“Evento simpático, com casa cheia, entusiasmo, semblantes alegres entre os atletas. Se há algo de bom no basquete brasileiro, é a vontade da Liga Nacional de Basquete em acertar. Falta muito, mas a LNB faz o que nunca foi feito, tem visão estratégica, paga preço alto por insistir na exclusividade global, mas é inevitável que colha frutos – um Tiago Leifert e uma transmissão ao vivo para todo o Brasil têm um impacto imensurável.”
Foi o que escrevi após os desafios da sexta à noite no fim de semana do Jogo das Estrelas, em Franca. Estava encantado com a transmissão do Sportv, o clima do ginásio, o show que os jogadores deram na quadra. Pelo material divulgado pela Liga e pelo relato de jornalistas que estiveram em Franca, a organização extra-quadra estava redondinha, com loja, visitas e eventos para as estrelas interagirem com a comunidade.
Até aí, tudo ok. A decepção foi exatamente no momento alto da festa. A transmissão do Jogo das Estrelas ao vivo pela Globo, para todo o Brasil. Como escrevi em minha coluna no BOM DIA, o leigo em basquete que parou para ver o jogo continuou sem saber o que era o Novo Basquete Brasil. Tudo se resumiu a um show comandado por Tiago Leifert que usou o Pedrocão como auditório. Munido de piada velha – passou o tempo todo tentando convencer a torcida a aplaudir Nezinho, o mesmo mote do ano passado – o apresentador do Globo Esporte cumpriu o papel daquilo que acredita, que o entretenimento é mais importante do que a informação no esporte.
Eu já defendi a tentativa de aparecer na poderosa Globo para dar visibilidade ao campeonato e principalmente aos times. Mas, com uniforme padronizado, não se viu na tela platinada as logos de Itabom, Vivo, Cia do Terno, Unitri, Ceub, etc… Não se importaram em informar o que é o NBB, em que pé está a competição, quem lidera, quem são os times, quem já ganhou. Nenhum gráfico sequer… Aparecer na tela da Globo uma vez por ano para dar mais valor às micagens de Tiago Leifert interessa tanto assim?
Que fique claro: o evento foi maravilhoso, a Liga está de parabéns. O que estragou foi a Globo. Revi a partida em VT do Sportv e tudo ok, como tem que ser, sem firulas.
A audiência foi fraca e a Globo, a exemplo do evento de 2011, perdeu no Ibope para os desenhos animados do SBT. A grande chance de visibilidade é a final em jogo único. Vejamos que tratamento será dado ao evento. Será passado na íntegra ou entrecortado por matérias do Esporte Espetacular? Uma pena a Band não ser mais o “canal do esporte”. O melhor lugar para o NBB seria numa TV aberta que se comprometesse a exibir o campeonato, rodada a rodada. E, claro, seguir na TV fechada, que é o lugar dos esportes suprimidos pelo futebol. O público do basquete é pequeno, mas é seleto. Tem potencial consumidor. Vale a pena investir nesse esporte. E visibilidade há: no Sportv e principalmente na imprensa de cada região envolvida com o campeonato.
Nada do que Leifert fez espanta porque há uma frase do diretor de esportes da Globo, Luis Fernando Lima, repetida pelo presidente da LNB, Kouros Monadjemi, que diz tudo: “Não me interesso pelo público que gosta de basquete. Mas pelo que não o conhece ainda”. Daí vem aquela transmissão didática ao extremo (“são quatro períodos de dez minutos”) para ensinar o esporte, mas que ignora os times que ralam para sobreviver e passam o chapéu em busca de patrocinadores. Se pelo menos os bolsos dos clubes estivessem cheios, as piadinhas de Tiago Leifert teriam um pouco mais de graça.