol. Ainda não acredito quando vejo jogador cobrando a meia altura. Por isso minha cobrança preferida, a melhor que já vi, foi a do meia Beckham na vitória inglesa sobre a Argentina, na fase de grupos do Mundial de 2002. Bateu seco, rasteiro, quase no meio. A bola parecia queimar a grama, de tão rasante. E observe no vídeo abaixo sua concentração antes da cobrança. Ele sabia que a vitória – e a classificação para as oitavas – dependia daquele chute (veja abaixo).
É só isso. Apesar de Neymar andar marqueteiro demais, dislumbrado demais, seu erro foi simplesmente futebolístico – não comportamental. Vale discussão, sim, mas é claro que não vale condenação. Porque o Santos só está nessa final por seu brilho, seus dez gols até agora na campanha do Peixe na Copa do Brasil.
3 respostas em “A polêmica cavadinha de Neymar”
O blog tá muito bacana! Mas o Beckham não bateu no meio, não. Se vai central o pezão do goleiro tava lá pra rebater. Pode reparar a 0:52 do vídeo!
Sobre o Neymar, não consigo ter uma opinião futebolísitica. Acho ele topetudo demais, panaca demais, moleque demais. Não curto, os nossos santos não bateram. Acho que não chega até a próxima Copa. Falei!
O neyna faz goll de mais xega de fazer gol ta neynar