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Gocil Bauru perde para o Flamengo na estreia do NBB, mas ganha novas peças

Dragão perde para o Flamengo após duas prorrogações, mas desempenho de peças novas anima

retranca-bauru-basket(Direto da Panela) Ainda bem que a linha editorial do meu chefe, aquele narigudo que vive de camiseta laranja, desobriga-me a descrever o jogo. Senão, eu teria a ingrata missão de relatar como foram os 50min de bola em jogo: abriu vantagem, virou, infiltrou, de três, virou de novo, agora vai, não foi… Deixemos isso pra quem publicou o texto quentinho, minutos após o fim da partida. Eu preciso respirar, digerir a doideira que foi essa partida de abertura do NBB 9, a derrota do Gocil Bauru Basket para o Flamengo por 100 a 97, após duas prorrogações.

Até parecia o primeiro jogo da temporada, que nenhum dos times havia disputado seu respectivo estadual. O aro foi bem judiado, principalmente na metade inicial da partida. O Flamengo se virando como podia por causa dos desfalques, tendo que usar seus garotos. E o Dragão se reinventando com a bola em jogo, com as recentes mudanças do elenco. Foi um jogo fraco, de muitos erros, mas a emoção acabou compensando.

Qualquer um poderia ter ganho, aliás, mas creio que a quantidade de violações do Bauru (29, contra 13 dos rubro-negros) ajudam a explicar a derrota na estreia — juntos, Shilton (oito), Hett (seis) e Jé (cinco) foram responsáveis pela maioria desses erros. Acho até melhor entender o revés dessa forma do que culpar a arbitragem. Nunca gostei de comentar sobre a turma do apito, se encontrá-los na rua não sei quem são. Hoje, alguns erros saltaram aos olhos, irritaram os bauruenses, mas segue o jogo. Continuarão errando, então é melhor que os guerreiros acertem mais.

Enfim, eram times longe do 100%. Bauru, pelo entrosamento. Fla, pelos desfalques e condição física — Marquinhos estava morto na segunda prorrogação. Se ficaram devendo em qualidade, ofereceram o que se espera até o fim: emoção e competitividade. Certamente, brigam pelo G-4.

O próximo compromisso do Dragão será contra o Macaé na terça (8/nov), às 20h, na Panela.

Alex, o interminável, disputa bola com Marquinhos, que cansou
Alex, interminável, cerca Marquinhos, que cansou
Gegê: boa estreia
Gegê: boa estreia

GUI E GEGÊ
O técnico Demétrius disse ao Canhota 10 que iria usá-los em situações pontuais. Mas a dupla chegou chegando. No calor do jogo, as coisas foram acontecendo e eles foram ficando em quadra. Muitas vezes, um procurando o outro. Como esperado, o Batman foi ovacionado pela galera, que vibrou muito com sua primeira cesta. Já Gegê ganhou coro (“Olê, olê, olê, olê, Gegê, Gegê…”), a princípio para provocar Ricardo Fischer, mas ele fez por merecer cada aplauso e já caiu no gosto da galera.

Gegê é inteligente, raçudo e eu já paguei língua, pois havia dito que preferia dar espaço para Gui Santos — que, aliás, não ganhou um minutinho sequer. Com Valtinho ainda buscando o ritmo ideal, o camisa 19 deve seguir com o maior tempo de quadra na armação.

Jaú incomodou muito enquanto esteve em quadra
Jaú incomodou muito enquanto esteve em quadra. Fotos: Luiz Pires/LNB

VALE APOSTAR NA MOLECADA
O problema não é só do Bauru, mas do basquete brasileiro. Estão chamando jogadores de 25 anos de promessa e adiando a entrada de garotos. “Não está pronto”, é sempre isso que se ouve… E quando nos deparamos com os 4min categóricos que o ala-pivô Gabriel Jaú fez nessa tarde, é pra pedir mais, dar corda para o moleque. Em sua primeira bola, recebeu bola em contra-ataque, voou rumo a cesta sem nem se importar com quem o marcava e só foi parado com falta. Dizem que o camisa 25 é tão sangue nos olhos que os adultos reclamam de sua marcação nos treinos. Se Teichmann vem ou não, não sei. Eu sei que Jaú pode ser a resposta para essa necessidade na posição 4 — tanto que merecia ter atuado mais, muito mais. Maicão também.

ricardo-fischer-flamengo-bauru“MERCENÁRIO”
Foi o que gritou a galera para Ricardo Fischer, que acabou não jogando por estar se recuperando de uma lesão muscular. Ele mesmo esperava essa hostilidade, pela forma conturbada como saiu — apesar de dizer, em entrevistas, que é somente pelo fato de ter ido para um rival. Na arquibancada, a galera querendo que o DJ tocasse Ludmilla…

Acompanhando o grito, notas de dinheiro com o rosto do camisa 5 estampado (em destaque nas imagens que registrei, ao lado). Um torcedor mostrou a ele no fim do jogo. O armador deu risada, levou na boa, ainda por cima postou nas suas redes sociais e tirou um sarrinho. Que bom. Essa irreverência, de ambos os lados, faz bem ao esporte. E, no fundo, ninguém ignora os quatro anos de ótimos serviços prestados pelo Ligeirinho, tampouco que é craque de bola. Mas agora está do outro lado, vida que segue.

ABRE ASPAS

Falei com Gegê, o estreante da tarde:

 

Gui Deodato comentou a emocionante tarde de reencontro:

 

Demétrius avaliou a partida, a molecada e o desempenho de seu novo armador:

 

NUMERALHA

Vale destacar que os estatísticos se equivocaram. Gegê está com apenas dois pontos e fez pelo menos cinco, que eu me lembre. Ricardo Fischer, que não entrou em quadra, aparece com 5s jogados! Mas, são números oficiais, seguem:

Alex: 30 pontos, 6 rebotes, 5 assistências e fôlego para mais três prorrogações
Gui Deodato: 21 pontos, 4 rebotes, 2 assistências, 2 roubos, 1 toco e uma reestreia animadora
Hett: 11 pontos, 9 rebotes, 5 faltas
Jé: 11 pontos, 5 rebotes, 5 faltas
Meindl: 9 pontos, 6 rebotes e apenas 20% dos pontos que tentou
Shilton: 5 pontos, 5 rebotes, 2 assistências, 5 faltas
Jaú: 4 pontos, 1 rebote e deixou uma ótima impressão
Gegê: 2 pontos, 6 rebotes, 5 assistências e 34min em quadra!
Valtinho: 2 pontos, 3 rebotes
Maicão: 2 pontos

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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