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Fluminense campeão brasileiro 2010

Com Conca e Muricy, o Tricolor conquista o Brasil um ano depois de fugir heroicamente do rebaixamento

(Textos originalmente publicados na revista Tributo Esportivo Edição Extra 8, da Editora Alto Astral)

COMO TINHA QUE SER!
Antes de a última rodada começar, já havia uma sensação tricolor no ar; no fundo, todos sabiam que o Flu merecia esse caneco mais do que os outros

É um primeiro tempo para esquecer, roer as unhas. Se é para deixar o torcedor nervoso, um porém: os jogadores estão ainda mais nervosos em campo. A bola queima nos pés e o rebaixado Guarani parece um gigante. O principal adversário, entretanto, está dentro de cada craque tricolor. As chances se reduzem a uma furada de Emerson, aos cinco minutos; um chute de Gum sobre a zaga, aos nove; um cabeceio de Fred aos 27. Mas faltava aquela última bronca de Muricy Ramalho.

No segundo tempo, a agonia demora 16 minutos. Nenhuma chance clara de gol aparece até que Carlinhos cruza, Washington tem seu cabeceio desviado na zaga e o sheik Emerson surge fulminante no rebote para balançar a rede. O Guarani, a partir daí, assume sua condição de coadjuvante, assistindo à festa dentro do campo. Começa uma contagem regressiva na galera tricolor para aplaudir, pela derradeira e mais empolgada vez do ano, seus guerreiros.

Sim, muito guerreiros! O elenco campeão brasileiro de 2010 é praticamente o mesmo que se livrou do rebaixamento no ano anterior. Se, em 2009, o jeitão emotivo de Cuca deu o tom da arrancada tricolor, Muricy Ramalho trouxe seu histórico de três títulos brasileiros. O discípulo de Telê Santana, ídolo pó-de-arroz, pode agora ser chamado de Mestre Muricy. Desde 2005, quatro taças e um vice. Esse, sim, é fenômeno.

Quando Carlos Eugenio Simon apita o final da partida, o argentino Darío Conca completa seu 38º jogo. Nunca um craque do campeonato jogou tanto. Parabéns, Flu!

Malas sem alça
Para falar o bom português, as discussões sobre malas brancas, entregadas, pontos corridos versus mata-mata, etc, encheram o saco! Tantas palavras soltas que, de uma forma ou de outra, parecem desqualificar o merecido título do Fluminense. Formadores de opinião se concentram nas últimas partidas, como se a oitava rodada fosse menos decisiva. Vale três pontos do mesmo jeito… Olhar o Brasileirão de forma recortada é não entender os pontos corridos — e consequentemente sugerir o retrocesso: a volta do mata-mata.

Ora! Falemos do impressionante Muricy Ramalho, quatro vezes campeão brasileiro em cinco anos. De Darío Conca, craque do início ao fim do campeonato. Da inesgotável safra brasileira de talentos, este ano produtora de Lucas (ex-Marcelinho), Dedé, Diego Maurício, o goleiro santista Rafael, o matador colorado Leandro Damião…

Não é questão de tapar o sol com a peneira. Os cartolas continuam aí, cada vez mais amadores e incompetentes na gestão financeira dos clubes — muitos deles mendigando antecipação das cotas de TV. Mas o suor do jogador, legítimo, não pode nunca ser desprezado. E o suor tricolor foi o recompensado desta vez. Simples assim.

Foto da homepage: Photocamera

Por Fernando Beagá

Mineiro de Ituiutaba, bauruense de coração. Jornalista e mestre em Comunicação pela Unesp, atuou por 16 anos na Editora Alto Astral, onde foi editor-chefe e responsável pela implantação e edição das revistas esportivas. É produtor de conteúdo freelancer pelo coletivo Estúdio Teca. Resenhou 49 partidas da Copa do Mundo de 2018 para Placar/Veja. Criou o CANHOTA 10 em 2010, a princípio para cobrir o esporte local (ganhador do prêmio Top Blog 2013), e agora lança olhar sobre o futebol nacional e internacional.

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