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Vitinho Jacob: “Queremos jogadores com espírito vencedor”

Canhota 10 entrevista diretor Vitinho Jacob, que conta como será o planejamento para a próxima temporada

A hora em que a maioria descansa é quando ele mais trabalha. Os próximos dias serão intensos para o diretor técnico Vitor Jacob, o Vitinho, o homem que capta patrocinadores e negocia com jogadores. Sua correria diária dá formato e suporte ao time que vai em busca de novas conquistas na próxima temporada. O Canhota 10 falou com Vitinho, que, claro, não adiantou nomes de reforços — até porque o sigilo por parte da diretoria será muito importante para concretizar negociações –, mas traçou o perfil dos atletas pretendidos pelo Dragão. Ele ainda avaliou o último ciclo e deu um panorama do que vem pela frente, deixando clara a importância da formação de atletas e revelando que irá sim pleitear uma vaga na Liga Sul-Americana. Confira resultado do papo:

Com o título paulista: missão cumprida. Foto: Jair Orti
Com o título paulista: missão cumprida. Foto: Jair Orti

Balanço da temporada
“Começamos a temporada com ajustes, a chegada do Murilo, do Fabian… Nosso objetivo principal era um título e ele veio, como retorno para a equipe, cidade e patrocinadores, um gás que a gente precisava. Fizemos uma Sul-Americana maravilhosa, a meu ver vale mais ou está no mesmo nível de satisfação do Paulista. Foi um campeonato muito disputado, tivemos chance de ir para a final, mas o terceiro lugar foi honroso, custoso e valeu muito a pena. No NBB, no início teve aquela bagunça com o Paulista, quando jogadores não atuaram, depois Murilo e Larry se lesionaram, alguns até relaxaram emocionalmente e a equipe fez um primeiro turno muito irregular, o que nos valeu uma classificação que nos fez trombar com o Flamengo e culminou com a eliminação. Eu fiz um balanço com os jogadores: Paulista e Sul-Americana fantásticos, mas no NBB poderíamos ter ido mais longe, tínhamos time para ficar entre os quatro. O time está cada vez mais carismático, abraçado pela cidade e pela região, torcedores no país todo, e uma evolução muito grande nas mídias sociais, com retorno para os patrocinadores.”

Wesley Sena irá compor o elenco 2014/2015. Foto: Caio Casagrande/Bauru Basket
Wesley Sena irá compor o elenco 2014/2015. Foto: Caio Casagrande/Bauru Basket

Categorias de base
“Ano passado, decidimos começar a formar atletas de ponta,trazendo jogadores com passagem pela Seleção e o André Germano, que era coordenador da Seleção. Quando começamos a traçar esse plano, percebi que tínhamos poucos profissionais em Bauru nas áreas de educação física, assistente técnico e treinador. Então, junto com a vinda do Germano, trouxemos o Jhonatan, que se especializou no exterior e tem uma bagagem muito boa, o Ewerton, que jogou com a gente e se formou em educação física, como o Ferrugem também. A ideia é também formar e capacitar profissionais. A temporada da base começou em janeiro, está indo bem, mas temos dificuldade para encontrar quadras para treinar. A ITE tem ajudado, mas poderíamos estar fazendo um trabalho bem maior se tivéssemos mais quadras à disposição. A base é um projeto de médio a longo prazo, mas já está dando frutos, com três atletas na Seleção. A ideia é subir pelo menos um a dois meninos por ano para o adulto. O Wesley Sena é uma das grandes promessas da categoria, tem um potencial físico e técnico enorme, mas ainda veio muito cru. Falta trabalhar, lapidar. A gente imagina que, treinando com o Mathias e os outros pivôs na pré-temporada, vamos dar uma injeção para ele estar preparado para o Paulista.”

Formação de árbitros
“Eu tenho um desafio pessoal, para a próxima temporada, de trabalhar também na formação de árbitros e mesários. Não é nosso escopo, nossa obrigação, mas no que for possível ajudar a Liga, a Federação, a liga regional, vamos ajudar.”

Patrocinadores
“A Paschoalotto é um contrato a longo prazo e a grande maioria dos outros patrocinadores será conversada a renovação. Também estamos com um trabalho de captação de novos patrocinadores.”

Hudson será o treinador no início da temporada. Foto: Jair Orti
Hudson será o treinador no início da temporada. Foto: Jair Orti

Campeonato Paulista 2014
“No Paulista, teremos o Hudson como treinador e o André Germano como assistente. Vai ser um desenvolvimento legal para a carreira deles e para o clube também. O Guerrinha vai supervisionar de longe*, mas vai ser legal para o Hudson trabalhar como head coach. Vamos montar a equipe com os meninos da base, para compor o adulto, junto com aqueles que não estiverem na Seleção. Nossa saída precoce do NBB nos permite um planejamento melhor da pré-temporada, mas a Seleção pode atrapalhar. Acho que Ricardo e Larry devem ser convocados. Se o Murilo também for, perdemos nossa espinha dorsal. Imagine se convocarem o Fabian para a seleção argentina? Aí complica de vez… A ideia é montar um time o mais forte possível. O Paulista é prioridade sim, mas também não vamos sacrificar o NBB, porque a temporada é longa. Se gastarmos bala no começo, vai faltar lá na frente.”
*nota do editor: Guerrinha irá passar os meses de agosto e setembro na Espanha, acompanhando o trabalho técnico do Gran Canaria.

Montagem do elenco
“Quando se faz um investimento que fizemos na base, temos que dar oportunidade para esses meninos. Até para não atrapalhar a motivação deles. A ideia é montar o elenco com um número reduzido de adultos e complementar com meninos do sub-22 e do sub-19. Nesse sentido, certamente não virão cinco nomes para repor os cinco que saíram.”

Perfil dos reforços
“O basquete hoje é muito físico. Os jogadores que estão no nosso planejamento têm boa condição física, são competitivos e querem títulos. Podem ser jovens ou mais rodados, desde que tenham espírito vencedor, gostem de trabalhar forte, porque serão cobrados. Vamos trabalhar bastante para aumentar a pegada do time, porque a exigência física é muito forte.”

Vaga na Sul-Americana
“A princípio não temos essa vaga. Existe uma chance mínima de um convite, é uma questão de interesse da Abasu e da Fiba de ter Bauru no campeonato. Vamos trabalhar forte por essa possibilidade.”

Fernando Fischer
“O Fischer é uma pessoa fantástica, foi muito importante para o time e será um nome sempre lembrado. Eu construí uma amizade com ele e foi uma dificuldade enorme tomar essa decisão em conjunto. Mas acho que existe um ciclo e o dele teve começo, meio e fim. Temos gratidão pelo envolvimento dele dentro e fora da quadra. É um cara muito competitivo e, até por isso, ficou difícil a permanência dele, que quer sempre jogar 40 minutos e ser principal jogador do time. É um perfil que não dá pra apagar dele, que tem que buscar isso, tem capacidade, é um dos melhores arremessadores do Brasil e tem muita lenha pra queimar. Mas no nosso ciclo acabou ficando desgastado e o time precisa se reciclar. Não dá nem pra dizer se é uma decisão certa ou errada, mas precisava ser tomada. Deixando a emoção de lado, pensamos racionalmente. Só temos a agradecer e deixar as portas abertas dentro e fora da quadra.  Ele tem muito a crescer com outra experiência, outros caminhos. Mas estará sempre no coração de Bauru e merece todas as homenagens que puderem ser feitas. A dedicação que ele teve pelo clube foi ímpar e ele está marcado na história de Bauru.”

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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