Está terminando a espera. Logo o Dragão estará em quadra novamente. O Campeonato Paulista começa no dia 25 de julho e na próxima segunda-feira inicia-se a preparação do Paschoalotto Bauru. Para comentar esse trabalho inicial e os objetivos para a temporada, o Canhota 10 conversou com o preparador físico da equipe, Bruno Camargo. O profissional, com passagens por Rio Claro e Minas, tirou dúvidas importantes e comentou sobre a carga de treinos, item polêmico no fim da última temporada.
Já foi dito que o foco será o NBB 8 e a Liga das Américas, com o Mundial sendo a primeira prova de fogo. A preparação do elenco, de fato, será poupando no Paulista? Ou haverá jogos-chave, como Limeira, em que o time principal estará em quadra?
“Não encaramos como poupar e sim, não sobrecarregar. Quando falamos em esporte de alto rendimento, todo campeonato é almejado e tem seu valor, com isso a expectativa aumenta. A temporada de um clube paulista é sempre mais longa e desgastante comparando com equipes de outros estados, portanto, entendemos — diretoria e comissão técnica — e definimos não recorrer à equipe completa no início do Paulista, permitindo um rodízio e uma mescla entre os mais e menos experientes, já que a base também é encarada com seriedade no projeto Bauru Basket. O Campeonato Paulista é muito disputado e almejado pela sua história e tradição. Podemos dizer que é um ‘mini NBB’. A prioridade é aumentar nosso período de preparação sem a obrigação de participar efetivamente com a equipe principal. Sendo assim, utilizaremos o Paulista com parte da nossa preparação. Claro que em um momento de playoffs não vejo problemas em utilizar com mais frequência a equipe completa. Jogar é muito importante, afinal ‘treino é treino e jogo é jogo’. E títulos sempre são bem-vindos, é gostoso ganhar.“
Jefferson e Murilo irão usar o Paulista como ferramenta para pegarem ritmo de jogo? Terão uma programação especial?
“A participação de um determinado jogador no Paulista será dependente de uma série de fatores que analisaremos ao longo do processo, respeitando as condições físicas e atendendo às necessidades individuais e coletiva sem pular etapas de uma preparação adequada. Portanto, ainda é cedo para dizer qual jogador especificamente será mais ou menos utilizado. Até mesmo o Jefferson, devido à grave lesão,temos que respeitar as etapas da recuperação e tudo vai depender da evolução física e, o principal, ele sentir-se seguro e confiante para desenvolver suas ações. Sem dúvida nenhuma ele não vê a hora de voltar a jogar e o Paulista será fundamental para complementar sua recuperação.“
Qual a estratégia para uniformizar a condição física de um elenco com datas de apresentação diferentes?
“Será um início muito semelhante à temporada passada e continuará nas próximas, até porque temos e teremos sempre jogadores na Seleção Brasileira nesse período. É um quebra-cabeças, mas temos um grupo experiente, com lastro fisiológico (histórico de treinamento), o que facilita deixar o grupo homogêneo e apto para jogar. Mas é necessário cautela. Com relação aos selecionados, mantenho contato com os preparadores físicos da Seleção para obter informações que me ajudam muito na volta ao clube. Quando retornarem, vamos avaliar as capacidades físicas com todo aporte laboratorial e tecnológico, através da parceria estabelecida com o laboratório de fisiologia do exercício LAFIDE, da Unesp, com supervisão do docente Alessandro Zagatto.“
O que o elenco sub-22 ganha, fisicamente falando, com mais minutos no time principal?
“Ganham muito em todos os aspectos, é uma oportunidade única que terão. Especificamente no físico, as ações e a dinâmica com que os jogos acontecem no adulto são muito diferentes, os contatos são mais vigorosos contra jogadores já maturados e ‘malandros’. Isso promoverá adaptações físicas que só o treinamento não proporciona. Sentirão a diferença entre base e profissional e isso é importante para o desenvolvimento.“
Guerrinha comentou que o Ricardo ganhou muita massa magra na última temporada. Como trabalhar o objetivo específico de cada jogador?
“Tudo é dependente dos testes. Através dos parâmetros fornecidos, identificamos as condições e assim traçamos um plano de ação. Mapeamos o atleta de acordo com as necessidades, seja composição corporal e parâmetros de performance (velocidade, resistência, salto) dentro de uma capacidade evolutiva de cada indivíduo, além de fatores como posição, idade, histórico e característica de jogo. O Ricardo surpreendeu positivamente, os ganhos dele foram fantásticos, por ser muito novo e ainda muito a desenvolver.“
Acho importante dar a você, assim como o Guerrinha já respondeu, a oportunidade de comentar as contestações sobre a quantidade de treinos do time na reta final da temporada passada.
“O calendário esportivo em modalidades de caráter coletivo demanda alto número de competições e consequentemente viagens longas. Importante ressaltar que bauru, geograficamente, é uma cidade distante de São Paulo. Nem sempre temos a oportunidade de partir ou chegar em Arealva, por exemplo. Até mesmo viagens por terra dificultam muito a logística, o que torna o processo mais desgastante. Na temporada passada, realizamos 84 jogos. Isso acarreta um desgaste físico, mental e emocional considerável, portanto, reduzir o número de treinamentos se faz necessário, já que em determinados momentos a qualidade deve ser maior do que a quantidade. Isso não significa que não treinamos. Treinamos sim e a dinâmica em treinar um período aconteceu praticamente a temporada toda, em semanas que antecederam momentos decisivos. Infelizmente, perdemos o NBB, talvez por isso tenha se questionado. Em todos os títulos conquistados, treinamos um período apenas. Atualmente, é uma estratégia muito utilizada, não podemos comprometer a recuperação dos atletas, além de que não se pode correr riscos de lesões. Manter o atleta em quadra é muito importante, ele fora é prejuízo para todos. Com toda certeza continuaremos na próxima temporada adequando e ajustando de acordo com as necessidades.“
Fotos: Divulgação Bauru Basket e Arquivo pessoal