Por Júlio Penariol, direto da Panela
Ingressos esgotados em pouco mais de uma hora. Arquibancada lotada quase meia hora antes do início do jogo. “Franca: bem-vinda ao inferno”. Eram os dizeres da faixa colocada na lateral da quadra, e que recepcionou o adversário assim que ele subiu pro aquecimento. Será que a atmosfera hostil iria atrapalhar o tradicional time de Franca, onze vezes campeão paulista?
Pelo menos, não no primeiro quarto da partida. Com defesa forte, sem dar espaço para as estrelas bauruenses, e concentração no ataque, sem chutar no desespero, Franca chegou a abrir 6 a 13, com boas participações dos Leonardos – o ala Meindl e o pivô Leozão. Do lado de Bauru, a esperança de que as bolas de três, que tão bem fizeram à equipe no quarto jogo, fora de casa, começassem a cair a qualquer momento, tornavam jogadas tranquilas em chutes forçados de fora, e desta vez sem sucesso. Nem as entradas de Larry e Gui, que iniciaram o duelo no banco, melhoraram a eficiência ofensiva do time.
A segunda parcial começou com Franca quatro pontos à frente (15 a 19), diferença que em pouco mais de um minuto se transformou em dez (15 a 25). Time ligado, com bom jogo dentro do garrafão, e Bauru ainda procurando a partida perfeita que deixara na cidade do sapato, na última quinta-feira. É aí que Alex, o principal personagem da primeira metade do jogo, entra em cena. A garra da Brabo era impressionante. Seja chamando a atenção de Mathias debaixo do garrafão, acertando jogada com os armadores, seguindo Figueroa de perto e não deixando o argentino francano pontuar, ele começou a assumir o protagonismo no primeiro tempo. Praticamente perfeito no lance livre (nove acertos em 10 cobranças) e com duas bolas de três, permitiu aos bauruenses terminarem apenas três pontos atrás do rival (34 a 37). Um prejuízo muito pequeno perto do que foi o primeiro tempo.
Vem o segundo tempo e, com ele, uma nova postura ofensiva de Bauru, que deixou as bolas de três e passou a apostar em Rafael Hettsheimeir debaixo da cesta. E o time logo encostou e virou o placar. Com uma sequência de lance livre, cesta de dois, numa típica jogada de pivô, e enterrada na cabeça dos francanos, Hett levou Bauru à frente pela primeira vez desde o início da partida: 39 a 37 – pra ferver a Panela! O rival não se abalou, era valente. A partir daí, alternância de cestas pros dois lados. Day pra Bauru; Figueiroa de três pra Franca; nova enterrada de Hetts; Lucas de três pros francanos; Hett (impossível!) de três pros guerreiros; Meindl, Ricardo, Jé… Todo mundo pontuando, Bauru na frente por 51 a 49, até que parte da iluminação da Panela sofreu uma pane e a partida foi paralisada, a 1min29 do fim do quarto. A torcida era pra que a pane não apagasse os bauruenses, que finalmente pareciam ter entrado no clima de decisão – e, principalmente, acertado a mão. Na volta, uma cesta de três colocou novamente os francanos na liderança do placar, e a terceira parcial terminou em 51 a 52.
O último quarto, claro, foi uma pilha só. Erros e acertos dos dois lados, torcida inflamada. Até que uma roubada de bola de Jé, uma bola de três de Hetts e nova enterrada do superpivô bauruense colocaram a equipe 12 pontos à frente. Mas Franca não se entregou. Meindl, Lucas Mariano e Figueiroa recolocaram a equipe na partida. Guerrinha pediu tempo, os guerreiros mantiveram a cabeça no lugar e, de lance livre em lance livre, fecharam a partida em 75 a 69. Bauru de novo na final do Paulista, desta vez contra Limeira, que fechou a série contra o Paulistano em 3 a 2.
ABRE ASPAS
“Nosso time é novo, mas obrigou Bauru a jogar tudo o que sabe. Foi uma série muito boa, disputada, um belo espetáculo. É ruim perder, mas da maneira como lutamos, saímos de cabeça erguida”, ponderou o técnico francano, Lula Ferreira.
“A gente entrou um pouco frio, desligado talvez, e eles aproveitaram. Depois melhoramos, voltamos a apresentar uma defesa forte. Estou muito feliz por chegar a uma final no meu primeiro torneio com o time. Agora, teremos mais uma série difícil contra Limeira, que tem um elenco com mais rotação do que Franca, e decidirá em casa. Mas temos elenco pra ganhar em qualquer lugar, e é pra isso que vamos lutar”, avisou o pivô Rafael Hettsheimeir.
“Playoff é playoff. Franca não defendeu uma série, ela entra em quadra sempre pra defender uma história. Lula faz um belo trabalho com esse elenco jovem, e a série foi fantástica. Nosso plantel era melhor, mas temos quatro atletas praticamente titulares ainda se encaixando no time. O que importa é que o astral do elenco é ótimo e isso tem nos ajudado dentro de quadra”, comemorou o técnico Guerrinha.
“Série foi dura, como já esperávamos. Alternamos bons e maus momentos, assim como no jogo de hoje. Hoje, a responsabilidade era nossa. Eles entraram tranquilos, soltos, e foram bem. Mas depois a gente voltou a se encontrar, e o jogo nosso encaixou. A torcida foi maravilhosa, empurrou, e é por ela que temos que buscar esse título também. Agora, temos que descansar e já pensar em Limeira. Eles têm o mando de quadra, mas somos fortes o bastante pra superar isso”, comentou o ala Alex Garcia, o monstro!
NUMERALHA
Alex Garcia: 23 pontos, 11 rebotes, 6 assistências
Rafael Hettsheimeir: 19 pontos, 7 rebotes, 3 assitências
Jefferson William: 12 pontos
Robert Day: 8 pontos
Júlio Penariol é jornalista formado pela Unesp e repórter da TV Unesp. Já foi cobriu esportes pelo jornal Bom Dia, onde também foi editor. Também atuou na Editora Alto Astral. É mestrando em Comunicação, com pesquisa focada no esporte. Enfim, é fera. Obrigado pelo belo texto, meu amigo!
Foto: Henrique Costa/Bauru Basket