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Entrevista com Fernando Fischer

Faltava abrir aspas para o ala Fernando Fischer, ex-capitão do Bauru Basket, depois de sua saída do time. Confira!

Como o próprio diretor Vitinho Jacob disse, Fernando Fischer merece todas as homangens que puderem ser feitas em Bauru. Aqui no Canhota 10, a homenagem já foi feita no dia no anúncio da saída. Mas faltava um registro, abrir aspas para o ala. Como ele já havia se manifestado em quase todos os veículos de Bauru, deixando clara sua tristeza e decepção, até mesmo com recados nas entrelinhas, tentei levar o papo para outro ângulo, senão seria mais do mesmo. Ainda assim, espaço para um último desabafo:

“Para as pessoas entenderem o profundo envolvimento que eu tinha com esse time: eu já renovei contrato sem saber quanto eu ganharia, já fui atrás de patrocínio para o time através das pessoas que eu conhecia aqui, já telefonei para ex-atleta para pedir que desistisse do processo que estava contra a Associação Bauru Basket e muitas outras coisinhas. Poucas pessoas sabem disso. Demonstra o quanto de orgulho que senti em defender essa cidade e o por que minha decepção é tão grande.”

Vida que segue. Talvez hoje, de cabeça fria e vendo o quilate dos reforços para sua posição (Alex Garcia e Robert Day), ele tenha a real percepção de que teria pouco espaço no time.
(A entrevista foi feita antes dos anúncios de Garcia e Day)

Fernando está neste momento treinando com a Seleção Brasileira Militar, que irá disputar um torneio na França em junho, como parte da preparação para os Jogos Mundiais Militares de 2015, em Mungyeong, na Coreia do Sul. O ex-camisa 14 de Bauru é sargento do Exército Brasileiro e atuará ao lado de outros atletas do NBB, como Felipe (Basquete Cearense), Thiagão (Palmeiras),  Arthur e Rossi (Brasília). Outra curiosidade: costumamos chamar Fischer de capitão, mas ele não era capitão do Bauru Basket na temporada 2013/2014. A função é de Larry Taylor (e continuará sendo na próxima), mas num ato de gratidão pelos anos anteriores, ele foi o escolhido para erguer os troféus de terceiro lugar da Sul-Americana e do título paulista. A seguir, abaixo da foto com os colegas do Exército (Reprodução Facebook), a entrevista com o Gatilho de Ouro.

Já caiu a ficha que você vai vestir outra camisa na próxima temporada? Como têm sido esses primeiros dias, após manifestações de apoio de torcedores?
“Os primeiros dias foram bem ruins, com uma sensação de vazio. Foi muito tempo em um lugar só e é estranho ter que seguir adiante. Hoje já consigo me ver defendendo uma nova equipe e com novos desafios, tendo que reconquistar meu espaço junto aos meus companheiros e técnico. Fiquei completamente emocionado com o tanto de torcedores que me deram força e discordaram da decisão. Quase uma Panela de Pressão inteira de pessoas se mostraram solidárias a mim e isso jamais esquecerei.”

Você avisou que Bauru é sua primeira casa agora, que vai morar aqui quando parar de jogar. Enquanto isso, jogar num time paulista é a melhor alternativa? Ou podemos ver o Fischer atuando em outros centros?
“Gostaria sim de jogar em São Paulo, pois é onde eu nasci e cresci. A vantagem é de ser perto de Bauru e minha esposa é daqui e precisará voltar sempre que der. Claro que é possível que eu vá para outras equipes que não sejam em São Paulo, tudo dependerá se meus interesses calharem com os da equipe que me quiser.”

Certamente você voltará a jogar na Panela, como adversário. Já imagina como será sua reação e a da torcida?
“Imaginei isso já. Estranho! Sinceramente acredito, pelo tanto de pessoas que demonstraram carinho e gratidão por mim, que será um clima amistoso. Claro que eles vão querem ganhar e eu também…” (risos)

No futebol, perguntam pra jogador se ele vai comemorar gol contra o ex-time. E o Fischer, vai vibrar quando fizer cesta contra Bauru?
“Sempre respeitarei a cidade de Bauru, mas a partir do momento que não me quiseram mais aqui, é necessário que eu realmente vista a camisa do time que me contratar. Se houver comemoração, não será contra a torcida, que sempre, na sua grande maioria, foi fantástica comigo e sim a favor do meu time.”

Você realizou o sonho de jogar ao lado do seu irmão. Como foi administrar o lado afetivo? Um ver o outro se machucar, tomar bronca… E qual foi a sensação de ser campeão junto dele?
“O pior referente ao lado afetivo é essa parte de lesão. É horrível ver a pessoa que amamos se machucando. A bronca faz parte e sabemos tirar isso de letra. Foi uma sensação bem especial ganhar esse título ao lado do Ri. Vi literalmente ele nascer e hoje testemunho um dos melhores armadores que o Brasil tem. Durante anos enchi o saco dele para virar armador, pois sempre jogou de ala! Ainda bem que me escutou um dia!”

Qual a diferença do Fischer de hoje daquele que chegou do Guarujá há seis anos?
“O principal foi me fazer focar exclusivamente para o basquete. Muitas vezes tive outros negócios que tomavam bastante do meu tempo, não me deixando vivenciar somente basquete. A sensação que tive com cada criança que se aproximava de mim só para ficar perto do Fischer foi maravilhosa e me fez realmente perceber o quanto vale e quanto é difícil conquistar o respeito do próximo. Saio daqui hoje com uma visão melhor do jogo e com outros fundamentos melhores, pois jogamos em alto nível esse período todo, contra grandes times e grandes jogadores.”

Quais seriam três as palavras que resumem a sua passagem por Bauru?
“Amor, superação e orgulho.”

Fotos atuando por Bauru: Caio Casagrande/Bauru Basket

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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