Foi um jogo de nervos. Digno de uma final. Poderia ter menos blablablá, é verdade, mas faz parte de uma decisão. O mais importante, entre tanto falatório entre jogadores e arbitragem, é que na quadra o Paschoalotto Bauru fez valer sua superioridade, ao vencer o Paulistano por 81 a 76 na abertura o playoff decisivo do Campeonato Paulista. Assim, o Dragão segue invicto em jogos decisivos na Panela, nesta temporada. Se seguir assim, leva o caneco. Atitude, raça, sangue frio, houve tudo na vitória bauruense. Assim, faltam duas vitórias para acabar o nó na garganta da galera. Nesta terça, também às 20h, tem mais um round na Caverna do Dragão.
O jogo
A partida começou com um bom sinal: Gui Deodato, confiante, de cara emplacou duas infiltrações. Do outro lado, entretanto, Dawkins não descuidou. Bem marcado por Larry Taylor, o outro gringo, Holloway, passou despercebido no primeiro quarto, que foi de Lucas Tischer, com nove pontos e a garra de sempre. Aos gritos de “O Pilar é nosso!”, o ex-guerreiro errou bandeja fácil e, no contra-ataque, Fernando Fischer fez linda bola de três no estouro do cronômetro, para desgarrar um placar que vinha apertado: 18 a 14.
O segundo período começou amarrado, um lá e cá de ataques desperdiçados. Até que veio uma cravada de Tischer daqui, duas bandejinhas de Pilar de lá, uma linda assistência de Andrezão para Murilo completar. Novo chute de Fernando Fischer levantou a galera. Mas o time da capital, um carrapato de roupa vermelha, sempre ali… Tanto que foi para o vestiário na frente, 30 a 31 (parcial de 12 a 17), e a torcida ensaiou uma vaia…
… que virou aplauso, no intervalo, quando foi exibido para a galera o troféu do terceiro lugar na Liga Sul-Americana. Na quadra, os visitantes voltaram melhor, com Dawkins atento abrindo mais quatro pontos. Atentos também na marra, os boleiros dos Jardins não deixaram o trio de arbitragem em paz. Falam muito, Gustavinho e cia. Depois de um primeiro tempo zerado, Ricardo apareceu no jogo, com bola de três, jampezinho certeiro e chamando a torcida, que acendeu a 3min do fim e empurrou o time, que virou o placar com duas bolaças de Barrios, abrindo a maior vantagem na partida até então (nove pontos). No fim das contas, o Paulistano diminuiu, mas foi uma boa fração (28 a 22), com os guerreiros entrando no momento decisivo na frente: 58 a 53.
Hora da verdade. E foi duro de ver Renato Carbonari matando mais uma bola de três. Só que Larry devolveu. Mas os vermelhos viraram, de tanto falar com a arbitragem, de tanto catimbar. A torcida deixou de lado o carinho com Pilar — nem tinham vaiado lance livre do camisa 17 — e mandou tomate cru para o Eclético. Quando Cérsar errou dois lances livres na hora certa, o Dragão não desperdiçou a chance de retomar a frente do placar, que teimou em trocar de lado, até que Barrios, de novo ele, ô mãozinha certeira, guardou mais uma do perímetro… “Quem é que manda aqui???”, vibrou Murilo. Inacreditavelmente, na jogada seguinte, o craque do time errou uma bandeja fácil e Dawkins, no contra-ataque, mandou de três. A cabeça já estava quente com a arbitragem, aí veio a comemoração vistosa dos americanos do Paulistano e o tempo esquentou atrás do banco visitante. Quando o jogo recomeçou, Ricardo Fischer chamou a responsabilidade e, com duas infiltrações decisivas, decidiu a sofrida vitória, finalizada com excelente atuação da defesa, que não deixou Holloway e César chutarem com folga. Ufa, a porteira abriu.
Abre aspas
“Falaram de pressão, por causa das três derrotas, mas não tem nada disso. Foram dois jogos do Paulista com desfalques e o do NBB foi atípico, estávamos pensando na Sul-Americana. É muito bom começar a decisão com o pé direito, mas isso não é nada ainda. Amanhã tem mais”, disse Ricardo Fischer, o herói da partida, com todos os seus 19 pontos no segundo tempo.
“É complicado. Fico impressionado que na Sul-Americana a gente nem vê o árbirtro. É triste isso, eles tiverqam uma sequência muito alta de lances livre. Mas a gente tem que ganhar mesmo assim, passar por cima disso tudo”, comentou Fernando Fischer, que celebrou o retorno à Panela. “O clima é muito bom. Ainda estou com o cansaço da viagem, mas ver essa galera empurrar… E bom é ganhar jogo que está valendo”.
“A vitória vai dar muita confiança para o time no segundo jogo. Sobre essa rivalidade, não nos afeta. Já foi Franca, São José… A temporada é longa e acontece muita coisa, mas agora é a hora da verdade. Nós temos um elenco melhor e mais experiente. O trabalho do Gustavinho é excelente, mas a gente sente que eles vêm para o jogo para tirar nosso foco. Antes, estávamos pensando em outro campeonato. Agora, o time está focado”, falou Guerrinha, que admitiu que o NBB, agora, fica em segundo plano.
Números
Ricardo Fischer: 19 pontos, 5 rebotes, 7 assistências
Lucas Tischer: 14 pontos, 6 rebotes
Murilo Becker: 12 pontos, 9 rebotes
Larry Taylor: 11 pontos, 7 rebotes
Fabian Barrios: 11 pontos (3/4 nos chutes de três!)
#tamojunto
Houve uma longa conversa entre Guerrinha e alguns torcedores. É que o tom das críticas subiu nas redes sociais após o tropeço ma semi sul-americana e o treinador também se manifestou. No fim das contas, o teor do papo foi conciliatório, afinal, os dois lados querem a mesma coisa, o título paulista.
No grito?
É lamentável que a partida tenha sido pautada pelas reclamações, com dedo na cara do árbitro e tudo e nenhuma falta técnica… É a segunda vez que o Paulistano vem a Bauru nesta temporada com a mesma tática, ganhar na marra. Desta vez, não deu.
Atualizado: Paulistano alega agressão
Como me alertou o colega Rafael Placce (Jornada Esportiva e Papo com o Papa), o Paulistano emitiu nota alegando que Lucas Tischer teria agredido Kenny Dawkins no corredor dos vestiários. Resta saber se essa história terá desdobramentos. Essa hostilidade que se criou entre Bauru e Paulistano, aliás, é algo que não dá pra entender e que não faz bem nenhum para o espetáculo.
Atualizado 2
O Bauru Basket emitiu nota de esclarecimento negando a agressão e lamentando as atitudes provocativas de Dawkins, Mineiro e César.