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Patrocinador campeão, Rodrigo Paschoalotto toca nas feridas do basquete brasileiro

Patrocinador do multicampeão Bauru, empresário Rodrigo Paschoalotto deu relevantes opiniões ao Estadão e fez uma revelação sobre Franca

Rodrigo Paschoalotto, presidente da Paschoalotto Serviços Financeiros, patrocinadora máster do Bauru Basket, mandou bem. Em entrevista ao jornalista Marcius Azevedo, blogueiro de basquete do Estadão, o empresário soltou o verbo. Mas não de forma irresponsável, como mero cartola. Com propriedade e total domínio do cenário basqueteiro, ele criticou a CBB (Confederação Brasileira de Basquete), pediu mais diálogo com a LNB (Liga Nacional de Basquete), apontou os pontos negativos da parceria com a Globo e detalhou como o projeto bauruense chegou nesse patamar de excelência. E mais: fez uma importante revelação sobre Franca!

Vale muito a pena ler toda a entrevista, neste link — não há nada mais justo neste mundo virtual do que encaminhar a leitura para o link gerador do conteúdo.

Abaixo, como registro, destaco apenas os principais trechos:

Liga Nacional
“Quem põe dinheiro hoje no basquete? São os patrocinadores. A Liga não escuta os patrocinadores. Eu converso muito com o Lula (Ferreira, técnico de Franca), com quem eu tenho amizade, e ele diz que é necessário ter uma comissão de patrocinadores com voz ativa na liga. O basquete é um produto comercial, que precisa ter um retorno e o maior interessado nisso é quem está investindo. Não adianta o pessoal da liga não ouvir todos os lados. Falta amadurecer neste aspecto. (…) Falta um gerente comercial, um profissional para ir nas principais cidades, nas capitais para oferecer o basquete. Ir lá em Recife, oferecer para o prefeito um projeto de dois anos, com uma comissão técnica barata, com jogadores que estão sem mercado… O que pode dar errado? A comunidade não abraçar, mas tem grande chance de dar certo e deslanchar.”
Atualizado: Rodrigo informou-me que soube há pouco que a Liga contratou um diretor comercial. “Como foi um dos pontos que critiquei, vale agora dar os parabéns à Liga”, disse o empresário.

rodrigo-paschoalotto-1NBA e Globo
“A NBA não entra para perder dinheiro. Ela sabe o enorme mercado que tem aqui no Brasil e que, para crescer, tem de ajudar no crescimento da Liga Nacional, não pode matá-la. Neste cenário, na minha opinião, o apoio da Globo é maléfico. Ela que acaba decidindo horários, etc. A NBA, lá nos Estados Unidos, não passa em apenas um canal. Precisamos mudar algumas coisas. Acredito que teremos frutos, só que tem de subir degrau por degrau. (…) Eu acho ridículo os veículos da Globo não falarem o nome do patrocinador. Se você pegar o contrato da Associação Bauru Basket, nós mudamos o nome do time para Paschoalotto Bauru Basket.”

Contratos longos
“O que fizemos foi criar uma estrutura parruda e adotarmos contratos longos. Não criamos nada novo, estamos copiando o que é feito na NBA e em alguns países da Europa, em especial na Espanha. Eu pensava que era impossível o jogador ficar 100% concentrado no momento de decidir sem saber se o contrato seria renovado. O lado pessoal pesa. Quando não estou bem em casa não rendo no meu trabalho. É inevitável não pensar se vai ter time no próximo ano? Onde os filhos vão estudar? Onde vou morar? O que fizemos é ter um planejamento previsível e não imprevisível. Temos vários jogadores com contrato de quatro anos.”

CBB
“No geral, o basquete tem evoluído nos últimos anos. Temos de tentar aproveitar os Jogos Olímpicos do Rio. Pena que a CBB é uma comédia. O Rubén Magnano (técnico da seleção masculina) não foi ao Jogo das Estrelas em Franca. Isso é o fim do mundo para mim. A minha opinião é que o ciclo do Magnano se encerrou. É uma ótima pessoa, um excelente técnico, não duvido disso, mas tem de mudar. A CBB é uma caixa-preta, ninguém sabe o que acontece com o dinheiro. Existe verba, mas ela precisa ser utilizada de maneira correta. Não estou falando que quem está lá é desonesto. São honestos. Mas a forma de se utilizar o pouco recurso que tem é que está errado.”

Ajuda a Franca
“Sou patrocinador de Bauru, torcedor de Bauru e estou ajudando a tentar conseguir um patrocínio para Franca. As pessoas falam que eu estou louco, ajudando o principal rival, mas estou pensando no basquete.”

Parabéns ao Marcius pelo bom material. Quem é de Bauru já conhece detalhes da Associação Bauru Basketball Team, mas é bom que um veículo que tenha um público mais abrangente fale e fale muito sobre o que tem sido feito aqui. Igualmente imperdível é a leitura da entrevista de Guerrinha para o Bala na Cesta, do jornalista Fábio Balassiano (clique aqui).

 

Foto do topo: Reprodução/Arquivo pessoal

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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