Ah, os números…
(Texto publicado na coluna Canhota 10 do jornal Bom Dia Bauru de 8 de julho de 2010)
Inicio a coluna com a mesma frase da semana passada: números ajudam a entender o futebol. Apenas entender, pois esse esporte não prima pela exatidão, como o Uruguai provou nas quartas, superando Gana de forma inacreditável. Mas, definida a grande final da Copa do Mundo, um passeio pelos dados (oficiais da FIFA) trouxe alguns pontos interessantes para imaginar como será o duelo de 11 de julho.
Vendo o estilo jogo da Espanha, parece ser um time que cisca, cisca e pouco finaliza. Melhor olhar direito. É o time que mais chutou a gol no Mundial: 103 vezes – a Holanda, 80. Como explicar, então, os míseros sete gols em seis partidas da Fúria? A pontaria. Apenas 39% foram no rumo da baliza – os da Laranja, mais eficientes, 51% e média de dois gols por jogo.
O preciosismo Espanhol foi bem ilustrado pelo incrível gol que Pedro perdeu contra a Alemanha, na semifinal de ontem. Como não passou aquela bola para Fernando Torres, livre? La Roja abusa do toque de bola. Foram exatos 3.387 passes, 81% deles certos – o time de Van Bommel, 72%. Tantos toques a ponto de os súditos do rei Juan Calos sempre se aproximarem da área adversária e, consequentemente, ficarem pouco em impedimento (foram apenas seis vezes no torneio – os súditos da princesa Máxima, 24 vezes!).
A Holanda é famosa por atuar com pontas. Deduz-se, então, que vai muito à linha de fundo, certo? Foram 87 cruzamentos na área adversária – a Espanha, entretanto, centrou 146 vezes (68% a mais). Os holandeses sempre foram elogiados pelo futebol solto e ofensivo, mas insuficiente para ganhar uma Copa. Pois eles aprenderam a endurecer o jogo. São a seleção mais faltosa e mais punida com cartões na África do Sul: 98 infrações e 15 amarelos – os espanhois são os segundos que menos fizeram faltas (62), receberam apenas dois cartões e foram os que mais apanharam (106 vezes).
Como pode notar, pelos números a Fúria pode fazer suco da Laranja. Um chocolate técnico, de poucos gols e muitos toques de efeito – principalmente nas tabelas entre Xavi e Iniesta. Mas a Holanda não joga como a Alemanha. Os comandados de Vicente Del Bosque atacam com perigo com poucos jogadores, isto é, sem se expor ao contra-ataque (a arma alemã). Os herdeiros de Cruyff dependem muito do estilo cadenciado de Sneijder e, para tanto, obrigarão os espanhois a um jogo aberto, lá e cá. Garantia de bom jogo para o público.
Ah! As duas seleções nunca se enfrentaram em Copa do Mundo e, em toda a história, foram apenas oito confrontos, que derrubam o baile espanhol das estatísticas desta Copa: quatro vitórias da Holanda, três da Espanha… Que venha o domingo, que vença o melhor. O futebol já saiu vitorioso.
2 respostas em “Laranja x Fúria”
Com tantos números assim, já vou te apelidar de “o Mauro Beting do Interior”! hehehe
Mas brincadeiras à parte, esses números que vc coloca bem quebra várias colunas publicadas por aí, derruba vários comentaristas e programas esportivos.
Se bem que, mesmo apesar dos números a favor da Espanha, acho que a Holanda leva essa. A Espanha iniciou a semifinal com 6 jogadores do Barça, mas falta ali um tal de Messi…
Muito legal conhecer estes números todos… mas não tenho preferido neste jogo. Que vença quem jogar mais bonito :)