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Quem é quem no futebol brasileiro: balanço dos pontos corridos

Por Arthur Sales

A era dos pontos corridos modificou a organização dos clubes no Brasil. Melhor planejamento e regularidade passaram a ser premiados e, enquanto antes da nova fórmula era muito difícil fazer prognósticos, agora podemos tentar escolher os cinco, seis candidatos sem dar um total tiro no escuro. No Brasil, existem no mínimo 12 grandes equipes (quatro paulistas, quatro cariocas, duas mineiras e duas gaúchas) que em uma fórmula de mata-mata podem crescer e faturar o caneco. Nos pontos corridos, a situação é outra e o que já se pode enxergar nesses oito anos de disputa (estamos prestes a conhecer o nono campeão dos pontos corridos) é que alguns desses grandes se consolidaram entre a real elite do futebol brasileiro:

Os seis melhores ano a ano desde os primeiros pontos corridos

2003 2004 2005 2006
1º Cruzeiro  Santos Corinthians São Paulo
2º Santos Atlético Paranaesnse Internacional Internacional
3º São Paulo São Paulo Goiás Grêmio
4º São Caetano Palmeiras Palmeiras Santos
5º Coritiba Corinthians Fluminense Paraná
6º Internacional Goiás Atlético Paranaense Vasco
2007 2008 2009 2010
1º São Paulo São Paulo Flamengo Fluminense
2º Santos Grêmio Internacional Cruzeiro
3º Flamengo Cruzeiro São Paulo Corinthians
4º Fluminense Palmeiras Cruzeiro Grêmio
5º Cruzeiro Flamengo Palmeiras Atlético Paranaense
6º Grêmio Internacional Avaí Botafogo

São Paulo, Internacional e Cruzeiro são os mais regulares desde 2003. O Tricolor tem seis aparições no top 6, ficou de fora em 2005 (ano do título da Libertadores) e no ano passado. Inter e Cruzeiro têm cinco aparições, ficaram apenas três vezes fora do top 6. Nesse período, além da regularidade no Brasileirão, o Inter trouxe duas Libertadores para casa.

No segundo pelotão do futebol brasileiro, na era dos pontos corridos, aparecem Santos, Grêmio e Palmeiras. Destaque para o Alvinegro praiano, que além de ter quatro presenças no topo da tabela, conquistou uma Copa do Brasil e uma Libertadores.

Flamengo, Corinthians e Fluminense estiveram entre os seis melhores em três ocasiões e foram campeões da Copa do Brasil. Outro que esteve três vezes na parte de cima da tabela foi o Atlético Paranaense.

O Goiás, que está na Segundona, apareceu em 2004 e em 2005, enquanto Paraná, Avaí, São Caetano e Coritiba tiveram seus 15 minutos de fama com uma aparição. Vasco e Botafogo que ressurgem de dois anos para cá, também chegaram no top 6 uma vez nos últimos oito Brasileiros.

Número de presenças no top 6:
6  São Paulo (+ 1 Libertadores)
5  Internacional  (+ 2 Libertadores) e Cruzeiro (+ 1 Copa do Brasil)
4  Santos (+ 1 Libertadores + 1 Copa do Brasil), Grêmio e Palmeiras
3  Fluminense (+ 1 Copa do Brasil), Flamengo  (+ 1 Copa do Brasil), Corinthians  (+ 1 Copa do Brasil), Atlético-PR
2  Goiás
1  Vasco (+ 1 Copa do Brasil), Botafogo,Paraná, Avaí,São Caetano e Coritiba

São Paulo, incontestável
O São Paulo é o grande clube brasileiro da era dos pontos corridos, quando não ganhou estava ali e, quando não esteve ali, é porque estava lá, em Yokohama, conquistando o mundo. Nunca terminou um Brasileiro, desde 2003, na metade de baixo da tabela.

Internacional, o segundo
O Inter segue a mesma linha do São Paulo, sempre com bons times, com um pequeno desvio de rota em 2007, quando foi o 11º. Lembrando que o Inter foi o único brasileiro duas vezes campeão da Libertadores nesse período.

Palmeiras e o jejum de títulos
Santos, Grêmio, Palmeiras, Corinthians, Flamengo e Fluminense são os outros grandes que fazem bem o seu papel, nem sempre estão por lá, o que é absolutamente normal em um cenário com muitos outros fortes adversários – a oscilação é inevitável. Se analisarmos que o Palmeiras esteve tantas vezes entre os seis melhores quanto Santos, mais do que Corinthians, Flamengo e Fluminense e MUITO mais do que o Vasco (esses todos já puderam gritar É CAMPEÃO de 2003 para cá), é de se estranhar que o Alviverde esteja tanto tempo sem ganhar nada. Estar entre os seis melhores do Brasil significa ter uma equipe de respeito que faz frente a qualquer outra do país e da América do Sul. Ou falta sorte e competência na hora de decidir ou o extracampo atrapalha muito os jogadores do Palestra. Se tiver que escolher uma, fico com a segunda.

A verdade sobre os Atléticos
O maior Clube Atlético do Brasil é o Paranaense, não o Mineiro. O Furacão vira e mexe esta aí, foi vice em 2004, chegou à final da Libertadores em 2005 e foi quinto colocado no brasileiro do ano passado. Tudo bem que briga diretamente com o Galo para não cair em 2011, mas isso não é nenhum absurdo, e diga-se de passagem já aconteceu com o Alvinegro em 2005. Além do rebaixamento em 2005, o Alético Mineiro não tem sequer uma presença entre os seis melhores do país desde que a era dos pontos corridos começou. É um time que se consolida ano a ano como não-força do futebol brasileiro, apesar da apaixonante torcida.

Arthur Sales é estudante de Jornalismo da Unesp/Bauru, colaborador da webrádio Jornada Esportiva e edita o blog Doente 91

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As injustiças do Brasileirão

A seção ‘Fala, universitário!’ ganha mais um colaborador. E ele traz bons elementos para afirmar que, apesar de justos, os pontos corridos sofrem com agentes externos. Confira!


Por Arthur Sales Pinto*

A fórmula dos pontos corridos é unimidade nos quesitos justiça e estímulo à organização dos clubes, mas mesmo assim está longe de ser perfeita. A justiça nos pontos corridos está contida na igualdade de desafios que um time precisa enfrentar ao longo da competição, todos os times enfrentam todos, os confrontos são os mesmos e, ainda assim, em situações normais, sem alteração de tabela, essa igualdade já não é plena. Os melhores exemplos estão nas rodadas finais, um time que briga pelo rebaixamento vai vender a derrota muito mais caro do que quando já estiver rebaixad – vantagem de quem o confrontar depois. O mesmo vale para um candidato ao título, à vaga na Libertadores, etc.

Quando a tabela é alterada, a situação é semelhante. Na data original do jogo, uma equipe pode estar em melhor ou pior fase do que na data da remarcação, beneficiando ou prejudicando seu adversário em relação aos que enfrentaram o primeiro na sequência correta. Por isso, a mudança de datas deve ser evitada ao máximo, o que não ocorreu na última rodada do brasileiro.

O Santos foi liberado pela CBF de disputar ontem o clássico contra o Corinthians sob o argumento de não aguentar a maratona de jogos. Muito talvez se deva à escolha do time da Vila pelo Pacaembu – em detrimento do Morumbi – como palco do jogo decisivo da Libertadores. A medida compromete duas vezes o campeonato. O confronto com o Corinthians será agora apenas em agosto, quando o contexto será outro. O Santos poderá estar mais forte ou mais fraco – o time do Parque São Jorge idem – e a tabela será sempre contaminada com o jogo a menos tanto de um como de outro. Por outro lado, o jogo entre Corinthians e São Paulo também será prejudicado com as duas semanas de descanso do Timão. Se o problema era a Libertadores, faria mais sentido abdicar de todos os jogos do Brasileiro até que a participação do Peixe na competição continental se encerrasse.

Seleção desfalca clubes
Outra injustiça são as convocações para as seleções, tanto a principal como a sub-20. Com o calendário do Brasileirão coincidindo com o de competições internacionais, alguns times serão muito prejudicados com a ausência de seus atletas.
Analisando o quadro ao lado, fica claro que Santos e São Paulo são os mais prejudicados, se levarmos em conta o peso dos atletas que perdem. Elano, Paulo Henrique, Neymar e seus possíveis substituos (Felipe Anderson e Alan Patrick) pelo Santos; Lucas, Casemiro e Henrique, pelo São Paulo. Prejuízo total para a dupla San-São. Por essas, e algumas outras, o Brasileirão passa longe da justiça.

* Arthur Sales Pinto é aluno do segundo ano de Jornalismo da Unesp Bauru e edita o blog Doente 91