Perder para São José não é catástrofe. O problema é jogar mal. E o Paschoalotto Bauru foi muito mal no duelo de líderes em uma Panela de Pressão que não lotou — bom público, mas esperava mais. Com Fúlvio em mais um dia inspirado (18 pontos, seis assistências e quatro rebotes), São José levou a melhor, por 74 a 68. De quebra, os instantes finais da partida foram tensos, com o desentendimentos dos amigos Gui Deodato e Ricardo Fischer. Um climão desnecessário, mas que pode servir de combustível para a reta final do Campeonato Paulista.
O jogo
A partida começou lá e cá, com alternância de liderança, mas com um fator determinante para a vantagem inicial de São José: as investidas do ala Andre Laws. O gringo investiu em sua infiltração característica e ajudou São José a fechar o primeiro quarto em 18 a 24. No segundo, Bauru cochilou muito no ataque, exagerou nos chutes errados e não fosse um período também modesto dos joseenses, a diferença seria maior: fração de 11 a 14 a favor da Águia e e metade da partida com nove pontos de frente: 29 a 38.
Na volta dos vestiários, certamente com chamada de Guerrinha, Larry recebeu homenagem por seu aniversário com sorriso discreto, porque a noite não era para festa. Duas bolas de Lucas Tischer logo no reinício pareciam sugerir uma reação, mas com o passe preciso de Fúlvio de um lado, e Larry errando do outro, São José novamente fez melhor parcial — até discreta, se levada em conta a superioridade no jogo: 19 a 23 no terceiro período e 48 a 61 no placar.
No último quarto, finalmente a galera acordou — impressionante como o público murcha junto com o time, quando deveria ocorrer o contrário –, mas a partida poderia se estender até meia-noite que a vitória não viria. O desdobramento dos jogadores nos minutos finais, ao menos, serviu para garantir vantagem num eventual desempate com São José. O Dragão leva no confronto direto, pois venceu no Vale do Paraíba por oito pontos (85 a 77) e nesta noite perdeu por seis (68 a 74). Que a derrota sirva como grande aprendizado para os playoffs.
A treta
Segundos finais. Gui, em mais uma atuação discreta (dez pontos, sete rebotes e nenhuma bola de três em seis tentadas), fez falta em Fúlvio, o melhor chutador joseense. Os colegas do banco lamentaram, Ricardo de forma mais incisiva, e o camisa 9 partiu para cima. A turma do deixa disso controlou os ânimos, Guerrinha tirou Gui do jogo e Fernando Fischer entrou a tempo de ajudar a segurar a diferença inferior a oito pontos.
Ao zerar o cronômetro, todos para o vestiário. Diretoria, comissão técnica e jogadores. A situação ficou esclarecida entre eles: Gui errou ao não aceitar a cobrança do grupo e, mais ainda, por provocar a cena diante do público. É um garoto em formação? Ok. Mas está na estrada há pelo menos quatro temporadas e deveria estar mais calejado para as críticas. Pressionado está, pois não vem rendendo o esperado e tem gringo novo chegando para o NBB6. É preciso ter carinho com essa joia rara? Certamente. Mas carinho com filho não é passar a mão na cabeça. Agiram bem. E força, Gui, você joga muito e sabe que pode muito mais.
Abre aspas
“A gente conseguiu ganhar lá dentro de São José, que foi uma vitória importante, com as duas equipes incompletas. Agora, com as duas quase completas perdemos, nós sem os Fischer. Estava semana, não conseguimos treinar direito, precisamos dos meninos para completar. Não teve ritmo de treino e dificultou nosso trabalho. Vamos tentar manter o time completo, sem contusões e voltar a jogar como antes”, comentou o pivô Lucas Tischer, que falou sobre o desentendimento entre Gui e Ricardo. “Eles são amigos há muitos anos e são dois meninos. Têm muito talento, mas são dois meninos e é normal isso acontecer. A gente está ali para aconselhar e apaziguar. Não tem problema nenhum”, disse o camisa 99.
“O espírito do time jogando mal, ter conseguido tirar a diferença, vejo como ponto positivo para levar pra frente. Foi um grande resultado perder de seis pontos, era para perder de vinte!”, analisou Guerrinha, que já adiantou que pretende poupar Ricardo Fischer no duelo de sábado contra Jacareí — fica no banco, mas, de preferência, não entra. “Se não ganhar de Jacareí sem o Ricardo, não merece ganhar mesmo!”, exclamou. E, claro, comentou a ríspida discussão dos meninos-prodígio de Bauru: “Conversamos no vestiário porque temos jogadores em formação. A atitude do Guilherme não foi positiva. Ele estressou errado e tem que ter humildade. Os jogadores do banco estavam querendo ajudar, participar, e o Gui veio brigar. Tem que brigar com o time deles, não com o nosso. Foi uma reunião para colocar cada um no seu lugar e valorizar o que o banco fez, a atitude do [Fernando] Fischer, de auxiliar e entrar no jogo com espírito, chamando o time. Quando o jogador chegar em um ponto em que estiver mais preocupado com o time do que com ele, pode vivenciar o jogo de uma forma diferente. Foi o que o Fúlvio fez. Dominou completamente o jogo. Não estava preocupado com ele, mas com o time, o adversário. Nosso time ainda tem jogador preocupado com ele. Faz parte do amadurecimento…”.
Números
O mais alarmante a destacar do scout é o exagero dos chutes de três, com fraquíssimo aproveitamento (quatro em 28!). Murilo foi o cestinha bauruense, com 18 (mais dez rebotes), Tischer anotou duplo-duplo também (11 pontos e 11 rebotes). Larry jogou 40min e fez 12, mais cinco rebotes. E Barrios, novamente bem num quarto final, fez dez e pegou quatro rebotes.
Baixa
O ala-pivô Andrezão voltou a sentir o músculo adutor da coxa esquerda e não deve atuar contra Jacareí, confronto do próximo sábado (5/out), às 18h, na Panela.