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Uma estrela a brilhar

Marcelo Ricciardi relembra o time que conquistou a Europa e o mundo há quase 20 anos

Por Marcelo Ricciardi

O nome é um dos mais lindos que um clube poderia ter: Crvena Zvezda. Ou Stella Rosa, ou Red Star. Porém, aqui é conhecido como Estrela Vermelha, o mais famoso time da Sérvia. Pudera, afinal trata-se do maior campeão nacional – incluindo na conta os títulos iugoslavos, antes do desmembramento do país. É também o único campeão da Liga dos Campeões e Mundial naquele território historicamente tão turbulento.
Mihajlovic, Jugovic e Savicevic. Quem acompanha um pouco de futebol internacional a partir do final dos anos 1980 deve saber de quem se tratam. Por mais que seja fácil confundir com qualquer Fulanovic ou Sicranovic, tão comuns por aqueles lados, tratou-se de uma geração marcante, prejudicada pelas guerras civis que estouraram no começo da década seguinte. Prosinecki, por exemplo, jogaria a Copa de 1998 pela Croácia. Lembrando que a alcunha “brasileiros da Europa” foi dada a eles, cujo principal estádio, onde o Estrela manda suas partidas, é carinhosamente chamado de “Marakana”.

As ambições de conquistar a Europa começaram a tomar forma com título iugoslavo na temporada 1987/88, quando Stojkovic – para muitos, o grande craque do país na história – ainda fazia parte do elenco. A conquista valeu a vaga na antiga Copa dos Campeões (hoje liga dos Campeões) em 1988/89, que até então fazia jus ao nome, sendo disputada tão só e somente pelo melhor de cada federação. Após despachar o Dundalk, da República da Irlanda, na 1ª fase, o time parou no Milan, que terminaria como vencedor daquela edição.

Restou para 1989/90 a Copa Uefa, perdida nas oitavas para os alemães do Colônia. Outra vez campeão iugoslavo, uma nova tentativa ocorreria em 1990/1991. Na época, era mais raro ver os principais valores de países periféricos partirem para as economias mais fortes. Além disso, o sistema de mata-matas e a menor proporção de italianos, espanhois e alemães davam mais espaço para certas zebras. Sem contar que os clubes ingleses ainda continuavam suspensos dos torneios continentais.

Primeiro, vieram Grasshoppers, da Suíça (1 a 1 em casa e 3 a 0 fora), e Rangers, da Escócia (3 a 0 em casa e 1 a 1 fora), o que garantiu um intervalo de inverno, entre novembro e março, ansioso para o que viesse na primavera. Nas quartas, o duelo foi com o último campeão da extinta Alemanha Oriental, o Dinamo Dresden (dois triunfos, por 3 a 0 em casa e 2 a 1 fora). Nas semifinais é que o bicho pegou, frente ao Bayern de Munique.

Através do site O Gol você encontra os links para o You Tube dos compactos de todas as partidas. E, melhor ainda, com narração no idioma deles! Vale a pena conferir a empolgante vitória em solo bávaro por 2 a 1, de virada, no jogo de ida, com cerca de quinze mil sérvios no estádio rival. Fora ainda admirar o espetáculo proporcionado pela fumaça e sinalizadores tanto nas partidas dentro como fora de casa.

O empate por 2 a 2, que garantiu a presença na decisão, foi mais do que dramático. Também histórico, com a classificação vindo em um gol contra aos 45 do segundo tempo, o que deve ter feito Belgrado tremer mais do que qualquer bombardeio. A final, em Bari-ITA, infelizmente não foi à altura. Os alvirubros e o Olympique, de Marselha-FRA, pouco quiseram arriscar e só os pênaltis definiram um inédito campeão após 120 minutos sem gols.

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Junto com o Steaua Bucareste-ROM (também Estrela, segundo a tradução) em 1985/86, são os únicos ganhadores vindos da Europa oriental. E, como os romenos, levaram ainda o título intercontinental no Japão. Já sem três de suas principais estrelas, casos do goleiro Stojanovic, do meia Prosinecki e do atacante Binic, o time contou com um jovem Jugovic, 22 anos e autor de dois gols, para superar o Colo Colo-CHI por 3 a 0. Comandando os sul-americanos, estava Mirko Jozic, conterrâneo campeão mundial sub-20 por seu selecionado em 1987.

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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