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A derrota do Bauru Basket para o Flamengo: análise e entrevistas

Larry teve outra atuação de outro planeta

Não vou me alongar muito em análises. Foi um jogão, intenso, nervoso, disputado e qualquer um poderia sair com a vitória. A palpitação, a emoção durante toda a partida até dificulta uma análise apurada, quarto a quarto. Mas é certo que se o Itabom/Bauru não tivesse cochilado no final do segundo quarto – quando levou 20 pontos seguidos -, a vitória seria uma realidade.

O problema é que o Flamengo foi constante no jogo, esteve inferior apenas no início dos períodos dois e três. Mas no final desses mesmos quartos reagiu. Contou com a inspiração dos irmãos Machado (Marcelinho 16 pontos e Duda 14 – sendo quatro bolas de três em cinco chutes) e principalmente com o pivô argentino Kammerichs, 18 pontos, 7 rebotes e 5 assitências (confira a entrevista  com o campeão olímpico mais abaixo).

Larry foi um monstro, com 30 pontos, 5 assitências e 11 faltas recebidas. Douglas, aniversariante do dia, começou mal, mas reagiu e fez até duplo-duplo (14 pontos, 12 rebotes). Fischer manteve sua boa média, com 17 pontos. Talvez se Jeff tivesse atuado melhor (apenas 6 pontos e 4 rebotes, números tímidos para a temporada que vem fazendo).

Sobre a atuação de Jeff, em resposta a questionando do repórter João Paulo Benini, do Jornada Esportiva, Guerrinha deixou nas entrelinhas que talvez (eu disse talvez…) o norte-americano esteja reagindo a um provável (eu disse provável…) atraso de pagamento. “A gente está vivendo um momento administrativo muito complicado. Ele é americano… Apesar de ser uma pessoa muito dócil, muito compreensiva, que veio para cá num voto de confiança, pois não tínhamos como pagar, cada um sente a situação de uma forma diferente. Não tem tido nenhum problema com a gente, os jogadores estão dando o seu máximo…”.

Enfim, foi a sexta derrota bauruense, a terceira seguida. Hora de reagir! A seguir, depoimentos riquíssimos de Guerrinha, Fischer e do simpaticíssimo Kammerichs – que tirou fotos, interagiu com fãs, afagou crianças. Um gentleman – que nem combina com o estilo marrento e arrogante dos rubro-negros – que, pra variar, motivaram certo tumulto no fim do jogo.

GUERRINHA

“A gente não pôde fazer o revezamento no final. Quando fizemos, os outros não tiveram a mesma qualidade dos titulares. O Douglas contribuiu para o time, o Larry desequilibrou como sempre, o Fischer, enquanto teve fôlego, jogou muito bem. O Gui, dentro do que se pode esperar dele, foi muito bem, marcou bem o Marcelinho. Isso faz parte, elenco, revezamento… Fizemos um jogo bom, lutamos, a torcida participou legal. Mas o Flamengo mereceu a vitória”, analisando a partida.

“O time está precisando do melhor de cada um. O Mosso jogou muito mal, ao contrário da partida anterior. O André contribuiu, mas ainda não está pronto para assumir a responsabilidade. O Alex não entrou mal, mas ele cansa rápido, pois tem um problema sério de garganta. Como o Jeff não foi bem, se tivéssemos um jogador que entrasse bem como o Mosso entrou lá em São José, poderia ter sido diferente. Tentamos com o Gaúcho o jogo inteiro, mas ele não produziu nada! Faz parte… Com tudo isso, perder de dois pontos do Flamengo… Como diz nosso amigo Jordan, não existe derrota bonita nem vitória feita. Mas foi uma derrota digna, lutando dentro de nossas limitações”, sobre o revezamento.

“Se jogarmos contra Tijuca como jogamos hoje, certamente sairemos com a vitória”, prognóstico para sábado.

“A gente tentou usar da psicologia, da nossa experiência. Eu pedi dois tempos no segundo quarto, troquei o time e levamos 18 a 0 [na verdade, foi 20]. No intervalo, tive mais tempo para trabalhar melhor, pensar no revezamento. Mesmo assim, chegou o final e o time cansou. A gente tem que chegar com o time como chegou no último quarto, mas era um adversário de categoria. Não é demérito perder para o Flamengo. Alguns mostraram qualidade, mas não tivemos reposição à altura e faz parte…”, explicando como a bronca no intervalo surtiu efeito até o time cansar.

“A Liga das Américas ser em casa já é uma vantagem. O Interligas será, provavelmente, oitenta por cento em Buenos Aires. Mas a viagem é tranquila até São Paulo, mais duas horas de voo até Buenos Aires. Melhor do que ir até Joinville, Brasília, Belo Horizonte, Vila Velha… Então, a sequência de jogos pode até cansar, mas vai nos dar uma bagagem que os outros times têm – aqui vimos jogadores do Flamengo que decidiram o Pré-Olímpico por Argentina e Brasil. E quase que pedi o Marcelinho e o Caio Torres emprestados, porque estavam descansando no banco e a gente precisando de jogadores…”, brincou sobre a sobra de talentos dos cariocas, após analisar a maratona que vem pela frente.

FISCHER

“É o tipo de jogo que foi perfeito, um ótimo clima para jogo de basquete, só faltou ganhar. Conseguimos conquistar esse espaço no basquete nacional, tanto que o Flamengo vem e a gente se sente na obrigação de ganhar. O Flamengo é uma baita equipe, sai um jogador e o do banco entra melhor, eles têm muitas opções. É difícil jogar contra um time assim. Foi lamentável porque tínhamos que resgatar a derrota para Joinville, que pra mim ficou muito marcada”, analisou o camisa 14.

“É um momento especial, em que temos que saber conciliar jogos fora de casa e longas viagens. Voltamos, já encaramos o Flamengo, agora vem Tijuca, jogo duro, depois tem confronto direto com o Paulistano… O desafio é grande, estamos sabendo responder a momentos adversos, recuperamos no terceiro quarto depois de perder o ritmo no segundo. Mas vamos seguir em frente, vamos planejar jogo a jogo”, comentando a maratona de jogos que já começou.

“Eles fizeram o papel deles de reclamar. A arbitragem agiu certo, teve uma postura boa”, minimizando a confusão no final, quando o auxiliar técnico do Flamengo e o armador Fred quase partiram para a briga.

KAMMERICHS

“As partidas nunca são iguais. Eu tenho que apoiar a equipe na defesa, o ataque não é minha prioridade. Estou anotando pontos, é verdade, não pensava em marcar tantos pontos quando cheguei, mas devido à generosidade dos companheiros, fui encontrando meu lugar e ajudei a equipe a ganhar a partida”, avaliou seu desempenho e a vitória.

“O ambiente é muito lindo, é um dos ginásios com melhor ambiente. A torcida perto e animando a equipe todo o tempo. Bauru é um grande time, é um dos mais importantes da competição e por isso a vitória valia muitíssimo para nós. Foi muito difícil”, elogiou os guerreiros dentro da quadra e nas arquibancadas.

Kammerichs fez a diferença no jogo - e ganhou a simpatia da galera depois dele

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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